A MicroHarvest, startup alemã de biotecnologia, anunciou hoje que fechou com sucesso uma ronda de financiamento Série A no montante de 8,5 milhões de euros liderada pela Astanor Ventures e pela Happiness Capital, que contou com a participação da sociedade de capital de risco portuguesa Faber e do investidor atual FoodLabs.
O financiamento vai permitir à startup sediada em Hamburgo crescer a sua equipa de R&D (Investigação e Desenvolvimento), construir uma fábrica piloto em Lisboa e acelerar a produção para uma escala comercial.
Depois de um ensaio piloto bem-sucedido feito este ano, irão ser feitos novos ensaios de produção em maior escala e realizados mais testes de aplicação do produto, com o objetivo de entrar no mercado em 2023.
Com o foco no crescimento da sua nova filial em Portugal, a startup tem como objetivo aproveitar a quantidade elevada de talento existente em Portugal na área da biotecnologia, seja de jovens licenciados das universidades, bem como de profissionais experientes que regressam a Portugal após vários anos de trabalho no estrangeiro, como é o caso da co-fundadora e CTO da MicroHarvest, Luísa Cruz.
Sendo Lisboa também um hub crescente de startups das áreas de biotecnologia e inovação alimentar a equipa considera que o momento é perfeito para o crescimento da startup em Portugal.
A MicroHarvest é uma startup de biotecnologia com a missão de fornecer proteínas melhores, mais saudáveis e mais saborosas, produzidas de forma sustentável utilizando o poder dos microrganismos.
Com o seu novo sistema de produção de proteína unicelular, a empresa responde à necessidade premente de alternativas sustentáveis para satisfazer a crescente procura global de proteínas. Deste modo, a empresa responde diretamente à crescente procura de ingredientes protéicos alternativos para a alimentação humana, um mercado avaliado em 14 mil milhões de dólares.
A tecnologia da MicroHarvest permite a produção de proteínas utilizando bactérias a uma velocidade e eficiência que excedem largamente as abordagens existentes.
“Ser capaz de aumentar rapidamente a produção é fundamental para se tornar num agente relevante no mercado de ingredientes B2B, permitindo a produção descentralizada de proteínas sustentáveis, nutritivas, de alta qualidade e segurança”, refere a empresa.
Startup está focada no desenvolvimento e comercialização de proteínas unicelulares produzidas a partir de resíduos agro-alimentares.
Segundo a start-up, as aplicações possíveis ao longo de toda a cadeia de valor das proteínas são numerosas – desde a alimentação animal até à aplicação direta na alimentação humana e na dos animais de estimação.
“Na MicroHarvest estamos empenhados em criar um mundo onde todos tenham acesso a alimentos nutritivos através de um sistema justo e resiliente”, afirma Katelijne Bekers, Co-Fundadora e CEO da MicroHarvest. “Estamos entusiasmados com a parceria com estes fundos eminentes. Partilhamos uma forte visão de melhorar os nossos sistemas alimentares, utilizando o poder da natureza. Juntos podemos produzir impacto à escala global, trazendo o mais rápido sistema de produção de proteínas para a comercialização”.
Ronda de financiamento Série A foi liderada pela Astanor Ventures e pela Happiness Capital e contou com a participação da sociedade de capital de risco portuguesa Faber e do investidor atual FoodLabs
Investidores explicam o motivo da aposta na empresa
“A solução da MicroHarvest está profundamente alinhada com a missão da Astanor de catalisar uma transição sustentável do sistema alimentar global. A sua abordagem inovadora à produção de proteínas pode contribuir significativamente para satisfazer a procura de proteínas num futuro (próximo) com produtos sustentáveis e nutritivos. A tecnologia permite uma produção de proteínas altamente localizada, um elemento-chave para alcançar a independência alimentar, uma vez que as cadeias de abastecimento agro-alimentar estão a enfrentar um stress crescente à escala global”, salienta Arnout Dijkhuizen, Director de Investimento da Astanor Ventures.
“Existem muito poucas startups a tentar resolver o problema da produção sustentável de proteínas em larga escala. A abordagem da MicroHarvest é de longe a forma mais fácil e escalável de produzir proteínas sustentáveis com que nos deparámos, com aplicações ao longo de toda a cadeia de valor das proteínas”, diz Christian Guba, investidor da FoodLabs. “Estamos impressionados com o que a equipa da MicroHarvest conseguiu atingir em tão pouco tempo. Como apoiantes iniciais da empresa, acreditamos firmemente que podem construir um campeão global”.
“Estamos entusiasmados por apoiar a equipa experiente, altamente empenhada e orientada para os objetivos da MicroHarvest”, acrescenta Eric Ng, CEO da Happiness Capital. “Como os vários aspetos do nosso abastecimento alimentar enfrentam hoje muitos desafios, vemos uma necessidade crítica de novas formas de produzir proteínas nutritivas de uma forma sustentável. Estamos convencidos de que a MicroHarvest irá liderar o caminho. Desde o início, ficámos profundamente impressionados com a tecnologia da MicroHarvest e com o seu caminho simplificado para a produção”.
“Estamos muito satisfeitos por ver uma startup de elevado potencial como a MicroHarvest estabelecer de forma significativa as suas operações em Portugal através do seu novo hub de R&D e fábrica piloto”, refere Carlos Esteban, Partner da Faber.
“Estamos muito satisfeitos por ver uma startup de elevado potencial como a MicroHarvest estabelecer de forma significativa as suas operações em Portugal através do seu novo hub de R&D e fábrica piloto. Como investidor sediado em Portugal, iremos apoiar da melhor forma o seu desenvolvimento no país”, afirma Carlos Esteban, Partner da Faber dedicado ao fundo especializado em deep tech para a sustentabilidade dos oceanos e ação climática, Faber Blue Pioneers I FCR, através do qual a Faber investiu na startup. “Os produtos da MicroHarvest vão ter várias aplicações, entre as quais, por exemplo, como um ingrediente para as rações de aquacultura, com muito menor impacto ambiental. Irão desta forma contribuir para tornar a indústria de aquacultura mais sustentável, o que é muito alinhado com os objetivos do fundo da Faber, o Faber Blue Pioneers, de contribuir positivamente para a sustentabilidade dos oceanos e ação climática”.