A Maleo é um centro empresarial premium, que aposta na flexibilidade da oferta de espaços de escritórios mediante as necessidades das empresas.
Este centro lançou um novo conceito, com base no “Social Employing”, o qual pretende ir ao encontro das mais recentes necessidades e exigências dos colaboradores das empresas que pretendem ir ao escritório, por este ser um espaço onde voltam a socializar, a interagir e a desfrutar de momentos de lazer com os seus pares e até chefias.
À FORBES, Nishel Rajani, CEO da Maleo, refere que para esta tendência de “Social Employing”, é fundamental que os escritórios ofereçam cada vez mais espaços comuns de lazer, que reúna as equipas, sendo este conceito bastante diferente dos anteriores momentos em que os escritórios eram apenas um local onde as pessoas se cruzavam para pura e simplesmente trabalhar.
O que é o “Social Employing”?
Nishel Rajani: Ponto prévio, a ideia do escritório do século XX é algo completamente descabido aos dias de hoje. E é, inclusivamente, junto dos colaboradores, fator de potencial absentismo e abandono das empresas. Mas também não estejamos tão certos quanto ao teletrabalho como panaceia para todos os anseios, onde os locais físicos de trabalho se tornam obsoletos, pouco frequentados ou, até, inexistentes.
E o que verificamos, pela nossa experiência e leitura que fazemos numa perspetiva global? Desde logo, que as mudanças no universo corporativo, sobretudo no que se refere ao inter-relacionamento, veio trazer um paradigma que se conhece como epidemia “solitária”. O que implica a necessária ascensão do escritório como um espaço de troca de impressões, de maior proximidade entre equipas e chefias. Cientes que, sem o envolvimento presencial e os encontros casuais à volta da máquina de café, o ‘fluxo’ que permite o normal funcionamento de toda a estrutura desaparecerá.
Surge, assim, o Social Employing enquanto conceito que deriva desta avaliação. Ao assumirmos a sua concretização, pretendemos que os colaboradores das empresas ganhem maior motivação em ir ao escritório, por este ser um espaço onde voltam a socializar, a interagir com os seus pares e chefias. Para que tal se consolide, não nos podemos cingir ao cinzentismo das secretárias e computadores. Pelo contrário, urge disseminar os lounges, os espaços comuns arquitetonicamente agradáveis ou as zonas destinadas a explorar o potencial criativo dos profissionais. Conceito sem qualquer relação com o tempo em que os escritórios estavam destinados para pura e simplesmente trabalhar. Igualmente distante de uma certa radicalização organizacional, onde as equipas apenas se “veem” digitalmente, com todas as consequências quanto à desumanização e degradação das relações.
Esta é a resposta das empresas ao teletrabalho da pandemia?
Esta é a resposta da natureza humana. O movimento de work from home foi adotado e apreciado pela maioria das pessoas cujas profissões e cargos o permitiam fazer. Alguns adotaram o work from anywhere quando as restrições da pandemia aliviaram. A verdade é que a natureza humana obriga a um equilíbrio, e as empresas acabam por se aperceber que precisam de repensar as funções dos escritórios. Esse movimento está a verificar-se de forma clara, agora.
Para as empresas conseguirem que os colaboradores regressem aos antigos locais de trabalho têm de apostar na mudança dos escritórios: essa é a nova lógica?
Tal está a verificar-se, através da mudança do paradigma referente à motivação para se ter escritórios. Não adianta renová-los, mantendo o antigo espírito de postos de trabalho corridos, com uma copa, salas de reunião e receção. É preciso pensar na vertente social, tanto pessoal, como profissional, premissas que acabam por se misturar, quer queiramos, quer não. As pessoas (que podem) querem trabalhar em paz e sossego nas tarefas individuais. Para isso, preferem a privacidade e conforto de casa. Mas quando precisam de colaborar, ou interagir, preferem fazê-lo in loco e não por videochamada. As empresas que entendem isto, bem como as consequências destes fatores tão simples, acabam por conseguir repensar mais adequadamente os seus escritórios, tornando-os mais sociais e produtivos.
“Não adianta renovar os locais de trabalho, mantendo o antigo espírito de postos de trabalho corridos, com uma copa, salas de reunião e receção. É preciso pensar na vertente social, tanto pessoal, como profissional”.
Estão as empresas já sintonizadas com esta nova ordem no mundo do trabalho? Ou ainda nem todas perceberam isso?
O ritmo de aceitação e reconhecimento é muito acelerado. Todas as semanas aparecem-nos novos casos de empresas que acabaram de tomar decisões que mostram claramente que entendem esta nova realidade. Umas estão mais cientes do que outras, mas é um fenómeno já muito reconhecido.
No caso da Maleo houve também a necessidade de fazer esta adaptação dos seus espaços?
Na verdade, estamos a desenhar os novos espaços com esta filosofia, e a adaptar os antigos no mesmo sentido. Principalmente a pedido dos clientes, que querem ficar connosco, mas precisam que repensemos os seus escritórios.
