Portugal tem conseguido impor-se no setor do luxo, nos últimos anos, estando a atrair investimento em várias áreas, seja no imobiliário, na hotelaria, na restauração e até no retalho premium. A Avenida da Liberdade, em Lisboa, tem sido uma localização estratégica para muitas marcas internacionais que se procuram instalar no nosso país. Assim sendo, e segundo os dados do Relatório de Comércio de Rua de Lisboa e Porto 2025, realizado pela Cushman & Wakefield, cerca de 40% da oferta total de lojas de rua de luxo e premium existentes atualmente em Lisboa e Porto foram abertas nos últimos 10 anos, com especial incidência na Avenida da Liberdade. Em ambas as cidades portuguesas o segmento alto mostrou grande dinamismo, mostrando não apenas o interesse das grandes marcas internacionais nestas localizações, como o aumento do fluxo de turistas com elevado poder de compra.
A Avenida da Liberdade concentra 89% da oferta total para estes dois segmentos. No Porto, a Avenida dos Aliados é a artéria que concentra mais lojas de rua de luxo e premium, atingindo uma quota de 20%.
Nos últimos 10 anos abriram mais de 30 novas lojas de rua de segmento alto e cerca de 15 no Porto, o que correspondeu a 40% da oferta total no país. Estes dois segmentos ocupam cerca de 32 mil metros quadrados em Lisboa, distribuídos por 120 lojas, que correspondem a 10% da oferta total de retalho de rua na cidade. A Avenida da Liberdade concentra 89% da oferta total para estes dois segmentos. No Porto, a Avenida dos Aliados é a artéria que concentra mais lojas de rua de luxo e premium, atingindo uma quota de 20%. O setor da moda impulsionou esta dinâmica, representando 44% desta nova oferta, seguido pelo segmento de joalharia e relojoaria, com 22% das aberturas.
Lisboa com quota de 31% da oferta de lojas de rua
Relativamente ao retalho em geral, os dados recolhidos pela equipa de analistas da consultora imobiliária mostram que, em 2024, Lisboa se consolidou como principal destino de lojas de rua no país, registando uma quota de 31% da oferta nacional, sendo que o número de lojas na capital aumentou 12% face a 2019. Esta cidade inaugurou qualquer coisa como 2.160 novas lojas de rua, ao longo dos últimos 10 anos.
As marcas de moda e restauração assumiram papel de destaque representando respetivamente 26% e 29% da oferta existente. Em termos de procura a restauração foi o setor mais representativo ao longo da última década, responsável por 65% das aberturas em Lisboa. O setor da moda, por sua vez, foi responsável por 10% dos espaços abertos em Lisboa, que se destaca pelas suas seis zonas prime de comércio de rua. São elas a Avenida da Liberdade, a Baixa, os Restauradores e Rossio, o Chiado, o Cais do Sodré, e o Príncipe real. A Avenida da Liberdade regista a maior concentração de cadeias internacionais, quota que atinge os 76%, seguida dos Restauradores e Rossio, com a presença de marcas internacionais a atingir os 52%, impulsionada por aberturas de grande relevância, como a nova flagship da Zara no Rossio, a segunda maior do mundo, com cerca de cinco mil metros quadrados.
“A atividade de abertura de lojas pelos retalhistas é cada vez mais limitada pela reduzida oferta. A oferta nas principais localizações de luxo – a Avenida da Liberdade em Lisboa e a Avenida dos Aliados no Porto – é ainda mais restrita”, diz João Esteves, partner da Cushman & Wakefield.
De uma forma geral, o comércio de rua representou mais de 80% do número total de aberturas em Lisboa e Porto. Neste período de 10 anos verificou-se ainda que o Porto assistiu ao nascimento de 770 novos espaços comerciais. Tal como na capital, a restauração foi o setor mais representativo ao longo da última década, responsável por 66% das aberturas no comércio de rua no Porto e o setor da moda, por sua vez, foi responsável por 9% das inaugurações desta cidade. Também na capital do Norte o comércio de rua concentra-se no centro da cidade, tendo registado uma revitalização significativa impulsionada pelo aumento do turismo e pelas intervenções urbanísticas. Este crescimento reflete a maior presença de retalhistas internacionais e nacionais, que aumentaram as áreas ocupadas em 17% e 12%, respetivamente. A taxa de desocupação também registou uma redução significativa.
Para João Esteves, partner e líder do departamento de retalho da Cushman & Wakefield, “As alterações legislativas ao arrendamento urbano e os incentivos à reabilitação urbana, implementados há mais de uma década, juntamente com o aumento do turismo, continuam a ser fatores determinantes para o crescimento do comércio de rua”. Acrescenta ainda, em comunicado, que “A nossa análise mostra também que, apesar da procura continuar a subir, a atividade de abertura de lojas pelos retalhistas é cada vez mais limitada pela reduzida oferta. A oferta nas principais localizações de luxo – a Avenida da Liberdade em Lisboa e a Avenida dos Aliados no Porto – é ainda mais restrita. Este desequilíbrio reflete-se nos níveis de renda que continuaram a subir ao longo do último ano”.