Numa altura em que os dados ganham cada vez mais valor, as plataformas de streaming preparam-se para ter de abrir o jogo. Um novo acordo entre os estúdios de Hollywood e os escritores exigirá, pela primeira vez, que as plataformas de streaming, como a Netflix, Hulu ou Disney+, comuniquem os números de audiência dos seus conteúdos, pondo em evidência aquilo a que os especialistas chamam de um “buraco negro” de informação que tem permitido às empresas evitar, em grande medida, justificar as decisões internas de programação.
Um novo contrato negociado entre o sindicato Writers Guild of America, que terminou a sua greve de 148 dias na passada quarta-feira, e a Alliance of Motion Picture and Television Producers forçará os serviços a informar ao sindicato quantas horas um programa foi transmitido internamente e em todo o mundo, uma novidade para uma coleção de empresas de streaming que historicamente mantiveram esta informação privada.
Apple TV+, Amazon Prime Video, Disney+, Paramount+, Netflix, Hulu e HBOMax estão entre as empresas que partilharam aquilo a que o The Verge chamou “métricas estranhas ou classificações sem sentido”, em vez dos dados reais de audiência disponíveis para canais como ABC, NBC, CBS, ESPN, Fox News, CNN e outros.
Os dados foram um ponto de atrito nas tensas negociações sindicais, uma vez que os guionistas exigiam métricas de desempenho mensuráveis que pudessem ser traduzidas em pagamentos a longo prazo enviados quando as suas séries ou filmes são repetidos ou comprados.
Durante décadas, os guionistas foram pagos sempre que a sua série ou filme era repetido em canal aberto ou na televisão por cabo, ou quando alguém comprava um DVD, mas isso deixou de acontecer nas plataformas de streaming. Os guionistas que tiveram séries populares nos serviços de streaming queixam-se de não terem sido devidamente compensados pelo seu sucesso nessas plataformas.
É possível que os números fornecidos pelos estúdios estejam sujeitos a acordos de confidencialidade e, por conseguinte, não sejam divulgados ao público, mas o WGA poderá ainda assim divulgar dados agregados.
(Com Forbes Internacional/Mary Whitfill Roeloffs)