A Merytu é uma aplicação e plataforma digital lançada em maio de 2021, atuando na área dos recursos humanos no setor da hotelaria e restauração. Esta ferramenta ajuda a identificar talento na área de hospitalidade.
Como funciona?
Do lado da empresa de turismo, ao fazer o seu registo na plataforma, tem acesso a um algoritmo que a ajudará a encontrar o perfil certo num vasto leque de profissionais, com diferentes níveis de experiência e aptos a diversas funções. Basta criar o “Gig” – o compromisso profissional – de acordo com as características que pretende e a tecnologia da Merytu faz o resto. A Merytu apresenta à empresa em poucos minutos diversos perfis prontos para assumir a atividade em causa.
Do lado do trabalhador independente (que tem de ter um seguro para a atividade), após receber os convites de Gigs que vão de acordo à sua disponibilidade e preferências, o primeiro passo é aceitar o Gig que pretende realizar.
“O conceito de Gig remonta aos músicos de jazz dos anos 20. Este termo era utilizado para designar uma performance musical agendada. Com a revolução da Gig Economy, onde as regras do trabalho estão a ser redefinidas, o termo foi incorporado para designar uma determinada missão profissional delimitada no espaço e no tempo”, explica a Merytu na sua página.
Mais regiões do país
Depois de se ter implantado do Grande Porto, onde iniciou a operação em junho de 2022, a plataforma chegou a Coimbra, em dezembro passado, tendo começado a operação na cidade de Braga, já no início de março.
João Silva Santos, CEO da Merytu, refere que ainda neste primeiro semestre a empresa estará presente no Algarve, uma região com muita escassez de profissionais na área de turismo.
Estão presentes em que zonas do país, neste momento?
Operamos há praticamente dois anos na zona da Grande Lisboa, com parcerias de relevo firmadas de forma sólida. Relativamente a profissionais, temos já inscritas 1332 pessoas na nossa plataforma. Na cidade do Porto chegámos há oito meses e também já apoiamos 55 empresas e 165 profissionais a encontrar soluções profissionais de qualidade e com recomendações ativas. Neste momento, a zona norte do Grande Porto tem um potencial muito significativo, visto que disponibilizamos 20 funções que abrangem toda a operação hoteleira e de restauração.
A expansão vai prosseguir ao longo deste ano ou, para já, a chegada a Coimbra e Braga será a novidade de 2023?
Este é um ano de crescimento sustentado, temos uma equipa comercial de referência nas cidades, não só em Coimbra, onde já estamos desde dezembro passado e já temos a nossa pequena, mas significativa, carteira de clientes, como também em Braga, onde estamos agora a começar a investir, no presente mês de março. Em breve, iremos chegar ao Algarve, ainda no primeiro semestre de 2023 e, prevemos que o impacto seja bastante superior, visto que é uma zona com mais escassez de profissionais ao nível de infraestruturas turísticas. É uma área com muito turismo, mas que carece de apoio nesta área dos recursos humanos. Ainda este ano chegaremos à Madeira, uma ilha com um potencial enorme ao nível do turismo e que certamente será um excelente desafio para a equipa da Merytu.
De que forma a tecnologia que criaram consegue ser uma ajuda à contratação, quer do lado das empresas, quer do lado dos trabalhadores?
A Merytu chegou ao mercado depois de identificar uma lacuna extremamente relevante para a profissionalização do setor. Graças à nossa tecnologia, conseguimos identificar talento na área de hospitalidade, por um processo transparente, rápido e seguro para ambas as partes, tanto os trabalhadores como as empresas. Ambos são avaliados, de parte a parte, sendo um processo justo para todos – destacamos o mérito de todos os envolvidos. É um método pioneiro, também visando eliminar processos burocráticos relativamente à pesquisa e retenção de talento, de forma praticamente imediata e, como disse anteriormente, baseada no mérito e desempenho profissional dos trabalhadores e das próprias empresas que recrutam. Adicionalmente, enquanto solução tecnológica, o nosso algoritmo trabalha 24/7, dando a um setor, cuja operação decorre em permanência, a agilidade necessária para suprir as suas necessidades de talento.
