O Projeto Serra, marca de outwear inspirada nas tradições e costumes das serras e montanhas portuguesas, vai estreia-se fora de Portugal. A primeira paragem é na London Fashion Week, entre 17 e 22 de fevereiro, ao abrigo do programa Local Goes Global, dinamizado pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários.
Local Goes Global pretende levar a palcos internacionais projetos nacionais na área da moda com maior expressão digital, estimulando a expansão comercial e internacional destes negócios.
O intuito deste Local Goes Global é criar momentos de partilha e criação de contactos entre as marcas, potenciais clientes e outros criadores.
Assim, a primeira ocasião de networking para os responsáveis do Projeto Serra está marcada para este dia 17 de fevereiro, em que, além de convidados decisores no setor, espera-se a presença de jornalistas e relações públicas do Reino Unido, entre outros mercados-chave para exportação nacional.
Apoio da ANJE
A pop up store Local Goes Global insere-se no Projeto Next Step da ANJE, cujo objetivo é o de apoiar a internacionalização da atividade empresarial, promovendo a exportação de bens e serviços transacionáveis, através da participação em eventos de dimensão global em mercados prioritários e não tradicionais criteriosamente identificados.
Na muito comercial rua Regent Street, a poucos passos do bairro de Soho e da turística Piccadilly Circus, numa das áreas nobres de Londres, estarão os fundadores do Projeto Serra (Tiago Pinto, João Duarte e Ricardo Amaral), três primos “que viram na Natureza o maior elo de ligação e no amor e respeito pelo ambiente o maior incentivo” para a criação de uma marca inspirada e orientada pelas serras que os viram crescer – Soajo, Freita, Estrela e Pico.
Camisola Estrela (PVP 105€) Camisola Freita (PVP 155€)
Dentro da empresa, Tiago Pinto é responsável pela Comunicação & Experiência; João Duarte pela divisão de Operação & Produção; e Ricardo Amaral dirigie a área Administrativa & Financeira. A marca mantém-se composta pelos três fundadores, os quais têm agora o apoio no design do Withstand Studio e assessoria de imprensa da Silver Lining.
Estrela, Soajo, Freita e Pico são as quatro serras homenageadas por este projeto.
Para os mentores do projeto “embarcar com a comitiva da Local Goes Global é uma oportunidade única para a missão que queremos levar não apenas aos portugueses, mas também a todo o mundo. Além da visibilidade e possibilidade de solidificar o projeto e negócio, este pode ser um momento determinante para promover as técnicas e tradições das nossas gentes e territórios – o verdadeiro ‘Made in Portugal’. Por outro lado, queremos mostrar, através das nossas peças, a riqueza cultural e paisagística das nossas serras e montanhas, assim como o seu potencial para o turismo de natureza”, refere Tiago Pinto sobre a presença do Projeto Serra, em Londres.
A FORBES conversou com Tiago Pinto para conhecer melhor a empresa e ficar a par dos planos de crescimento do Projeto Serra, os quais passam pela internacionalização.
Tiago Pinto afirma que “um dos mercados que mais se revê nos nossos produtos, além do português, é o mercado americano”
A marca Serra nasceu quando e onde se localiza a sede?
O Projeto Serra nasce, oficialmente, em outubro de 2021 depois de um ano a criar, pensar e experimentar a ideia de levar as serras portuguesas para a moda da cidade.
A ideia surgiu-nos num acampamento de verão, precisamente em contacto com a natureza, mais precisamente na serra da Freita. Durante o confinamento, em janeiro de 2021 começou a ganhar forma e estrutura. A sede é em Vila Nova de Gaia, de onde somos.
A vossa marca vende-se apenas online ou já estão em lojas físicas?
O principal canal de vendas continua a ser o online, principalmente na loja online do Projeto Serra: https://projetoserra.com/.
Contudo, desde fevereiro de 2022 que entramos na The Feeting Room no Porto e em Lisboa e, para já, é o único ponto de venda físico que temos e teremos.
Entramos também, muito recentemente, na Wolf & Badger, o marketplace líder para marcas independentes no Reino Unido e nos Estados Unidos da América com lojas físicas nestes destinos.
Onde é que são fabricadas as peças?
As peças são fabricas em Lousada numa parceria estabelecida com a Gasportex que é responsável por “montar” as peças depois lhes chegarem os bolsos, botões e burel dos melhores artesãos do país. O bolso em algodão riscado e o botão de vime da camisola Pico são produzidos nos Açores e o burel chega diretamente da Serra da Estrela, da Burel Factory.
Que volume de vendas obtiveram em 2021?
O ano 2021 começou tarde para nós. As nossas vendas começaram em outubro de 2021, mas claramente que as nossas expetativas foram ultrapassadas com um volume de vendas a ultrapassar os 21 mil euros nos primeiros três meses da marca.
Que objetivos de vendas traçaram para 2022 e 2023?
Para 2022, as expetativas são altas e queremos triplicar o volume de vendas de 2021. Acreditamos que com o aumento da nossa presença em canais de distribuição/venda iremos chegar a novos públicos, o que nos permitirá reinvestir a receita em novos produtos que promovam as nossas serras.
