Uma organização terrorista precisa de dinheiro para funcionar, à imagem de qualquer outra organização. Dinheiro para financiar operações, pagar salários aos operacionais, gerir campos de treino, comprar armas, explosivos, meios de transporte e equipamento. Ora, isto custa muito dinheiro e os recursos necessários ao financiamento diferem de organização para organização.
Por exemplo, organizações como o Hezbollah, o Hamas ou, mais recentemente, o Estado Islâmico (EI) precisam de muito mais dinheiro do que uma organização terrorista dita “regular”. Sustentam sistemas sociais, religiosos, políticos e económicos, e, como tal, têm necessidades de financiamento bastante elevadas para manter as populações sob a sua autoridade ou influência. Além dos salários dos operacionais activos e membros das facções militares e políticas, os dirigentes têm também de canalizar elevadas verbas para a construção e manutenção de habitações, escolas, hospitais e organizações de apoio social – incluindo, nalguns casos, a gestão e manutenção de entidades governamentais, como um banco central ou instituições e sistemas judiciais, transporte e segurança interna.
Apesar das despesas elevadas, os vastos recursos financeiros das organizações terroristas mais poderosas asseguram-lhes importantes vantagens, que exploram para aumentar a sua força e influência. Exemplo disso é a forma como certos grupos terroristas usam o dinheiro disponível, mantendo o seu poder militar e recrutando novos elementos. De acordo com um relatório do Conselho de Segurança das Nações Unidas, publicado no início de 2017, o EI não só gratificou os seus operacionais generosamente como usou os seus vastos recursos de financiamento para expandir e recrutar novos operacionais.
O EI, até muito recentemente a organização terrorista mais rica do mundo, pagava o dobro do salário médio de outras organizações terroristas. Um combatente da Al-Shabaab ganha um salário médio de cerca de 24 euros, ao passo que um operacional do EI ganha mais 33%, isto é, cerca de 32 euros. Já um operacional que tenha família pode receber até três vezes mais, ou seja, cerca de 65 euros. Estes valores são anteriores à crise financeira que afectou o EI, na sequência da qual a organização foi obrigada a cortar e a atrasar o pagamento dos seus operacionais, que, perante as dificuldades, se viram obrigados, em muitos casos, a procurar um “segundo emprego” para equilibrar as finanças.
Assim como conquistou amplo apoio e reconhecimento global nos tempos de bonança, também poderá vir a perder muitos dos seus apoiantes em diferentes países muçulmanos devido aos actuais problemas financeiros. Mesmo assim, o EI é ainda uma das organizações terroistas mais poderosas e mais ricas do planeta. Conheça as outras nove na edição de Março, já nas bancas