Wearables, dispositivos médicos, sensores ambientais, captura de vídeo e outros equipamentos interligados e combinados com tecnologia Cloud (como computer vision, machine learning ou simulação) permitem-nos uma acessibilidade fácil e imediata a um sem número de informações.
Mas na visão de Werner Vogels, Chief Technology Officer na Amazon.com, durante este 2023 vamos assistir a uma avalanche de inovação que marcará o próximo ano.
Democratizar tecnologias digitais no desporto
Ligas de topo, como a Bundesliga e a NFL, começaram a utilizar transmissões de vídeo, wearables, sensores IoT, e outras funcionalidades, para análises e insights em tempo real, mas olhando para o futuro, estas capacidades continuarão a avançar, e as tecnologias tornar-se-ão uma força omnipresente em quase todos os desportos e a todos os níveis.
“Imagine um cenário em que um treinador pode utilizar a visão por computador e dados biométricos que são analisados na cloud, em tempo real, para avisar um jogador antes que ele tenha cãibras ou sofra um golo, substituindo-o pelo colega de equipa mais bem posicionado. Isto agora é mesurável, simultaneamente melhora a segurança do jogador e aumenta a competitividade do jogo. O mundo do desporto está atualmente à beira da maior revolução que alguma vez foi registada, e as tecnologias da cloud estão no centro desta mudança”, aponta este especialista.
Werner Vogels destaca o trabalho de empresas como a dinamarquesa Veo está a realizar, criando tecnologias como machine learning, computer vision, e processamento de fluxos, para reduzir o fosso digital entre atletas amadores e profissionais.
A Veo não só criou uma experiência semelhante à transmissão, mas para espectadores de desportos amadores, como também construiu uma rede neural profunda que lhe permite criar automaticamente destaques a partir de transmissões de vídeo. Isto permite aos jogadores, treinadores e recrutadores encontrar facilmente táticas chave, e partilhá-las de uma forma que antes não era possível.
Aproveitamento máximo de simulações 3D
O responsável tecnológico da Amazon destaca que as simulações vão ajudar-nos a tomar melhores decisões sobre as estradas que construímos, as formas como organizamos os nossos armazéns e as formas como respondemos a desastres.
“Com a simulação é possível espreitar o futuro para avaliar os impactos dos nossos esforços, executando inúmeros cenários de simulação que respondem às perguntas, sem termos de esperar muitos anos para ver qual é o impacto”, clarifica Werner Vogels.
Esta democratização irá inspirar uma nova onda de inovações: na arquitetura, construção, imobiliário comercial e indústrias de retalho.
A computação espacial, por exemplo, declara Vogels, “avançará rapidamente nos próximos anos a um ponto em que os objetos e ambientes 3D serão tão fáceis de criar e consumir como os seus vídeos favoritos nas redes sociais. As imagens estáticas de produtos 2D na Internet tornar-se-ão uma coisa do passado, e serão substituídas por modelos 3D que captam, rodam, e surgem nas nossas salas de estar de forma tão perfeita como se pode ver hoje em dia na web”.
Mas, prossegue o diretor da Amazon,” muito mais vai surgir, uma lâmpada virtual não será apenas colocada no chão da sua sala – poderá ligá-la e desligá-la, observar como a luz ambiente interage com o seu mobiliário virtual, em tempo real, e compreender o impacto que ela tem no seu consumo de energia. Tudo isto, antes de premir o botão ‘comprar’”.
Energia inteligente
Várias tecnologias estão em amadurecimento que irão permitir dar resposta à atual crise energética e à necessidade de acelerarmos a transição energética
Vogels refere que “o ambiente à nossa volta produz energia renovável mais do que suficiente. O desafio, na realidade, é o armazenamento e a entrega aos sistemas que consomem essa energia”.
O CTO da Amazon dá o exemplo da sua empresa que está a trabalhar num sistema de armazenamento de baterias de 150 MW, que no estado do Arizona fornece energia limpa e fiável às instalações da tecnológica nessa área.
“Imagine um navio onde as laterais são as baterias que o alimentam na sua viagem. Isto é apenas a ponta do iceberg. Estamos também a começar a assistir a avanços no armazenamento de longa duração, como sal derretido, blocos empilhados e células de combustível. Mas não fica por aqui, a tecnologia de Machine Learning será utilizada para analisar todos os dados de energia, para prever picos de utilização e prevenir falhas, através da redistribuição de energia, como por exemplo, em casa”, aponta o responsável da Amazon.
Transformação digital da logística
Segundo Werner Vogels, as fragilidades das atuais cadeias de abastecimento poderão estar prestes a mudar, podendo vir a “arrancar com o fabrico dos próprios produtos. Os sensores IoT nas fábricas vão proliferar e a Machine Learning será utilizada não só para prever falhas de máquinas, mas também para as evitar. Menos tempo de paragem significa produção consistente. O envio desses produtos para todo o mundo é um desafio completamente diferente”.
As redes digitais de transporte de mercadorias alimentadas pela cloud vão atravessar países e oceanos, e fornecer dados em tempo real que permitem às transportadoras otimizar rotas de transporte e mudar de rumo em resposta a eventos inevitáveis, tais como falhas de equipamento e condições meteorológicos.
“Encaremos isto como uma visão em tempo real sobre o estado atual e a hora de chegada das mercadorias, mas a todos os níveis da cadeia de abastecimento”, diz este especialista.
Hardware mais personalizado
“Tudo, desde os nossos computadores portáteis, aos telemóveis e dispositivos de desgaste estão a sofrer mudanças significativas com o fabrico e adoção do silício personalizado. Embora esta adoção tenha sido rápida para os produtos direcionados ao consumidor, o mesmo não tem acontecido para as aplicações e sistemas empresariais, onde o software e o hardware têm tradicionalmente ciclos de atualização mais longos. No entanto, tudo irá mudar nos próximos anos, à medida que a acessibilidade e a adoção do silício personalizado ganha espaço”, declara Werner Vogels.
“Os fluxos que as empresas estão a executar na cloud podem ser mais eficientes e mais rentáveis, se utilizarmos silício personalizado, com materiais que são construídos propositadamente para isso”, diz Vogels que cita Alan Kay, um cientista de computadores norte-americano, segundo o qual “as pessoas que levam o software a sério devem fazer o seu próprio hardware”.” E no próximo ano, as pessoas que levam o software a sério podem começar a tirar partido de tudo o que o silício personalizado tem para oferecer”, conclui Vogels.