Os eurodeputados elegeram Roberta Metsola (PPE, Malta) para presidente do Parlamento Europeu até 2024, na primeira volta do escrutínio, com 458 votos.
Roberta Metsola foi eleita com uma maioria absoluta de 458 votos, na primeira volta do escrutínio que decorreu esta manhã em Estrasburgo, no Parlamento Europeu.
Coincidência: Metsola foi eleita precisamente no dia em que festejou 43 anos de vida.
Metsola, que pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), a direita europeia, irá presidir ao Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislativa, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.
Metsola tinha três oponentes nesta votação: Alice Kuhnke (Verdes/ALE, Suécia, que obteve 101 votos), Sira Rego (Grupo da Esquerda, Espanha, que obteve 57 votos) e o eurodeputado Kosma Zlotowski (ECR, Polónia que retirou a sua candidatura antes do início da primeira volta do escrutínio).
Após a eleição, a nova presidente do PE falou no legado de David Sassoli, um “lutador” que “lutou pela Europa e por nós, por este Parlamento”.
A vitória de Metsola era esperada, considerando o entendimento entre as três maiores bancadas do hemiciclo europeu (os grupos do PPE, da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas – S&D – e do Renovar a Europa – RE), que previa que a presidência da assembleia europeia na segunda metade da legislatura coubesse a uma figura escolhida pelo PPE, de centro-direita, após o socialista Sassoli ter assumido o posto nos dois primeiros anos e meio.
Para ser eleito, um candidato deve obter a maioria absoluta dos votos expressos válidos, ou seja, 50% mais um. Devido à pandemia, foi decidido que a votação seria realizada por via remota.
Perfil de Roberta Metsola
Nascida no país mais pequeno da União Europeia, Malta, em 18 de janeiro de 1979, Roberta Metsola é eurodeputada desde 2013 e passa a ser a presidente mais jovem do Parlamento Europeu. É também a primeira maltesa a dirigir uma instituição europeia.
Advogada de profissão, Metsola trabalhou como adida na Representação Permanente de Malta junto da União Europeia desde 2004, até se tornar eurodeputada em 2013.
Casada com o finlandês Ukko Metsola que conheceu numa manifestação contra o ditador bielorrusso Aleksander Lukashenko, em Helsínquia, a nova líder do PE é mãe de quatro filhos.
Metsola é considerada como pertencente à ala menos conservadora do PPE pela sua abertura ao diálogo sobre as políticas de imigração e a sua defesa pública da igualdade das mulheres e dos direitos das pessoas LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Queer e Intersexuais).
No entanto, também se opõe abertamente ao direito ao aborto o que a coloca, ao mesmo tempo, próxima da alta mais conservadora daquele grupo parlamentar.
De resto, natural de Malta, o último país da União Europeia onde o aborto continua a ser completamente ilegal, esta responsável do PE mereceu críticas recentemente de alguns colegas seus em virtude das suas convicções antiaborto. Perante essas críticas em torno deste tema, Metsola declarou que o seu dever à frente do Parlamento “será representar a posição do Parlamento”, mesmo sobre direitos sexuais e reprodutivos.
A sua posição em relação à violência também levanta dúvidas à esquerda devido à sua abstenção no Parlamento Europeu quando se tratou de classificar a violência contra as mulheres como crime em toda a União Europeia.
“Vou trabalhar arduamente para continuar a construir pontes nesta casa, à medida que trabalhamos em conjunto para fazer avançar importantes dossiers legislativos”, diz Roberta Metsola.
Foi eleita primeira vice-presidente do PE em novembro de 2020, tendo ocupado interinamente a presidência após a morte de David Sassoli, em 11 de janeiro. Será a terceira mulher a presidir ao PE, depois de Simone Veil (presidente de 1979 a 1982) e de Nicole Fontaine (presidente de 1999 a 2002).
Metsola diz que pretende “que as pessoas readquiram um sentido de crença e entusiasmo pelo nosso projeto”, sublinhando: “Temos de lutar contra a narrativa anti-UE que se instala tão facilmente e tão rapidamente. A desinformação e a informação errónea, amplificadas ainda mais durante a pandemia, alimentam um cinismo fácil e soluções baratas de nacionalismo, autoritarismo, protecionismo, isolacionismo”.
“A Europa é precisamente o oposto”, disse a nova presidente Roberta Metsola. “Trata-se de todos nos defendermos uns aos outros, aproximando os nossos povos. Trata-se de defendermos os princípios das nossas mães e dos nossos pais fundadores, que nos conduziram das cinzas da guerra e do holocausto à paz, à esperança e à prosperidade. Há 22 anos, Nicole Fontaine foi eleita, 20 anos depois de Simone Veil. Não passarão mais duas décadas até a próxima mulher estar aqui”, disse.
“A sua sabedoria, experiência como coordenadora do grupo e vice-presidente do Parlamento, e a sua capacidade de reunir eurodeputados de diferentes partidos e países será uma mais-valia para a nossa instituição, numa altura em que tal é mais necessário do que nunca. Ela será o rosto de um Parlamento forte, moderno e mais visível, que nos fará sentir orgulhosos. E, sim, também pensamos que já é tempo de o próximo presidente do Parlamento Europeu ser uma mulher”, refere o líder do grupo do PPE no Parlamento Europeu, Manfred Weber.