Faz hoje um mês que Silvio Berlusconi, 86 anos, antigo primeiro-ministro italiano, e magnata da comunicação social, faleceu. Foi também hoje que o seu testamento foi aberto. Com uma fortuna avaliada em 6,8 mil milhões de dólares (cerca de 6,1 mil milhões de euros), o magnata deixa o seu património aos seus cinco filhos – nascidos de dois relacionamentos distintos – Mariana, Pier Silvio, Barbara, Eleonora e Luigi.
A abertura do testamento revelou que Berlusconi planeava deixar a a maior parte de sua fortuna – em grande parte atrelada à sua holding Fininvest – a Marina e Pier Silvio, os seus filhos dois filhos mais velhos, resultado do seu primeiro casamento com Carla Elvira Lucia Dall’Oglio, com quem contraiu matrimónio em 1965 e, e da qual se divorciou em 1985. À data da sua morte, o bilionário mantinha um relacionamento com Marta Fascina, uma política de 33 anos e membro do parlamento italiano pelo partido Forza Italia, de Berlusconi, mas o casal não estava legalmente casado.
À data da sua morte, o bilionário mantinha um relacionamento com Marta Fascina, uma política de 33 anos.
A maior parte da riqueza de Berlusconi estava ligada à Fininvest, a empresa de investimentos que fundou em 1978. A empresa possui 49% da emissora MediaForEurope, que resulta do império televisivo de Berlusconi, 30% do banco de investimento Mediolanum, 53% da editora Mondadori, bem como várias empresas imobiliárias, um teatro histórico, em Milão e o AC Monza, uma equipa de futebol da primeira divisão em Itália. Tendo sido pedido um comentário à Fininvest, a Forbes não obteve qualquer resposta.
A lei italiana determina que quando o falecido tem vários filhos, mas nenhum cônjuge, dois terços da herança devem ser divididos igualmente entre todos os herdeiros, que no caso de Berlusconi, são os seus cinco filhos. O terço restante pode ser distribuído livremente, e Berlusconi optou por dividi-lo entre Marina e Pier Silvio. Com base no conteúdo do testamento, Marina e Pier Silvio controlarão uma participação estimada de 26,5% na Fininvest, enquanto Barbara, Eleonora e Luigi deterão apenas 15,6% cada um. Entre os cinco também serão divididos os ativos de Berlusconi fora da Fininvest, investimentos que incluem várias vilas e residências espalhadas pela Itália, pela França e pela Antígua.
Com base no conteúdo do testamento, Marina e Pier Silvio controlarão uma participação estimada de 26,5% na Fininvest, enquanto Barbara, Eleonora e Luigi deterão apenas 15,6% cada um.
Depois de herdar os bens de seu pai, a Forbes estima que Marina e Pier Silvio valerão cerca 1,9 mil milhões de dólares (cerca de 1,7 mil milhões de euros) cada um, enquanto Barbara, Eleonora e Luigi terão fortunas de cerca de 1.000 milhões de dólares cada (cerca de 890 milhões de euros) . Marina, 56 anos, há muito tempo que aparenta ser a herdeira que seguirá as pisadas de Berlusconi, tendo assumido as rédeas da Fininvest como presidente do conselho de administração em 2005. Ela foi reconduzida como presidente em junho passado, consolidando a sua posição.
Marina entrou nos negócios familiares aos 29 anos, quando se tornou vice-presidente da Fininvest, e atualmente preside também a Mondadori e faz parte do conselho de administração da MediaForEurope. Distinguida pela Forbes como uma das mulheres mais poderosas do mundo, em 2010, Marina é casada com uma ex-dançarina do La Scala de Milão.
Os três filhos mais novos de Berlusconi, Barbara, Eleonora e Luigi, são fruto do casamento de Berlusconi com a atriz Veronica Lario, com quem se casou em 1990 e se divorciou em 2015.
Aos 54 anos Pier Silvio, é o CEO da MediaForEurope, cargo que alcançou em 2015, depois de vários anos a trabalhar nos negócios de media do pai. Começou pela agência de marketing de Berlusconi, a Publitalia, em 1992, tinha então aos 23 anos, antes de passar para as operadoras de televisão. Ele também está no conselho da Fininvest e da Mondadori.
Os três filhos mais novos de Berlusconi, Barbara, Eleonora e Luigi, são fruto do casamento de Berlusconi com a atriz Veronica Lario, com quem se casou em 1990 e se divorciou em 2015. Barbara, 38 anos, faz parte do conselho de administração da Fininvest e trabalhou anteriormente na equipa de futebol italiano AC Milan, antes de o pai pai a ter vendido a investidores chineses por 630 milhões de dólares (cerca de 565 milhões de euros) em 2017. Luigi, 34, foi membro do conselho da Mediolanum, de 2007 a 2015, e também tem assento no conselho da Fininvest, onde entrou em 2012, aos 24 anos. Eleonora, com 37 anos, não tem qualquer cargo nas empresas do pai.
Além da herança que deixou aos seus filhos, Berlusconi deixou 100 milhões de euros ao seu sócio, Fascina. Deixou ainda uma quantia igual ao seu irmão mais velho, Paolo, que assumiu o jornal italiano Il Giornale de Silvio na década de 1990 e depois vendeu uma participação de 70% no diário para o editor Antonio Angelucci por cerca de 9,5 milhões de dólares (cerca de 8,5 milhões de euros) em abril. Berlusconi também deu 30 milhões de euros a Marcello Dell’Utri, um amigo de longa data e aliado político com quem fundou o Forza Italia, em 1994, e esteve no parlamento durante quase duas décadas até ser condenado por acusações de conluio com a máfia em 2014. O dinheiro de Berlusconi será dividido entre os filhos – depois de pagarem um imposto sobre herança estimado em 4%, percentagem que incide sobre somas superiores a um milhão de euros.
No seu testamento, redigido em janeiro de 2022, durante o internamento hospitalar por causa de uma infeção urinária, Berlusconi deixou uma mensagem de despedida aos filhos: “Muito amor para todos vós”. Mais de um ano depois dessa mensagem, ele deixou-lhe o seu presente final: muitos milhões.
Com Giacomo Tognini – Forbes International