Os setores da construção e do imobiliário são muito afetados, de forma cíclica, pela conjuntura internacional, nomeadamente em fases de maior incerteza económica, como aquela que se vive no momento. A instabilidade provocada pela crise pandémica, ainda não resolvida, pela guerra na Ucrânia e suas consequências, nomeadamente a inflação, a crise energética e o aumento das taxas de juro, tem repercussões não só na Europa, como um pouco por todo o mundo. Assim, segundo um relatório recentemente divulgado pela Crédito y Caución, empresa especialista em seguros de crédito, o setor da construção, em 2023, enfrentará, a nível global, um elevado grau de incerteza marcado pela possível recessão, sobretudo nos mercados desenvolvidos. O mesmo research prevê que os incumprimentos neste setor atinjam mercados tão relevantes como o da Alemanha, o dos Estados Unidos, o da China, o do Reino Unido, o da Espanha, o da França, entre outros.
No total, aponta para que sejam 23 os mercados onde o risco de incumprimento das empresas seja elevado ou muito elevado, lista na qual Portugal se encontra, entre a Alemanha, a Austrália, o Brasil, a Itália, a Dinamarca, a Espanha, a França, a Polónia, isto só para citar alguns. Estes mercados serão marcados por uma forte contração ao contrário de algumas economias emergentes, por exemplo, na Ásia, onde o setor manterá, ainda assim algum dinamismo. São apenas 11 os mercados a figurar na lista do risco moderado, como é o caso do Canadá, dos Estados Unidos, da Irlanda ou do Japão, sendo ainda que é relevante o facto de nenhum país apresentar um risco de incumprimento baixo ou muito baixo.
O setor, que representa 36% do consumo mundial de energia e 40% das emissões de carbono, está a proceder à transformação dos seus processos para conseguir reduzir o seu elevado impacto ambiental.
A engenharia civil sustentará o crescimento do setor durante este ano, sendo impulsionada sobretudo pela construção de algumas infraestruturas públicas. Contudo, segundo esta análise, a procura de casas novas poderá sofrer devido ao endurecimento das políticas monetárias, que afeta o poder de compra das famílias. Nos mercados mais desenvolvidos vai sentir-se falta de mão-de-obra qualificada, o que aumenta os custos com salários e o que poderá, a médio prazo, transformar-se, na Europa, num problema estrutural. Também o risco dos custos elevados com os materiais de construção poderá manter-se, ainda que, segundo a Crédito Y Caución, as limitações de oferta tendam as atenuar-se. O setor, que representa 36% do consumo mundial de energia e 40% das emissões de carbono, está a proceder à transformação dos seus processos e cadeias de fornecimento para conseguir reduzir o seu elevado impacto ambiental.