Os colaboradores estão a regressar ao escritório e as empresas começam a procurar novamente localizações centrais nas grandes cidades. Segundo o estudo «Return to the Core», da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, atualmente são cerca de 75% os arrendamentos de escritórios localizados nos CBD (Central Business Districts) das cidades europeias. Os dados mostram que, nos últimos 12 meses, os arrendamentos em localizações centrais na Europa registaram um aumento de 10% face ao período homólogo. Em contraste, os arrendamentos fora do centro registaram uma quebra de 4%.
Esta opção das empresas justifica-se sobretudo pela proximidade aos transportes, na eficiência operacional e o acesso a zonas com elevada oferta de serviços. Estes tornaram-se elementos-chave na estratégia de ocupação, elevando a localização a uma prioridade máxima.
O research da Cushman & Wakefield mostra ainda que doze cidades, elas Lisboa, –registaram um aumento da atividade de arrendamento em zonas centrais no período até ao segundo trimestre de 2025, face ao ano anterior.
“Nos doze meses até junho de 2025, quase três quartos dos contratos de arrendamento nas principais cidades europeias ocorreram em áreas centrais, um aumento significativo face aos cerca de 60% registados antes da pandemia. Este crescimento acentuado demonstra como a localização se tornou um fator decisivo na estratégia dos ocupantes, mesmo num contexto de subida contínua das rendas prime”, afirma, em comunicado, Nigel Almond, diretor sénior da Cushman & Wakefield.
O research da Cushman & Wakefield mostra ainda que doze cidades, elas Lisboa, –registaram um aumento da atividade de arrendamento em zonas centrais no período até ao segundo trimestre de 2025, face ao ano anterior. As exceções a esta tendência destacam ainda mais o papel da qualidade do edifício e dos serviços integrados na tomada de decisões relativas a escritórios.
Lisboa posiciona-se entre as cidades mais dinâmicas
Na Europa, a taxa média de desocupação nos CBD desceu para 7,1% no segundo trimestre de 2025, face aos 7,3% registados no trimestre anterior, o que mostra claramente o aumento da procura por espaços com localizações centrais.
A capital portuguesa acompanha a tendência, já que, no final do segundo trimestre, as zonas 1 e 2 – as localizações mais centrais de escritórios – registaram taxas de desocupação de apenas 4,5% e 3,8%, respetivamente. Por outro lado, as zonas mais periféricas registaram um ligeiro agravamento da taxa de desocupação, que atingiu os 12,9% no final do segundo trimestre. Segundo os analistas da Cushman & Wakefield, a diferença entre as taxas de desocupação nas zonas centrais e fora do centro alargou-se para 585 pontos base, o valor mais elevado desde o primeiro trimestre de 2016. Ora, estes dados evidenciam uma crescente polarização no mercado de escritórios em Lisboa. O chamada Corredor do Oeste é uma das zonas onde este desequilíbrio é mais evidente, com uma taxa de desocupação que se fixou nos 13,6%.
Esta situação está também a ter impacto na evolução das rendas, impulsionando o aumento das rendas prime. No final do segundo trimestre de 2025, as rendas prime em localizações centrais registavam um crescimento médio anual de 3,7%, face a 2,3% nas zonas periféricas. Nos últimos três anos, as rendas nas áreas centrais aumentaram 13,2%, quase o dobro do crescimento observado fora do centro, que foi de 7%.
Apesar da existência de espaços de qualidade fora do centro, as empresas tendem a valorizar mais a localização, reconhecendo o papel que os escritórios bem situados desempenham na promoção do trabalho híbrido e na intensificação da colaboração presencial”, explica Pedro Salema Garção.
“Olhando para o futuro, é expectável que a preferência por localizações centrais se mantenha como uma prioridade para os ocupantes. A facilidade de acesso, a oferta de serviços e a qualidade dos espaços de trabalho, que promovem ambientes flexíveis, colaborativos e estimulantes, continuam a ser fatores decisivos, especialmente num contexto em que as empresas procuram incentivar o regresso dos colaboradores ao escritório. Apesar da existência de espaços de qualidade fora do centro, as empresas tendem a valorizar mais a localização, reconhecendo o papel que os escritórios bem situados desempenham na promoção do trabalho híbrido e na intensificação da colaboração presencial”, explica Pedro Salema Garção, partner e diretor de Escritórios da Cushman & Wakefield em Portugal.
Investidores reforçam também nas zonas centrais
Se o mercado procura zonas centrais, ops investidores não deixam passar ao lado as oportunidades que daqui surgem. Por isso estão a apostar nas zonas core para o negócio. Porém, as yields prime nas áreas centrais estabilizaram durante o ano de 2024, surgindo agora os primeiros sinais de um movimento descendente. Os yields registaram uma compressão de 8 pontos base, passando de 5,3% no terceiro trimestre de 2024 para 5,2% no segundo trimestre de 2025. Fora das zonas centrais, os yields prime aumentaram para 6,8%, face aos 6,7% no mesmo período. Consequentemente, o valor dos ativos nas zonas centrais aumentaram 5% no último ano, assinalando quatro trimestres consecutivos de crescimento, enquanto os valores fora das zonas centrais registaram uma queda de 0,2% no mesmo período.





