A transformação digital está a redefinir o cenário empresarial em todo o mundo e as mulheres estão a desempenhar um papel crucial nesse processo. No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos para alcançar uma verdadeira paridade de género nas posições de liderança.
A Estratégia da UE para a Igualdade de Género 2020-2025 é um marco importante nesse caminho. Corresponde ao compromisso de uma União da Igualdade, com objetivos políticos e ações concretas. Destaco a necessidade de colmatar as disparidades de género no mercado de trabalho, assegurar uma participação equitativa nos diferentes setores da economia e alcançar um equilíbrio entre homens e mulheres nos processos de tomada de decisão.
Mas como poderemos acelerar este processo, quando dados de 2022 revelam que, apesar de constituírem 42% da força de trabalho, as mulheres ocupam apenas 26,9% dos cargos de liderança nas empresas portuguesas? Essa disparidade é especialmente evidente à medida que subimos na hierarquia corporativa: 13,9% de mulheres em funções de Direção-Geral e 16,2% em Conselhos de Administração. Só nas empresas cotadas é que 25,5% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres.
Por isso, quando nos questionamos acerca da importância e necessidade das quotas de género impostas por lei, temos de ter presente esta realidade e a necessidade de compensar os atuais desequilíbrios. Tal como a Lei das Quotas de Género, foi importante a aprovação em abril de 2023 da Diretiva Europeia de Transparência Salarial para a promoção da equidade salarial.
O mundo pós-Covid trouxe mudanças positivas para a realidade empresarial e normalizou práticas que favorecem mais as mulheres. A adoção de modelos flexíveis de trabalho, que as ajudam a atingir seus objetivos de progressão na carreira, e o investimento em ferramentas de colaboração e comunicação, para facilitar o trabalho remoto, são exemplos. Essas práticas garantem a flexibilidade de trabalhar em casa e escolher os horários, conciliando melhor a vida profissional e pessoal.
A igualdade de género requer persistência, políticas inclusivas e um ambiente que permita que as mulheres alcancem todo o seu potencial. É, pois, fundamental continuar a promover a igualdade e a capacitação das mulheres, para acelerar esse processo. E celebrar o Dia da Mulher como uma renovação deste compromisso coletivo.
(Fonte das estatísticas enumeradas: Mulheres ocupam apenas 13,9% das direções gerais das empresas e 16,2% dos conselhos de administração | Blog InformaD&B – informadb.pt)