Portugal conta com um total de 104.700 camas destinadas ao público sénior, distribuídas por 2.570 lares e residências de idosos, sejam públicos, sem fins lucrativos ou privados. Ora, este valor é insuficiente para dar resposta às necessidades futuras destes espaços, uma vez que as projeções apontam que cerca de 12,7% da população portuguesa deverá alcançar os 80 anos até 2050. Segundo o estudo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, dedicado ao mercado das residências para idosos, Portugal terá de aumentar a sua oferta de residências sénior para assim garantir o bem-estar e a qualidade de vida da população envelhecida.
Apesar de a maioria das instituições no mercado serem organizações sem fins lucrativos, o investimento privado é responsável por 25% das camas disponíveis. Os quatro maiores investidores nacionais privados, que disponibilizam 2.680 camas são, em cerca de 30 unidades séniores, são o Residências Montepio, com 1007 camas, em oito lares, a Emeis, com 815 camas, em 10 lares, a DomusVi, com 470 camas em cinco lares e a Naturidade, com 376 camas em sete lares.
“O volume de investimento em imóveis ligados ao sector da saúde, em Portugal, duplicou de 125 milhões de euros em 2020 para cerca de 250 milhões de euros em 2021, sendo que, em 2022 iniciou a sua descida para 115 milhões de euros e, em 2023, caiu abaixo de 20 milhões de euros”, refere Ricardo Reis.
O estudo aponta que a tendência é que o país comece a atrair investimento estrangeiro para esta área, uma vez que a prime yields para imóveis ligados ao setor da saúde foram estimadas em 5,75% em 2023, enquanto a dos escritórios atingiu os 5% e a do retalho os 4,75%. Logo, se a rentabilidade é superior o investimento é atrativo. Apesar de o mercado enfrentar altos custos de construção e incertezas políticas, as tendências demográficas e o crescente foco em critérios ESG apresentam oportunidades para investimentos estratégicos, revela o estudo. Conclui ainda que à medida que que a população continua a envelhecer, a procura por residências seniores de qualidade e instalações de cuidados tenderá a aumentar, tornando este setor uma área crucial para futuros investimentos.
Citado em comunicado, Ricardo Reis, diretor de Avaliação & Advisory da Cushman&Wakefield confirma exatamente isso. “Temos verificado um interesse crescente na área de acomodação sénior devido à conjuntura demográfica do nosso país, e à falta de oferta, pelo que acreditamos que iremos verificar um aumento do investimento privado na área, sendo esta perspetiva facilmente verificada pelos valores mais recentes: o volume de investimento em imóveis ligados ao sector da saúde, em Portugal, duplicou de 125 milhões de euros em 2020 para cerca de 250 milhões de euros em 2021, sendo que, em 2022 iniciou a sua descida para 115 milhões de euros e, em 2023, caiu abaixo de 20 milhões de euros”, refere o mesmo responsável.
O imobiliário da saúde na Europa
O estudo da consultora imobiliária refere que embora o segmento dos lares de idosos tenha registado uma aparente resiliência no final de 2022, com a realização de vários negócios, o aumento das taxas de juro levou a uma desaceleração geral significativa nos volumes de investimento na Europa. Ou seja, o volume dos negócios neste segmento atingiu os 4 mil milhões de euros, o que representou uma quebra de 35% face ao ano anterior e uma queda de 50% em relação ao valor recorde atingido em 2021. Esta quebra poderá ter a ver com o compasso de espera do mercado, que está a aguardar para ver os próximos desenvolvimentos, e com a lacuna sentida entre as expectativas dos preços, entre os vendedores e os compradores. Muitos players adiaram investimentos, contudo o estudo estima que o mercado poderá voltar ao seu dinamismo no final de 2024. Uma descida das taxas de juro diretoras do BCE seria uma boa noticia e poderia levar a uma estabilização do mercado.