“O nosso algoritmo trabalha 24/7, dando a um setor, cuja operação decorre em permanência, a agilidade necessária para suprir as suas necessidades de talento”
Que investimento exige a expansão do vosso negócio?
Como somos tecnologia, a velocidade da nossa expansão dá-se a um ritmo elevado. No entanto, sabemos que o processo de identificação de talento que trazemos é bastante disruptivo. É necessário tempo para habituação, que depois é compensado pela velocidade com que os nossos clientes conseguem resolver os seus problemas de staff. Dessa forma, apostamos num acompanhamento de proximidade. Assim, o principal investimento do nosso modelo de expansão passa por reforçar a equipa comercial, a nível regional, com representantes de elevada autoridade no setor, com experiência na operação e que falem a mesma linguagem dos nossos clientes.
Quem são os vossos investidores?
A Merytu juntou, em janeiro de 2021, à sua equipa de quatro sócios fundadores um quinto elemento, que se tem revelado essencial para a implementação do projeto. A Portugal Ventures, na pessoa do Miguel Barbosa – Diretor de Investimento para o Turismo, com o apoio dos administradores Teresa Fiúza, Pedro Mello Breyner e Rui Ferreira, para além do investimento em pré-seed, têm sido incansáveis no apoio ao projeto. Ajudando de forma decisiva no desbloqueio dos desafios inerentes a uma fase de implementação. Mais do que investidores têm sido verdadeiros parceiros, aportando um valor que vai muito além da dimensão financeira e que não consta como obrigação no clausulado de nenhum contrato de financiamento.
Que planos têm para o futuro?
A curto prazo queremos expandir a nossa operação de norte a sul de Portugal continental e regiões autónomas. Temos um enorme apelo do mercado relativo à nossa expansão geográfica. Um dos maiores focos de interesse reside precisamente no Algarve onde estamos de momento a implementar operação. A escassez de profissionais qualificados e motivados a trabalhar nesta indústria é das maiores do país. Sabemos que o nosso modelo poderá ser a chave para um completo “Turn Around” desta realidade.
Como se consegue contrariar a dificuldade que o setor do turismo enfrenta de falta de mão-de-obra?
Para estancar o êxodo de profissionais da indústria ou atrair e reter jovens no setor é preciso valorizá-los de forma concreta. Esta é, definitivamente, a chave para resolver o problema. E esta é também a base do modelo da Merytu, os nossos resultados comprovam isso mesmo. Sendo diversas as vantagens do nosso modelo, esta valorização dos profissionais ocorre principalmente a três níveis. Primeiramente, a Merytu permite uma valorização do tempo dos profissionais. Ao poderem construir o seu próprio horário, conseguem, finalmente, encaixar o trabalho na sua vida e não o contrário. Isto permite-lhes alcançar um verdadeiro equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, algo que muitos consideram ser impossível de conseguir em hotelaria e restauração.
Em segundo lugar, valorizamos o rendimento dos profissionais. Na Merytu os valores pagos estão entre 15-20% acima da média de mercado. Isto aliado ao facto de poderem evoluir de nível ganhando mais por hora, conforme as avaliações que obtêm, traz um modelo completamente inédito com enorme aceitação junto dos profissionais.
Por último, valorizamos a carreira dos profissionais, quer seja para entrar no mercado de trabalho, quer seja para transitar para um cargo superior.
“Numa semana de trabalho através da aplicação os profissionais expõem mais o seu desempenho a futuros empregadores do que em seis meses a enviar o seu curriculum e a comparecer a entrevistas de trabalho”
Numa semana de trabalho através da aplicação os profissionais expõem mais o seu desempenho a futuros empregadores do que em seis meses a enviar o seu curriculum vitae e a comparecer a entrevistas de trabalho. Neste contexto as opções multiplicam-se, possibilitando uma autodeterminação profissional dificilmente alcançável noutro modelo laboral.
Esta valorização inédita tem “viralizado” por completo junto dos profissionais do setor, que se sentem assim respeitados, reconhecidos e com poder de decisão no que toca ao seu percurso profissional.