Os salários médios em Portugal tendem a aumentar nas empresas digitalmente mais maduras, sendo que uma transição completa no estágio de maturidade está estatisticamente associada a um aumento de 37% do salário médio, segundo indica o estudo sobre a maturidade digital do tecido empresarial do país.
“Esta relação pode explicar-se com a aposta feita pelas empresas em capital humano mais qualificado, que lhes permita implementar com maior sucesso a transformação tecnológica”, refere o estudo publicado conjuntamente pela Boston Consulting Group (BCG), Google e Nova SBE.
O documento, a que a FORBES teve acesso, mostra também que a produtividade das empresas tende a aumentar quanto maior a sua maturidade digital. A pontuação DAI (Índice utilizado pela BCG que permite observar o estágio de maturidade digital do tecido económico de um país, com base no nível atual e desejado de digitalização das suas empresas), explica que 9% da variação da produtividade em cada ponto DAI adicional reflete um aumento de 2% na produtividade média das empresas, o que significa que um salto de escalão DAI poderá equivaler a um aumento de 50% da produtividade média.
Grandes empresas investem mais no digital
O aumento do investimento na digitalização está também correlacionado com ganhos de maturidade digital. O estudo aborda que 65% das grandes empresas investem mais de 0,5% das suas receitas no digital e aquelas que aplicam mais de 2% têm, em média, mais 14 pontos de maturidade que as que investem abaixo desse valor.
“Isto mostra que as médias empresas, que apresentam uma maturidade mais avançada, têm trabalhado de forma mais eficiente, já que 60% investem mais de 0,5% das suas receitas. Do lado das pequenas empresas, 60% investem menos de 0,1% das suas receitas”, esclarece o estudo.
A pesquisa revela que a maturidade digital promete uma posição competitiva e com maior retorno para as empresas que consigam impor esta vantagem. Além da execução por parte das empresas, as instituições nacionais e europeias têm um papel preponderante ao assegurar um contexto propício à transformação digital com recursos humanos e financeiros e um ambiente regulatório equilibrado.
Apesar da existência de medidas de apoio, mais de metade das empresas analisadas neste estudo não conhece qualquer programa de financiamento virado ao digital, sendo esta uma realidade transversal a todos os segmentos empresariais.
As diferenças de ambição de desenvolvimento digital são notórias entre os diferentes setores económicos, com as médias e grandes empresas dos setores financeiro, transportes, logística, hotelaria e turismo a mostrarem ambições de subirem dois níveis de maturidade.
Para 2022, refere o estudo, as empresas de média e grande dimensão apontam o marketing digital, a investigação e desenvolvimento de produto, bem como a oferta de novos serviços e produtos digitais como as áreas prioritárias de desenvolvimento. Em contraciclo, encontram-se as indústrias metalúrgica e automóvel, que parecem estar conformadas com a posição que assumem na escala e o seu foco concentra-se nas dimensões que impactam a experiência do cliente.
Entre as pequenas empresas, as relacionadas com a educação são as mais ambiciosas, em oposição às de saúde e retalho, sendo que nestes o foco de melhoria está na digitalização da cadeia logística e no melhor e maior aproveitamento dos dados.
Segundo o relatório, o processo de transformação deve ser orientado para maximizar as probabilidades de sucesso. Para tal, propõe-se a definição de objetivos claros que possam ser traduzidos em ações concretas, num processo liderado pelo negócio, mas de “braço dado” com a tecnologia.
Neste estudo foram entrevistadas e analisadas um total de 1.047 empresas nacionais, cujas respostas ao questionário DAI foram recolhidas ao longo de 2020. A amostra do estudo procurou garantir a visibilidade de todos os principais setores económicos, dimensões de empresas e regiões para espelhar de forma rigorosa o tecido empresarial português.