O número de empresas ativas em Portugal dedicadas a investigação e desenvolvimento de biotecnologia como atividade principal foi de 98 empresas, em 2019, as quais agrupam mais de 600 trabalhadores. A informação é de um estudo da Associação Portuguesa de Bioindústria (P-BIO), “Portugal Biotech: tendências, oportunidades e desafios no setor da biotecnologia em Portugal”.
O estudo foi desenvolvido no âmbito do BioData.pt, a infraestrutura portuguesa de dados biológicos, e resulta de uma análise mais ampla e completa de um primeiro estudo sobre a Indústria Portuguesa da Biotecnologia, lançado pela P-BIO em 2016.
Este documento indica que, de 2011 a 2019, o volume de negócios deste tipo de empresas aumentou 33% em território português. As exportações destas empresas representam mais de 60% do volume de negócios para 53% das empresas analisadas.
90% do volume de negócios concentrado em 30 empresas
Para João Cerejeira, coordenador científico do estudo, “90% do volume de negócios está concentrado em 30 empresas. Este é um tipo de negócio com características especiais, já que um número considerável de empresas espera até quatro anos de tempo necessário para lançar o produto no mercado, sendo que 44,1% das empresas não têm produto no mercado”.
Neste raio-x ao setor da biotecnologia em Portugal são apontados os três principais mercados-alvo das empresas, os quais se situam nas áreas da saúde humana (36%), agroalimentar (20%) e ambiental (16%).
“Em Portugal, o setor tem uma dimensão relativamente pequena”, mas o número de patentes está “acima daquilo que seria esperado para a sua dimensão, o que é um aspeto positivo”, aponta João Cerejeira.
De acordo com os dados da P-BIO, em Portugal, a biotecnologia ocupa o 5º lugar nas 35 classificações tecnológicas relativas a publicações de patentes. E mais de 80% de todas as patentes publicadas pelas empresas portuguesas de biotecnologia teve lugar nos últimos dez anos.
João Cerejeira lembra que “grande parte do investimento é feito, em cerca de um terço dos casos, com recurso a fundos próprios”.
O estudo aponta também para alguns entraves para o crescimento das empresas, como o acesso ao financiamento, a falta de investidores privados, a dimensão do mercado, as questões regulamentares e o subdesenvolvimento do ecossistema biotecnológico.
Segundo o relatório, este é um setor com equipas altamente qualificadas, em que cerca de 86% possui, pelo menos, uma licenciatura. Relativamente ao género, 59% dos colaboradores são mulheres e a idade média dos colaboradores é inferior à média nacional: 51% tem menos de 35 anos de idade, em comparação com 32% a nível nacional.
O estudo pode ser descarregado aqui em baixo.