O tema já não é novo, mas voltou esta semana a ser assunto: Donald Trump está em campanha contra a indústria dos veículos elétricos. Segundo noticias vindas recentemente a público, Trump terá apelado aos executivos da indústria do petróleo e do gás para doarem fundos para a sua campanha e em troca, quando fosse eleito reverteria as políticas de ação climáticas avançadas por Joe Biden. O que não é novidade, já que durante o seu mandato anterior adotou políticas que favoreciam a indústria do petróleo e do gás.
O candidato à presidência dos Estados Unidos promete que se for reeleito vai reverter as metas de emissões e reduzir os créditos fiscais aos veículos elétricos. Estas políticas poderão mesmo ser impopulares entre os próprios eleitores republicanos pois a produção de carros elétricos tem impulsionado o emprego e o investimento no sul dos Estados Unidos.
O mercado dos veículos elétricos cresceu significativamente nos últimos anos nos Estados Unidos, com uma estimativa de vendas que ascende a 1,5 milhões de unidades em 2024
Já anteriormente o político tinha declarado que se fosse eleito novamente, acabaria com a venda no país de elétricos chineses fabricados no México. Anunciou, durante um discurso de campanha, em março último, que pretendia aplicar uma taxa de 100% de imposto sobre os carros elétricos produzidos no país vizinho. No mesmo discurso argumentou que o México se açambarcou de 34% da produção de automóveis dos Estados Unidos e que os chineses constroem fábricas naquele território para exportar para o país sem pagar taxas aduaneiras.
No entanto, o mercado dos veículos elétricos cresceu significativamente nos últimos anos nos Estados Unidos, com uma estimativa de vendas que ascende a 1,5 milhões de unidades em 2024. Foram feitos investimentos significativos no mercado dos elétricos, incentivados pelo presidente Joe Biden. A Hyundai, por exemplo, está a investir milhões de dólares em fábricas no estado da Georgia, investimentos que criam empregos e impulsionam a economia.
Crescimento do mercado já não deverá reverter
Apesar destas declarações, especialista citados em diversos meios de comunicação social, acreditam que o mercado dos veículos elétricos já atingiu um ponto de crescimento que dificilmente será revertido. Empresas como a Ford, por exemplo, tem delineados prazos de longo termo que não será facilmente alterado pelos ciclos eleitorais. Além disso, também os investimentos em infraestruturas continuam a sua rota de expansão: a redes de carregamentos continuam a crescer, dando mostras que o processo não voltará atrás.
Marcas de elétricos chineses como a BYD estão a representar uma ameaça aos construtores mundiais, nomeadamente à norte-americana Tesla.
Uma outra dúvida é de que forma a vitória de Trump poderá impactar as vendas de elétricos de fabricantes europeus. Os analistas acreditam que a indústria europeia poderá enfrentar taxas mais elevadas devido ao perfil protecionista de Trump. Ao que parece o candidato já terá falado com os seus conselheiros sobre a possibilidade de proibir a venda no país de carros elétricos vindos da China ou com peças fabricadas na China, o que poderá prejudicar os construtores europeus, dependentes dos fornecimentos da Ásia.
Recorde-se que marcas de elétricos chineses como a BYD estão a representar uma ameaça aos construtores mundiais, nomeadamente à norte-americana Tesla.