Francisca “Kika” Veselko conquistou, esta sexta-feira, o título mundial júnior da World Surf League, num dia histórico para o surf feminino nacional. A jovem surfista portuguesa, de 19 anos, levou a melhor no dia final em San Diego, na Califórnia, EUA, para se tornar na primeira surfista portuguesa a alcançar o título máximo da categoria júnior.
Um dia final emocionante e que colocou Kika Veselko em ação frente a algumas das mais jovens talentosas surfistas do mundo.
Tudo começou com um triunfo sólido nos quartos-de-final frente à canadiana Erin Brooks, seguindo-se um duelo mais equilibrado frente à australiana Sierra Kerr, que foi decido já na reta final.
Depois de eliminar duas das mais jovens promissoras surfistas do mundo, a campeã nacional de 2021 teve pela frente na final a norte-americana Sawyer Lindblad. Apesar de a adversária estar a competir “em casa”, Kika tinha a seu favor também alguma experiência local, uma vez que já passou várias temporadas na Califórnia, de onde o pai é natural.
A Associação Nacional de Surfistas relata que o heat decisivo começou com equilíbrio, havendo depois um ascendente para Lindblad. Foi já no último terço da bateria que Kika apanhou a onda que faria toda a diferença. Com 7 pontos, a surfista portuguesa conseguiu inverter o marcador e garantir o triunfo com um score total de 12,47 contra 12,33 da norte-americana.
Após o título de Vasco Ribeiro conquistado em 2014, na Ericeira, “Kika” repete mais um triunfo para o surf nacional no Mundial Júnior da WSL. Uma vitória que deixou a jovem surfista da Linha de Cascais muito emocionada e em lágrimas logo após sair da água.
“Quero agradecer o convite e a oportunidade que me foi dada. Tinha um sentimento especial desde o início do campeonato e pensava que tudo ia correr bem. Estava confiante ao longo do campeonato. Na final caí na primeira onda, mas voltei para fora e continuei a lutar. E consegui! Quero agradecer à minha família, aos meus patrocinadores e ao meu treinador, Rodrigo Sousa”, frisou “Kika” na flash interview, antes de deixar a emoção tomar conta do momento.
Além do título mundial da categoria, “Kika” Veselko, que chegou a este evento como uma das wildcards, qualificou-se automaticamente para as Challenger Series 2023.
Após dois anos de pausa, devido à pandemia, o Mundial Júnior da WSL regressou este ano à água e logo com um triunfo português. “Kika” Veselko superou, assim, o registo de Teresa Bonvalot nesta prova, que no Mundial de 2015, na Ericeira, tinha conseguido o 3.º posto final.
O surf português tem, de resto, estado nos últimos tempos em plano de evidência, destacando-se outros dois casos: Teresa Bonvalot e Marta Paço.
Teresa Bonvalot em destaque
Nos séniores, em dezembro último, não obstante ter conseguido um honroso 3.º posto no Haleiwa Challenger, Teresa Bonvalot acabou por falhar a qualificação por muito pouco para o circuito mundial de 2023.
Se conseguisse a qualificação, Teresa Bonvalot seria a primeira surfista portuguesa a chegar à elite mundial do surf feminino.
Ainda assim, Teresa deverá garantir uma vaga de suplente para o circuito mundial do próximo ano. Algo que a poderá fazer entrar em várias etapas, em caso de lesão ou desistência de outras surfistas.
[atualizado a 19/01/2023: Teresa Bonvalot viu, na quarta-feira 18/01/2023, ser confirmada a presença no arranque de temporada do Circuito Mundial de Surf da World Surf League, que vai acontecer dentro de 10 dias no Havai. A campeã nacional beneficiou da desistência de uma das representantes da elite mundial feminina para usufruir do estatuto de primeira suplente do World Tour 2023.
A revelação foi feita pela World Surf League através das redes sociais, com Teresa Bonvalot a ser anunciada como substituta da francesa Johanne Defay, que se encontra lesionada. Dessa forma, a surfista portuguesa vai ser uma das 16 surfistas em competição em Pipeline, de 29 de janeiro a 10 de fevereiro.
Além de garantir a entrada na etapa de Pipeline, que marca a abertura da temporada, Teresa também já está confirmada para a segunda etapa do ano, que acontece em fevereiro em Sunset Beach, também no Havai.
Após as duas etapas havaianas o circuito segue para Portugal, em março, onde Teresa também poderá ter esperanças de competir. Depois, até ao cut que marca o meio da temporada, o circuito ainda passa por Bells Beach e Margaret River, na Austrália.
Caso consiga entrar em mais etapas, Teresa Bonvalot ficará com possibilidades reais de tentar discutir a presença no top 10 mundial na primeira metade da temporada e conseguir o apuramento para a segunda metade da época e, consequentemente, o apuramento para o World Tour de 2024. Além disso, uma boa posição no ranking poderá valer a Teresa uma das seis vagas olímpicas em disputa no circuito mundial deste ano].
Teresa Bonvalot ganhou o Campeonato Europeu de surf júnior em 2016, tendo-se tornado a primeira surfista portuguesa a consegui-lo. No ano seguinte, em 2017, seu último enquanto júnior, repetiu a proeza.
Em 2021 qualificou-se para os Jogos Olímpicos de Verão de 2021, em Tóquio 2020. Foi a primeira mulher a surfar ondas em Jogos Olímpicos, tendo alcançado o 9º posto naquela que foi também a primeira prova olímpica da história para a modalidade.
Marta Paço, bicampeã mundial de surf adaptado
Em dezembro último, foi a vez da jovem surfista portuguesa Marta Paço sagrou-se também bicampeã mundial ISA World Adaptative Surfing Championship, na Califórnia. Marta Paço, 17 anos, surfista de Viana do Castelo, revalidou o título de 2021 Para-Surfing ISA ao vencer a final de VI 1 para surfistas cegos no Mundial, que decorreu em Pismo Beach, Califórnia.
Com 15 pontos somados, Marta bateu na final a francesa Valentine Moskoteoc (9.2 pontos) e a norte-americana Barbie Pacheco (3.6 pontos).
Marta Paço, cega de nascença, sagrou-se campeã europeia da modalidade em 2019. Em dezembro de 2021, conquistou a medalha de ouro na classe VI1 do campeonato mundial de surf adaptado em Pismo Beach, na Califórnia, para atletas com deficiência visual. Em dezembro de 2022, renovou o título.