Tornar o setor do retalho mais ecológico não é um processo fácil, já que a energia usada, por exemplo, em grandes department stores para o aquecimento, o arrefecimento e a iluminação é deveras grande. É claro que não se compara à indústria em si, mas se olharmos para toda a cadeia de valor, o peso das emissões de gases com efeito de estufa deste setor é elevado. Corresponde a cerca de 25% do total de emissões mundiais, mas, na verdade, os retalhistas apenas têm controlo sobre 2% destas emissões. Assim sendo, esta indústria terá muita dificuldade em atingir as metas de neutralidade carbono, porque este segmento não tem o controlo de toda a cadeia.
Uma das formas de abordar a questão da redução das emissões dos gases com efeitos de estufa seria uma transição para a circularidade, o que será, obviamente, um dilema para a indústria pois implica reduzir as vendas.
Estes dados resultam de um estudo realizado pela Crédito Y Caución, uma marca de seguros de crédito presente em Portugal, e em mais 50 países. O research refere que questionados os protagonistas do retalho estes referem que não acreditam que consigam alcançar metas de carbono satisfatórias nos próximos três anos. Foram ouvidos retalhistas presentes em mercados como os Estados Unidos, a china, a Tailândia, a Áustria, a Itália, os Países Baixos, a Suíça, entre outros.
Uma das formas de abordar esta questão seria uma transição para a circularidade, o que será um dilema para a indústria pois implica reduzir as vendas. Um estudo norte-americano mostra que 80% dos consumidores daquela região estão agora mais despertos para a necessidade de reduzir o excesso de consumo, e para os consumidores isto pode passar por comprar peças em segunda mão, sobretudo através de plataformas como a E-bay, a Vinted entre outras, agora em franco crescimento.
Um estudo recente da Bain & Company mostra que já são muitos os consumidores mundiais preocupados com a sustentabilidade do planeta, principalmente em mercados como o Brasil e na região da Ásia Pacífico.
Não são esperados investimentos significativos na redução carbónica
De acordo com a opinião dos analistas da Crédito y Caución nos diferentes mercados, não se podem esperar investimentos significativos do setor na transição ecológica nos próximos anos. Isto porque o retalho já enfrenta pressões económicas significativas – que põem até em causa a sua própria sobrevivência -, devido à concorrência no comércio electrónico, ao aumento das rendas dos estabelecimentos comerciais, à falta de confiança dos consumidores e a um contexto de inflação e taxas de juro elevadas.
Por outro lado, é certo que muitos retalhistas não conseguem aceder ao financiamento devido ao recente aumento das insolvências no setor e às suas perspectivas problemáticas.
Apesar das dificuldades que o setor terá para atuar sobre a sua pegada de carbono, esta redução apresenta algumas oportunidades, como a poupança em custos energéticos e a melhoria da eficiência operacional. Além disso, os consumidores em todo o mundo estão a incorporar, cada vez mais, a sustentabilidade nas suas decisões de compra, pelo que os operadores que atuem rapidamente terão uma vantagem em termos de reputação.