O futuro das democracias associado ao desenvolvimento das tecnologias foi o mote do primeiro painel do EuroAmericas Forum 2025, que terminou esta terça-feira na Nova SBE, em Carcavelos, um evento que contou com o JE e a Forbes como media partners.
Dorota Barys, embaixadora da Polónia em Portugal; o embaixador Domingo Fezas Vital e José Azeredo Lopes, professor da Universidade Católica, deixaram as suas reflexões no primeiro painel no segundo dia da segunda edição do EuroAmericas Forum.
“Toda a história do meu país diz que quando estamos fragmentados, deixamos de existir. Só a unidade da União Europeia e dos seus aliados poderá oferecer-nos uma resposta justa”, começou por referir a embaixadora polaca em Portugal. Dorota Barys não tem dúvidas: “Sem essa união, é provável que a Ucrânia não existisse”.
“Hoje toda a gente quer viver na Europa porque há capacidade crítica que origina inovação: é essa a nossa força e por isso deveríamos concentrarmo-nos nessas vantagens. O talento sobressai em democracias. Lembro-me bem da Polónia antes de entrar na União Europeia há vinte anos”, referiu esta diplomata.
José Azeredo Lopes realçou que o fim da Guerra Fria “colocou-nos numa situação muito confortável mas com um otimismo um pouco beato. Esquecemo-nos que havia uma ideia básica: éramos muito menos. As democracias trabalham com o conceito territorial mas ao mesmo tempo, a construção dos poderes não percebe porque há outras influências que nos entram pela porta dentro”.
Este docente e especialista em relações internacionais sublinhou que “qualquer Governo em qualquer país é cada menos um órgão de soberania porque depende de outros centros de poder: na segurança temos que olhar para a NATO, noutras para a União Europeia. Isso talvez explique o desamor pela democracia e que coloca em causa a sua eficiência. A tentação é sempre voltar às referências identitárias e tribais”.
Numa nota de pessimismo, que Azeredo Lopes definiu como “realismo”, o docente acredita mesmo que “a democracia pode morrer” e “é preciso perceber como podemos adaptá-la a um mundo que não vai voltar para trás. Liberdade de imprensa e liberdade de expressão são condições que podem cair, será o fusível fundamental que desliga a democracia. Estamos a assistir à morte e à crise da mediação da informação”.
A robustecer esta opinião, lançou um número: “85% dos jovens na UE vão às redes sociais para procurar informação e essa informação surge-lhes à medida e de encontro às suas convicções. Depois, as decisões, até governamentais, são tomadas com base nas percepções”.
O embaixador Domingos Fezas Vital, com experiência diplomática no Brasil e nos EUA, deixou outro número para perceber o impacto da tecnologia no “Velho Continente”: “250 milhões de pessoas deixarão o seu mercado de trabalho nos próximos 25 anos devido à IA, todo o mercado de trabalho da União Europeia”.





