O termalismo em Portugal é uma atividade dinâmica, com cerca de 48 espaços em exploração, com maior incidência geográfica no norte e centro. Este setor foi particularmente afetado pela pandemia de COVID–19, tal como os ginásios, os SPA e outros similares, e segundo João Pinto Barbosa, secretário-geral da associação Termas de Portugal, entre 2020 e 2021, as termas estiveram encerradas durante 179 dias, o que significou quase seis meses sem receitas.
“Não temos os números de 2022 fechados, mas acreditamos que os números finais vão estar um pouco abaixo dos de 2019, talvez 15%. Para 2023, temos expectativa de recuperar o que perdemos durante a pandemia. As primeiras semanas do ano já demonstram claramente essa tendência”, refere.
Há, no mercado nacional, duas abordagens ao termalismo: a mais clássica, terapêutica, e a mais turística, mais incidente na vertente do bem-estar, existindo uma diversidade de players, o que significa que não há um modelo de negócio único.
Num ano de atividade normal, ou seja, como 2019, o setor gera receitas, apenas na atividade de termalismo, ou seja, numa vertente de tratamentos médicos e de bem-estar, um volume de cerca de 14 milhões de euros.
“Se consideramos aqui a atividade económica gerada indiretamente, sobretudo em zonas de baixa densidade, como a hotelaria, a restauração, o comércio local e outras atividades, estamos a falar de cerca de 24 milhões de euros. Ou seja, este é o volume de negócios da economia do termalismo”, explica João Pinto Barbosa.
As termas em Portugal estão em dois segmentos distintos. Por um lado, existe o mercado dos clientes que procuram tratamento para patologias crónicas, como o reumatismo, as doenças respiratórias, as alergias, e esse mercado corresponde a cerca de 30% dos utilizadores. Mas como público é o que permanece mais tempo, entre 12 a 14 dias, é o que corresponde à maior fatia das receitas: mais de 70%.
“Pretendemos posicionar as termas como polos de promoção de saúde e de estilos de vida saudável”
“Anualmente o número de técnicas termais aplicadas ronda o milhão e 100 mil”, especifica João Pinto Barbosa. O outro segmento, o do lazer e bem-estar, que equivale a 70% dos clientes, apresenta menos de 30% do volume de negócio, já que este cliente fica em média duas noites. É uma procura mais familiar, de casais entre os 35 e os 55 anos, que gostam de combinar o lazer com produtos de maior valor acrescentado como piscinas, massagens, saunas, tratamentos estéticos e ainda atividades outdoor.
Apesar de ainda subsistir a ideia de que o termalismo é destinado para um público senior, a verdade é que, segundo esta associação, o segmento que mais está a crescer, em termos terapêuticos é o das crianças e jovens, procuradas devido às alergias de pele e das vias respiratórias.
Aposta no mercado espanhol
“Pretendemos posicionar as termas como polos de promoção de saúde e de estilos de vida saudável, e estamos a trabalhar para que possam ser vistas como um destino turístico predominante exterior, de ligação à natureza, complementada com outras práticas de bem-estar que promovam o equilíbrio, como a atividade física, a alimentação saudável, a estética. Tudo isto já é possível encontrar em pacotes estruturados”, explica o secretário-geral. Adianta ainda que o setor está a tentar acrescentar valor à sua oferta, organizando-se, restruturando o produto para lá do tradicional, e que tenta agora marcar posição nos mercados internacionais, onde a dificuldade em entrar é grande.
O mercado europeu é muito forte no termalismo, existindo cerca de 1.400 termas. Mercados como a França, a Espanha, a Itália, a Alemanha, a Hungria, a região do Báltico são uma competição fortíssima. “Um dos nossos objetivos é a internacionalização deste setor.
Portugal não é percecionado como um destino termal preferencial, porque tem, do ponto de vista de imagem, outros atributos, como sol e praia, golfe, Lisboa, Porto, Douro, Madeira e todos os fluxos de turismo são canalizados para estes destinos”, diz João Pinto Barbosa.
A associação está a trabalhar no sentido de atrair mais turistas para as termas a partir do mercado espanhol, onde também há muita apetência para este produto.
Outro mercado que tenta atrair é o dos emigrantes portugueses e luso-descendentes, na França, na Alemanha e na Suíça, para que façam férias de verão nestes locais e acabem por passar palavra junto dos nacionais destes países.