Num contexto em que a mobilidade urbana é redefinida todos os dias, Pedro Agapito lidera a Telpark com uma visão clara: transformar a experiência do utilizador na cidade, desde o estacionamento inteligente até à gestão integral do tempo e do espaço. A Forbes conversou com o CEO que define com clareza qual o rumo do futuro do estacionamento… e da mobilidade.
A Telpark deixou de ser uma operadora de estacionamentos para se tornar um ecossistema de mobilidade urbana. O que implicou essa transformação e como impacta hoje as cidades e os utilizadores?
A transformação foi profunda. Passámos de pensar em metros quadrados de estacionamento para criar espaços urbanos com propósito. Passámos de gerir parques de estacionamento para criar hubs de mobilidade multimodal que oferecem carregamento elétrico, cacifos, partilha de carros, zonas de última milha, lavagem ecológica ou Telpark Shop. Esta evolução permite-nos responder às novas necessidades urbanas, contribuir para a descarbonização das cidades e facilitar a vida dos cidadãos que se deslocam todos os dias. A Telpark torna-se um parceiro estratégico para as cidades e a sustentabilidade do presente e do futuro.
Como é que a vossa visão de “facilitar a vida das pessoas, criando possibilidades de forma simples e intuitiva” se traduz em decisões operacionais e estratégicas do dia a dia?
A nossa visão funciona como o nosso GPS estratégico ou um roteiro que orienta as nossas decisões. Cada ação, desde o design da experiência do cliente até ao desenvolvimento tecnológico, procura eliminar atritos e trazer utilidade real. Aplicamos essa lógica em tudo: na integração de serviços na aplicação, na acessibilidade dos nossos espaços, na forma como implementamos soluções sustentáveis. Trata-se de pensar sempre no que melhora a experiência das pessoas. Somos uma empresa de mobilidade, mas acima de tudo somos uma empresa centrada nas pessoas.
Para além dos indicadores financeiros, como define o sucesso nesta nova etapa da Telpark?
Para nós, sucesso é impacto. É ver como um serviço tão quotidiano como estacionar se transforma numa experiência intuitiva, útil e conectada com o ambiente urbano. É saber que estamos a contribuir para uma mobilidade mais sustentável, para soluções tecnologicamente inovadoras, para cidades mais habitáveis, para clientes mais satisfeitos. É também o orgulho de sermos reconhecidos como uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Espanha. Essa é uma métrica de sucesso que mostra como cuidamos do talento enquanto transformamos o negócio.
Que visão de liderança está a promover num ambiente tão dinâmico como o da mobilidade urbana?
A minha abordagem de liderança baseia-se em valores como transparência, confiança e responsabilidade. Com uma orientação clara para o cliente, para os resultados e para o legado que a empresa deixa na sociedade. Acredito numa combinação única de visão estratégica, rigor financeiro e sensibilidade operacional para enfrentar os desafios do presente e construir o futuro.
Hoje, as organizações precisam de menos burocracia e mais agilidade. É por isso que promovemos uma cultura de colaboração transversal, autonomia nas equipas e uma estrutura organizacional mais fluida, onde as ideias circulam e são ativadas rapidamente. Liderar é capacitar, não controlar. É criar o ambiente para que o talento possa crescer e contribuir com impacto.
Que lições da sua etapa como CFO aplica hoje à frente da empresa?
A minha etapa como CFO deu-me uma visão completa do negócio, mas, acima de tudo, ensinou-me a ouvir com dados e a decidir com contexto. Hoje, coloco em prática essa combinação de análise e foco operacional para antecipar oportunidades, gerir riscos e garantir que os nossos investimentos estejam sempre alinhados com o nosso plano. Entender bem os números é essencial, mas também é fundamental compreender a quem eles servem e que impacto queremos gerar com eles.
A Telpark foi reconhecida como uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Espanha. O que está por trás dessa conquista e o que torna a vossa cultura corporativa diferente?
O que nos diferencia é que construímos uma cultura alinhada com o que dizemos e fazemos, uma cultura viva e coerente. Apostamos na liderança empática e mobilizadora, em metas desafiadoras que motivam, em impulsionar o talento e o desenvolvimento orientado para gerar impacto real. Além disso, promovemos o reconhecimento entre as equipas e criamos espaços de participação ativa. Tudo isso gera envolvimento e orgulho de pertencer.
Que tipo de talento procuram incorporar e que qualidades valorizam além do currículo?
Procuramos pessoas curiosas, proativas e comprometidas com uma visão mais ampla da mobilidade. Pessoas que entendam que o seu trabalho tem um impacto no ambiente e na experiência de milhares de pessoas. Valorizamos perfis que tragam diversidade — não apenas cultural ou geracional, mas também de pensamento — e que se sintam à vontade para trabalhar de forma ágil, para além dos limites tradicionais dos departamentos. Pessoas que sabem colaborar além das suas funções tradicionais e agregam valor em projetos transversais, com autonomia e visão global. O talento que procuramos é aquele que se adapta, propõe e contribui com ação e cooperação.
Como estão a utilizar a inteligência artificial (IA) e a análise preditiva para personalizar serviços e antecipar necessidades?
Hoje, a Telpark gere mais de 5,5 milhões de utilizadores digitais. O uso avançado de dados permite-nos conhecê-los melhor e antecipar os seus comportamentos. Desenvolvemos uma arquitetura baseada num data warehouse próprio que, combinado com inteligência artificial, nos ajuda a personalizar serviços, otimizar a ocupação dos parques de estacionamento e melhorar a tomada de decisões operacionais em tempo real. A IA não substitui a experiência, potencia-a. Aplicamos IA na experiência do utilizador, na geração de preços dinâmicos ou na melhoria contínua das nossas operações.
A vossa evolução inclui serviços como carregamento elétrico, cacifos ou partilha de carros. Como é que estes novos serviços se relacionam com as necessidades reais dos cidadãos?
Cada um desses serviços responde a uma necessidade específica de mobilidade urbana: sustentabilidade, conveniência, flexibilidade e eficiência. Não os concebemos como produtos isolados, mas como parte de um ecossistema que deve funcionar de forma integrada e simples para o utilizador. Queremos que um único espaço possa oferecer múltiplas soluções, que os nossos hubs urbanos se conectem com o dia a dia das pessoas. É isso que transforma um parque de estacionamento num facilitador da vida urbana.
O que o motiva pessoalmente nesta nova função como CEO e que legado gostaria de deixar na Telpark?
Motiva-me a possibilidade de liderar uma mudança com impacto. A Telpark tem o potencial de transformar a forma como nos deslocamos, e isso tem um efeito direto na forma como vivemos. O legado que gostaria de deixar é o de uma empresa que soube antecipar-se, que ouviu o ambiente, que se transformou sem perder a sua essência e que foi capaz de crescer de forma sustentada, cuidando das suas pessoas, dos seus clientes e das cidades em que opera.
Este artigo foi produzido em parceria com o a Telpark.