A empresa que criou o Doctor Vida Pocket, aparelho que consegue ler qualquer biomarcador, detetando doenças e intolerâncias, procura uma nova ronda de investimento para alavancar crescimento externo. A expectativa é que os novos investidores venham a contribuir com uma tranche de cerca de 3 milhões de euros, para a conquista de novos mercados, segundo Helena Gonçalves, business developer da Stab Vida. “Queremos reforçar a nossa posição na Europa e também no continente americano. O passo seguinte é a alavancar fundos para também nos apoiar a fazer todo o processo de aprovações junto do FDA, para poder então avançar para outras zonas geográficas.
“Já conseguimos entrar na Indonésia, por isso estamos com um pé na Ásia, o que foi muito importante para o nosso crescimento”, diz a especialista.
A Stab Vida é uma PME nacional na área da biotecnologia fundada há 20 anos, e que se dedica ao desenvolvimento de produtos e serviços de genética e genómica. Foi depois de um trabalho de doutoramento, realizado por Orfeu Flores, atual CEO, que incidiu sobre estes serviços, que surgiu a empresa, co-fundada com mais dois elementos.
A Stab Vida trabalha, por exemplo, com o Centro Internacional da Batata, no Peru, que utiliza este dispositivo para detectar vírus na batata-doce.
Com presença forte em mercados europeus, sobretudo em Espanha, a organização procura agora as necessárias certificações para entrar em força no mercado norte-americano com o seu seu mini-laboratório portátil, que permite ler várias amostras, seja de saliva, de sangue, de plasma, e até de água. “Já estamos a comercializar o aparelho em mais de 25 países, em todos os continentes e temos tido o apoio da Comissão Europeia nalgumas feiras internacionais”, revela Helena Gonçalves. “A comercialização é feita através de distribuidores (B2B) e de investigadores, que fornecem o serviço aos consumidores. Depois há também B2A (Business to Academy) pois o equipamento também é fornecido para a investigação”, explica. A Comissão Europeia destacou este trabalho como um case study a acompanhar.
Este equipamento está a ser também utilizado para “detectar a doença das abelhas, pois os utilizadores conseguem levar o dispositivo para o campo e saber o resultado sem a amostra ter de viajar”, diz Helena Gonçalves.
A Stab Vida trabalha, por exemplo, com o Centro Internacional da Batata (CIP), no Peru, onde existem várias quintas-laboratório, no Peru, na Tanzânia e na França, organismo que utiliza este equipamento para detectar o vírus da batata-doce – sendo que o CIP tem cerca de 4 mil tipos de batatas. Além disso, este equipamento está a ser também utilizado para “detectar a doença das abelhas, pois os utilizadores conseguem levar o dispositivo para o campo e saber o resultado sem a amostra ter de viajar. É um projeto sustentável, pois não se gasta tanto material nem transporte”, explica a responsável.
Volume de negócios ascende a 3 milhões de euros
Com um volume de negócios que ultrapassa os três milhões de euros, a biotecnológica investiu quase 400 mil euros em Investigação e Desenvolvimento (I&D) entre 2021 e 2022. A investigação é uma aposta forte desta PME que tem, entre os seus 32 funcionários, uma equipa de 10 pessoas só dedicadas à investigação. Sediada no Parque de Investigação e Tecnologia do Madan Parque FCT/UNL, no Monte da Caparica, faz a ligação perfeita entre a academia e o mercado empresarial, trabalhando com profissionais e até estagiários que queiram enveredar por estas áreas de trabalho.
Ligado a um smartphone, o pequeno equipamento analisa a amostra recolhida e faculta o resultado da análise diretamente no smartphone do utilizador, em menos de 50 minutos.
O produto estrela da Stab Vida é precisamente o Doctor Vida Pocket, dispositivo desenvolvido internamente e que foi fundamental na pandemia de Covid 19. Trata-se de um equipamento portátil para amplificação isotérmica de ácidos nucleicos de biomarcadores genéticos virais, que foi adaptado, em tempos de pandemia, para detetar a Covid 19. Se inicialmente o aparelho desenvolvido tinha o tamanho de um computador, e se destinava a apoiar o diagnóstico do cancro do pulmão, em 2020, além da adaptação para detectar o SARS-CoV-2, foi ainda transformado num pequeno aparelho portátil que cabe na palma da mão, que pode ser utilizado em qualquer local, sendo o dispositivo PCR mais pequeno no mercado. Ligado a um smartphone, o pequeno equipamento analisa a amostra recolhida e faculta o resultado da análise diretamente no telemóvel do utilizador, em menos de 50 minutos.
Há ainda projetos na calha para a área veterinária, um mercado interessante uma vez a legislação é mais leve, e a entrada no mercado é mais rápida.
Tudo foi desenvolvimento internamente pela equipa, desde a parte eletrónica ao software, passando pela área bioquímica, num investimento que ascendeu a cerca de meio milhão de euros. Atualmente o aparelho está a ser também aplicado para testes de intolerância à lactose e outras aplicações estão a ser estudadas, segundo revela Helena Gonçalves. “Logo a seguir ao teste do covid começámos a pensar em soluções específicas também na área da saúde. A intolerância é algo que é muito importante saber desde tenra idade, sendo um tema transversal a qualquer país e pensámos que era uma boa hipótese”, explica Helena Gonçalves. Relativamente ao teste da lactose, esta tecnologia permite ter os resultados em 80 minutos através de uma colheita de saliva ou sangue, emitindo um certificado automático para o cliente.
Há ainda projetos na calha para a área veterinária, um mercado interessante uma vez que a legislação é mais leve, e a entrada no mercado é mais rápida. Seja qual for a aplicação deste aparelho, o nome é sempre Doctor Vida Pocket, reforça a executiva.