Se, por um lado, é um desafio, é muito gratificante a Maleo estar na linha da frente e, dessa forma, apoiar as empresas a adaptarem-se a esta nova realidade.
De acordo com a vossa análise, o que esperam os colaboradores dos novos espaços?
Os colaboradores esperam que sejam pensados com as pessoas como eixo central, não a empresa. Ao ter as pessoas no centro do pensamento dos escritórios, conseguimos melhorar a produtividade das equipas que atualmente se deslocam para o seu local de trabalho. Esta colaboração entre indivíduos é o que distingue a capacidade de criação de valor das organizações. Individualmente, os profissionais desenvolvem melhor as suas funções “fechadas” num espaço, mesmo que seja virtual, com a utilização de auriculares para isolamento temporário.
Os novos espaços devem estar alinhados com a expetativa de incluir os 4 C: permitirem a Colaboração entre equipas, serem Comunitários, terem zonas de Concentração para trabalho individual e transmitirem a Cultura da empresa. Este conceito tornou-se na norma.
“A colaboração entre indivíduos é o que distingue a capacidade de criação de valor das organizações”
Como é que se encontra o mercado de imobiliário de escritórios?
Na Maleo temos uma perspetiva bastante abrangente, pois tanto somos ocupantes, como “locadores”. Notamos que o mercado de escritórios está em mutação há algum tempo. Antes da pandemia existia uma pressão enorme na procura e falta de oferta, o que originou o lançamento de vários novos empreendimentos. Atualmente, existe também um claro aumento de sensibilidade para a sustentabilidade, o que motivou a transição de várias empresas para edifícios certificados, deixando os edifícios antigos por renovar – e eventualmente certificar, quando viável.
A grande questão é perceber qual o impacto que a mudança de paradigma no que concerne ao uso dos escritórios vai ter no mercado. Temos sentido o aparecimento de locais disponíveis para sublocação, de empresas que já não precisam de tanta ocupação, embora tenham contratos de arrendamento de longo prazo. Recentemente, fizemos duas operações de subarrendamento neste âmbito com sucesso, e continuamos a olhar para mais algumas, pois a estrutura, know-how e experiência da Maleo permitem rentabilizar esse tipo de espaços com alguma rapidez.
“Há um claro aumento de sensibilidade para a sustentabilidade, o que motivou a transição de várias empresas para edifícios certificados”
O que procuram as empresas para os seus escritórios?
As empresas valorizam cada vez mais os soft services, em detrimento do hardware. Estamos numa transição, onde ter o escritório mais moderno, mais bonito ou mais apelativo já não chega. Agora, procura-se dar ainda mais conforto aos colaboradores, e esse conforto envolve um conjunto de serviços incluídos e ainda a disponibilização de serviços extra com fiabilidade e flexibilidade.
A flexibilidade também se tornou num elemento de decisão fundamental para as empresas. Seja na vertente de duração do contrato de arrendamento, como na capacidade de execução de alterações nos escritórios de forma expedita e fiável.
“Ter o escritório mais moderno, mais bonito ou mais apelativo já não chega. Agora, procura-se dar ainda mais conforto aos colaboradores”
Fruto do teletrabalho temos hoje empresas a abdicar de espaços maiores e optar por locais de coworking?
Sem querer generalizar, o que temos sentido é um movimento distinto entre micro/pequenas empresas e grandes empresas. A segurança de dados é muito importante, e principalmente as grandes empresas não abdicam de ter um crescente cuidado com este fator. Isso faz com que algumas micro/pequenas empresas até optem pelo coworking, enquanto as grandes não o fazem, preferindo opções flexíveis e seguras. E tal é apenas possível em locais físicos fechados, exclusivos e com infraestrutura de TI isolada. A Maleo não tem uma oferta de coworking. As soluções dos nossos centros apontam para escritórios isolados, que as grandes empresas procuram, aliados a espaços comuns que permitem alguma socialização e networking, sem que tal comprometa de forma alguma a segurança de dados.
Para além do “Social Employing”, que outras tendências identificam em termos de escritórios e espaços de trabalho?
Todas as semanas surgem novas ideias, métodos e tendências. Na verdade, nunca o mercado de escritórios esteve tão dinâmico. É cada vez mais aceitável seguir ideias que antigamente pareciam demasiado ousadas. Sentimos muita vontade das empresas em trazer de volta os colaboradores ao escritório, mas já num modelo assumidamente híbrido. As próprias chefias gostam de estar em modo híbrido, e assumem-no como algo aceitável para uma boa parte das equipas. Esta dinâmica traz uma procura por soluções mais “fora da caixa”, e na Maleo procuramos adiantarmo-nos a este fenómeno, ao trabalharmos com os nossos clientes na criação de novos conceitos de espaço de trabalho e de colaboração. Isto chega ao ponto de criarmos conceitos temáticos, como um Sports Bar para uso privado, zonas para reuniões all-hands, entre outros.
“Sentimos muita vontade das empresas em trazer de volta os colaboradores ao escritório, mas já num modelo assumidamente híbrido. As próprias chefias gostam de estar em modo híbrido.”