Enquanto se aguarda o encerramento do estudo Happiness Works de 2025 e a respetiva análise dos resultados do estudo de 2025, parece-nos interessante revelar estes dados.
Um dos eixos analisados no estudo Happiness Works 2024 foi a relação entre o tempo de permanência na organização e o nível de felicidade percebido.
Os dados revelam um padrão claro: colaboradores com menos de um ano de casa tendem a apresentar níveis de felicidade mais elevados, reflexo do entusiasmo inicial e das expectativas de crescimento. Contudo, após os dois primeiros anos, verifica-se uma ligeira quebra na perceção de felicidade, que estabiliza gradualmente nos grupos com mais de cinco anos na empresa.
Este fenómeno pode refletir a influência de fatores como a ausência de progressão na carreira, falta de reconhecimento contínuo ou desgaste nas relações internas. Por outro lado, colaboradores que permanecem mais de cinco anos e mantêm elevados níveis de felicidade apontam como principais fatores a confiança na liderança, o alinhamento com os valores da empresa e a autonomia na função.
Estes dados reforçam a importância de políticas de onboarding estruturado, planos de desenvolvimento contínuo e ciclos regulares de feedback — elementos-chave para manter o engagement e a felicidade a médio e longo prazo.
Respostas Qualitativas: A voz dos colaboradores
Para além da leitura individual das respostas abertas, foi realizada uma análise temática sistematizada, com categorização dos conteúdos por frequência e relevância.
As categorias mais citadas foram:
- Reconhecimento e valorização espontânea (27%)
- Espírito de equipa e relações de confiança (23%)
- Falta de escuta e liderança distante (19%)
- Comunicação ineficaz ou ausente (14%)
- Desejo de progressão e desenvolvimento (9%)
Momentos felizes foram frequentemente descritos em torno de marcos coletivos (atingir objetivos, eventos internos, integração de novos colegas), enquanto os momentos difíceis revelam padrões de frustração causados por falhas na comunicação ou ausência de reconhecimento.
As sugestões de melhoria reforçam a importância da escuta ativa, maior proximidade da liderança e transparência nos processos internos.
“O melhor momento do ano foi quando a minha equipa superou uma meta que parecia inalcançável. Sentimo-nos vistos e valorizados.”
“A falta de escuta por parte da direção criou um ambiente de frustração que se podia ter evitado.”
Apesar de limitações nos dados qualitativos, a análise exploratória aponta para alguns padrões recorrentes:
- Momentos felizes associam-se a conquistas em equipa, reconhecimento espontâneo e relações de confiança.
- Momentos difíceis são frequentemente ligados a falta de comunicação, liderança ausente e desrespeito por limites pessoais.
- Sugestões de melhoria passam por uma liderança mais presente, feedback mais regular e políticas de bem-estar mais autênticas.
“O melhor momento do ano foi quando a minha equipa superou uma meta que parecia inalcançável. Sentimo-nos vistos e valorizados.”
“A falta de escuta por parte da direção criou um ambiente de frustração que se podia ter evitado.”
Do Diagnóstico à Ação: Recomendações para CEOs e Diretores
- Medir para transformar: Use ferramentas científicas como o questionário Happiness Works, para avaliar a felicidade regularmente.
- Formar lideranças empáticas: A liderança é o principal vetor de impacto positivo ou negativo.
- Valorizar a escuta ativa: A participação e o feedback estruturado são aliadas da produtividade.
- Alinhar discurso e prática: Políticas de bem-estar e sustentabilidade devem ser autênticas e coerentes.
Conclusão
A análise dos dados revela uma correlação relevante entre o tempo de permanência na organização e a perceção de felicidade, com impacto direto na retenção de talento. Colaboradores que mantêm níveis elevados de felicidade ao longo dos anos tendem a demonstrar maior estabilidade, confiança e alinhamento com a cultura da empresa.
Este insight é particularmente valioso num contexto de escassez de talento, permitindo às organizações identificar momentos críticos da jornada do colaborador e atuar preventivamente com políticas de reconhecimento, desenvolvimento e escuta ativa.
A felicidade organizacional não é um luxo, é uma estratégia. Em tempos de transformação digital, burnout e escassez de talento, as empresas que colocam o bem-estar e a felicidade no centro da sua cultura são as que vão liderar o futuro do trabalho.
Fonte: Dados do estudo Happiness Works 2024, Portugal. www.happinessworks.pt
Guilhermina Vaz Monteiro,
Co-fundadora do estudo Happiness Works