No rescaldo da visita do Primeiro-ministro, António Costa, a Moçambique onde participou na V Cimeira Luso-Moçambicana, a SOFID, instituição financeira de desenvolvimento, reafirma a importância daquele país lusófono não só por representar a maior carteira de investimentos em milhões de euros, mas também pela diversidade de setores.
Em declarações à FORBES, o administrador executivo da SOFID, Vasco Vilela, realçou que Moçambique é “o mercado com maior oferta de apoios financeiros disponíveis, onde para além da capacidade da SOFID somamos o Fundo InvestimentoZ, com uma disponibilidade de 93 milhões de euros”.
De acordo com o administrador executivo da instituição financeira de desenvolvimento, “somando a capacidade do Fundo InvestimoZ, a linha do BEI [Banco Europeu de Investimento] e o balanço da SOFID temos mais de 100 milhões de euros para financiar a internacionalização das empresas portuguesas para Moçambique”. Vasco Vilela garante ainda que a instituição financeira pretende “ser um motor de apoio que estimula o desenvolvimento e a competitividade, promove o crescimento das economias portuguesa e moçambicana através de investimentos com elevada sustentabilidade e impacto social e ambiental”.
Atualmente, a SOFID cumpre a sua estratégia “através do seu balanço com capital realizado de 18 milhões de euros, de uma Linha de Crédito Países ACP de 12 milhões de euros firmada com o Banco Europeu de Investimento e da gestão do Fundo Investimoz com 93 milhões de euros específico para o mercado de Moçambique”, detalha Vasco Vilela.
A SOFID explica que o Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique (FPAIM ou InvestimoZ) foi criado, em 2010, com o montante superior a 93 milhões de euros, “honrando o compromisso de investimento do Estado português no âmbito das negociações relativas à alienação da Hidroelétrica de Cahora Bassa”. Tem por objetivo participar no financiamento de projetos de investimento neste país lusófono, a efetuar através de empresas portuguesas ou de parcerias luso-moçambicanas (possibilitando a constituição de consórcios). Desde a constituição, foram financiados pelo Fundo projetos que, no total do investimento, ascendem a cerca de 28 milhões de euros, sobretudo, na área do turismo e hotelaria.
No passado mês de julho, foi feita uma alteração ao regulamento, através da Portaria n.º 181/2022, para flexibilizar a sua utilização, com o objetivo de o tornar ainda mais atrativo para as empresas nacionais.
De acordo com o administrador executivo da SOFID, Moçambique tem mantido, desde a constituição até à data, uma posição importante para a instituição financeira de desenvolvimento “ocupando a terceira posição como país com maior investimento em milhões de euros e com maior diversificação de setores, com destaque para o comércio e indústria, turismo, infraestruturas e saúde”. Moçambique figura também “no Top 3 de países com mais intenções de investimento em carteira da SOFID”, acrescenta ainda.
Vasco Vilela realça que, para reforçar a presença neste mercado, “acompanhamos, por um lado, aqueles que são os programas prioritários das políticas públicas moçambicanas, por exemplo, direcionados às infraestruturas de transporte (expansão, melhoria, manutenção e intermodalidade), metas para abastecimento de água e saneamento (acesso, alargamento e melhoria da rede de distribuição), eletrificação e energia (acesso universal à energia, com recurso a energias renováveis)”. Isto porque, nas suas palavras, são “setores onde o tecido empresarial português tem uma vasta experiência e know-how, e onde a língua pode ser um importante instrumento de negócios”.
A SOFID está também atenta aos programas promovidos por outras instituições financeiras multilaterais para aquele país africano, como o Banco Mundial ou o IFC, “procurando promover essas oportunidades junto de empresas nacionais, inclusive estimulando a constituição de consórcios através do InvestimoZ”, detalha a mesma fonte.
Vasco Vilela destaca ainda que, dando seguimento à Cimeira Bilateral, “a SOFID prevê deslocar-se a Moçambique com uma agenda técnica que contará com encontros institucionais, entidades financeiras e empresariais, já no final de 2022 ou início de 2023”, com uma aposta nos setores que referiu.
Com base na estratégia de promover a cooperação, a internacionalização das empresas e a ajuda pública aos países emergentes e em transição, entre 2010 e 2021, a SOFID financiou projetos de investimento em 13 geografias: Africa do Sul, Angola, Argélia, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Marrocos, México, Moçambique, São Tomé e Príncipe. A esta lista de mercados junta-se agora o Gana, cuja operação foi aprovada este ano.
De acordo com a instituição financeira de desenvolvimento, no período 2010-2021, foram financiados mais de 30 projetos, que totalizam investimentos de cerca de 180 milhões de euros. Os principais investimentos, em milhões de euros, ocorreram na Costa do Marfim (27%), Moçambique (25%) e Angola (23%). Os setores de atividade com maior financiamento foram as infraestruturas (construção civil, engenharia e mobilidade), energia (renováveis), agroindústria, tecnologias de informação comunicação e eletrónica, comércio, serviços, turismo e saúde.
Quanto à atividade de 2022, em julho, foram fechadas duas operações: em Marrocos e, como referido, no Gana, que totalizam investimentos globais de cerca de 100 milhões de euros, nas áreas das infraestruturas de mobilidade e setor automóvel.