O Prémio Jovem Empreendedor, promovido pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), está de regresso, sendo que, mais uma vez, se distinguiu também uma mulher empreendedora e, desta vez, se atribuiu um prémio carreira a uma personalidade que se destaca no panorama empresarial.
Nesta edição, referente a 2023, a ANJE explica que foram premiados jovens empresários em fase de criação e expansão de negócios, projetos com caraterísticas inovadoras, disruptivos e que tragam valor acrescentado ao mercado. O vencedor do Prémio Jovem Empreendedor é a Beat Therapeutics que desenvolveu uma terapia inovadora no tratamento do cancro. A startup de saúde foi fundada em 2023 depois de um spin-off nascido da investigação realizada na Universidade do Porto. É cofundada por Ângela Carvalho, Hugo Prazeres, Lucília Saraiva, Maria José Umbelino e Lúcio Lara Santos, e apresenta uma proposta para o tratamento de cancros da mama triplo-negativos, próstata, pâncreas e ovário, caracterizados por terem uma elevada resistência à terapêutica e por baixas taxas de sobrevivência.
Questionado pela FORBES sobre qual a estratégia desenhada para esta edição do prémio, tendo em conta a conjuntura económica que se vive, o presidente da ANJE, Alexandre Meireles, começou por dizer que a entidade a que preside decidiu “apostar numa edição mais abrangente, e sem mote, de forma a alargar as áreas de projetos a apoiar”. Alexandre Meireles lembrou que a ANJE “tem vindo a enumerar o que são os problemas dos jovens em Portugal e as eventuais soluções. O emprego jovem em Portugal é mal remunerado, de baixa qualidade e pouco estável. Esta tem sido a conclusão de alguns estudos feitos”.
O presidente da ANJE sublinhou que esta circunstância “potencia a emigração de recursos qualificados, leva a um subaproveitamento de competências e põe em causa a qualidade de vida, a realização profissional e a cidadania plena dos jovens portugueses”. Além, de “comprometer o desenvolvimento do país, tanto mais que Portugal se debate com um défice de potencial humano e está num processo de envelhecimento acelerado”. É com base neste cenário que se desenhou esta edição mais abrangente.
O Prémio Carreira foi atribuído ao antigo presidente da CIP- Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, cujo percurso no mundo empresarial tem sido reconhecido. Em declarações à FORBES, Antonio Saraiva recorda que os momentos-chave da carreira enquanto líder foram três: “A liderança da comissão de trabalhadores da Lisnave nos anos 80, a compra da Metalúrgica Luso Italiana através de um MBO nos anos 90 e a liderança da CIP – Confederação Empresarial de Portugal de 2010 a 2023”.
Desafiado a deixar uma mensagem aos jovens empresários e empreendedores, António Saraiva deixou o repto para que “pensem global. Não limitem os seus objetivos a Portugal. Invistam na inovação e tenham a mente aberta para a adoção de novos processos mais eficientes e modelos de negócio inovadores. A imprevisibilidade que as tensões geopolíticas geram hoje no mundo exigem uma enorme resiliência e adaptabilidade permanente. Invistam na formação e desenvolvimento profissional”.
Muito se fala do associativismo e de se ganhar escala com a união de esforços. Questionado sobre se esta visão está enraizada no panorama empresarial, António Saraiva assume que “um dos objetivos que persegui ao longo dos 19 anos que estive na CIP, principalmente nos 13 últimos em que a liderei, foi precisamente uma maior unificação do movimento associativo patronal”. No entanto, não esconde que “não o consegui alcançar. Liderei a criação do Conselho Nacional das Confederações Patronais, o que foi um passo nesse caminho, mas um passo muito pequeno para esse ambicioso objetivo”. Por isso, sugere que “deveríamos comparar com outros países europeus, desde logo com Espanha, que têm um associativismo patronal forte porque é muito mais coeso. Os empresários têm de pugnar por esse objetivo e exigir às suas associações, quer setoriais quer regionais, que façam esse caminho”. E conclui dizendo “deixem de pensar que sozinhos vão mais depressa e saibam que juntos vão mais longe”. Sobre a atribuição deste prémio referiu que “quando reconhecem o nosso percurso e nos distinguem com um prémio, como aquele que agora recebo da ANJE é, para além de motivo de orgulho, uma enorme satisfação por ver reconhecido todo o trabalho desenvolvido e a forma como o realizei ao longo dos anos. Sendo-me entregue pela ANJE, gostaria que este reconhecimento fosse inspirador para os jovens motivando-os a alcançar os seus objetivos”.