“Queremos triplicar o volume de vendas” em 2022.
Com a vossa deslocação a London Fashion Week o que pretendem?
O convite para a participação na London Fashion Week surgiu de forma inesperada e, sinceramente, tivemos receio que fosse um passo precoce, tendo a marca nascido há tão pouco. Felizmente, a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários incentivou-nos muito e foi fácil de acreditar no projeto Local Goes Global depois de o conhecermos. Sentimos que estávamos em boas mãos e que a energia das pessoas que o fazem era a certa. Arriscamos e aceitamos o convite. A partir desse momento, percebemos que a internacionalização, que ainda não tinha sido um objetivo trabalhado, fazia sentido e que este contacto com outros buyers poderia ser o bilhete dourado perfeito e seguro para nos colocar em contacto com outros mercados.
Não temos expectativas de vendas exacerbadas, até porque aqui o grande objetivo será perceber como a marca se comporta e é percecionada por outros mercados que, à partida, têm pouco em comum com a nossa herança cultural e territorial.
Estarão em Londres com um expositor: em concreto o que farão?
Estaremos em Londres no âmbito da iniciativa Local Goes Global organizada pela Kind Purposes e a ANJE. A Local Goes Global é uma iniciativa que se materializa numa pop up store instalada numa zona central de Londres, mais precisamente em Regent Street, muito perto de Soho e Piccadilly. Neste espaço estarão diferentes marcas portuguesas, selecionadas pela organização, a expor os seus produtos a potenciais buyers, jornalistas e relações públicas, mas também ao cliente final. Este conceito híbrido entusiasmou-nos muito – vimos imenso potencial de promoção ao nosso “merchandising de impacto”, de algumas vendas, mas sobretudo de aprendizagem.
A internacionalização da marca está nos planos?
A internacionalização da marca já é uma realidade. A participação em Londres, ainda sem ter acontecido, já nos abriu portas ao internacional. O marketplace internacional Wolf & Badger chegou até nós com muito entusiasmo, tudo porque nos viram na lista de marcas participantes na London Fashion Week. Entramos na plataforma esta semana e estamos muito entusiasmados por estar ao lado de marcas independentes com um propósito como o Projeto Serra. A partir de agora, acreditamos que podemos sonhar mais a sério com essa realidade.
Como é que pensam desenvolver essa estratégia de internacionalização?
Honestamente, como referi, a internacionalização estava nos planos, mas não para já. Tudo tem acontecido de forma bastante orgânica em todo este processo. Pelo nosso plano, tínhamos apontado dar o kick off da internacionalização com a nossa coleção de outono/inverno de 2022, mas o convite da ANJE veio baralhar um pouco o calendário, no bom sentido.
“Tínhamos apontado dar o kick off da internacionalização com a nossa coleção de outono/inverno de 2022, mas o convite da ANJE veio baralhar um pouco o calendário, no bom sentido”.
Sabemos desde o início que um dos mercados que mais se revê nos nossos produtos, além do português, é o mercado americano e, por isso, desde o lançamento que começamos com contactos e ações de charme com um influenciador e fotógrafo americano, numa tentativa de ir preparando terreno para essa mesma internacionalização que sabíamos que iria chegar. A ideia será entrar neste e noutros mercados através de marketplaces reconhecidos e que nos façam sentido. Acreditamos que é a forma mais efetiva e sustentável para marcas pequenas e recentes começarem a criar algum reconhecimento junto do consumidor.
Vão à procura de investidores também?
Para já ainda não temos planos nesse sentido. Sabemos que poderá vir a ser uma realidade em breve, mas nesta fase ainda não é algo que equacionamos. Elaboramos um plano muito certo daquilo que queríamos e até onde poderíamos ir os três e estamos a cumpri-lo.
Que novidades teremos em 2022, quer em termos de produto, quer em termos de expansão da marca?
Quando criamos o Projeto Serra sabíamos que nos queríamos assumir como a marca do agasalho, do aconchego, tudo sensações mais ligadas a tempos frios e isso poderia tornar o nosso produto sazonal.
A nossa coleção de inverno será sempre a mais relevante e o momento alto de cada ano. É aí que queremos crescer, adicionando serras ao nosso portfolio, mas também renovando as que já apresentamos com apontamentos diferenciadores e novidades.
Para além da coleção de inverno – a mais relevante da empresa – está a ser preparada uma coleção primavera/verão.
Para a primavera/verão estamos a preparar a “Casa do Povo”. É dentro deste imaginário que estamos a criar não uma linha exclusivamente de roupa, mas de utensílios e complementos aos percursos da montanha. Sem adiantar muito, podem esperar-se t-shirts com twist especial, meias, uma caneca de esmalte, entre outros objetos úteis produzidos com materiais de qualidade e de inspiração nas nossas tradições.
No que toca à expansão, a ideia será continuar, cada vez mais, a investir na internacionalização com presença em alguns dos maiores e mais conceituados retalhistas europeus e americanos de outdoor/streetwear.