A Renault prepara-se para a venda de 100 veículos históricos da sua coleção, num leilão organizado pela Artcurial Motorcars, a 7 de dezembro de 2025, em Flins-sur-Seine, a poucos quilómetros de Paris.
Mais do que um evento comercial, trata-se de uma celebração da herança e da identidade da marca, que se prepara para inaugurar, em 2027, um novo espaço de valorização do património Renault — um centro de exposição e inovação dedicado aos 125 anos de história automóvel da casa francesa.
A Renault detém uma rica coleção com mais de 800 automóveis, protótipos, objetos de design, motores e documentos que testemunham a evolução da mobilidade desde 1898. Com a criação do novo centro patrimonial de Flins-sur-Seine, a marca reorganiza o seu acervo, mantendo cerca de 600 modelos únicos e colocando à venda exemplares duplicados — garantindo, contudo, que pelo menos, um exemplar de cada modelo permanece preservado no seu arquivo histórico.

“Estamos a oferecer aos colecionadores uma oportunidade única: a de se tornarem guardiões deste rico património”, explica Pierre Novikoff, Vice-Presidente da Artcurial Motorcars. Mais de 90% dos lotes serão leiloados sem preço de reserva, um gesto raro no mercado de colecionismo automóvel e um convite aberto a entusiastas de todo o mundo.
Uma viagem através de 125 anos de paixão automóvel
Os 100 modelos selecionados representam uma verdadeira viagem no tempo. Desde os primeiros automóveis de Louis Renault, passando pelas glórias da Fórmula 1, até aos ícones do design popular francês, cada veículo é um fragmento vivo da história europeia sobre rodas.
A venda começa com peças-museu como o Type D de 1901, ainda funcional, e um autocarro de 1933.

Estarão também em exibição réplicas do Type A de 1898, produzidas em série limitada aquando do centenário da marca — um tributo ao automóvel que iniciou a revolução Renault.

A era dourada da competição
No trajeto da Renault, a Fórmula 1 é relevante: entre 1977 e 1985, a Renault conquistou 15 vitórias e 31 pole positions em 123 Grandes Prémios. Pioneira no uso do motor Turbo, a marca fez história em 1977 com o RS01, o primeiro monolugar F1 com esta tecnologia.

O leilão reunirá cerca de vinte monolugares autênticos dos anos Turbo (1981–1985) — máquinas conduzidas por Jean-Pierre Jabouille, René Arnoux, Patrick Tambay, Eddie Cheever e Alain Prost. Entre eles, o RE40, vencedor do Grande Prémio da Bélgica em Spa, e outros acompanhados por cadernos técnicos originais, documentos raros que revelam os bastidores da engenharia de Viry-Châtillon.
Endurance e Ralis
O Alpine A442, símbolo das 24 Horas de Le Mans, surge como uma das estrelas da venda. Trata-se do chassis número 0, o primeiro da linhagem, conduzido em circuitos míticos como Imola e Nürburgring.

Nos ralis, brilham o Renault 5 Maxi Turbo 5 B0 e o Renault 5 GT Turbo Bandama, este último ainda com vestígios da terra vermelha africana — testemunhos tangíveis das batalhas do Campeonato do Mundo com Alain Oreille ao volante.

Ícones populares
A coleção presta também homenagem aos modelos que moldaram o quotidiano francês e europeu: do 4CV ao R5 Police, passando pelo Floride “Disney” e o Clio Williams, restaurados ou mantidos em estado original. Alguns serão vendidos com documentação de matrícula, uma raridade no mercado de clássicos provenientes diretamente de um fabricante.
O legado Alpine
O legado Alpine também estará em destaque com modelos como o A610 Evolution, o mais potente alguma vez produzido, o V6 Turbo e uma maquete original do lendário A110. Peças que representam a elegância e a performance que definem a sub-marca desportiva da Renault.
Memorabilia
Além dos automóveis, o leilão incluirá cerca de cem objetos e maquetes de design. Entre os destaques, modelos de túnel de vento e aerodinâmica — alguns à escala 1:5 — de clássicos como o R4, R5, Supercinq e Twingo, além de maquetes conceptuais de Fórmula 1.

Os colecionadores de competição poderão ainda disputar motores lendários, como o Renault Elf V6 Turbo EF15, usado por Ayrton Senna em 1986, e uma coleção de capacetes, fatos e memorabilia da Renault F1.
O catálogo reserva ainda peças únicas e inesperadas: uma maquete ferroviária panorâmica, carruagens e embarcações em escala, um relógio Bodet original da fábrica de Flins e até um raro “Reinastella” disco voador, fruto de uma colaboração com a Eurodisney.

Uma estratégia de valorização patrimonial e de marca
Este leilão é parte de uma estratégia global da Renault para valorizar o seu património industrial, reforçando a ligação emocional com o público e projetando o legado da marca para o futuro.
O novo centro de Flins-sur-Seine, cuja abertura está prevista para 2027, funcionará como museu, centro de inovação e espaço de experiências imersivas, onde visitantes poderão descobrir os 125 anos de história da Renault — da mecânica artesanal às tecnologias elétricas do presente.
Oportunidade para colecionadores
Para colecionadores e investidores, o leilão de 7 de dezembro representa uma oportunidade porventura irrepetível: adquirir peças originais, com proveniência garantida e significado histórico inquestionável. “Será um evento de referência mundial. Estes automóveis não são apenas máquinas — são capítulos da história da inovação”, resume Pierre Novikoff.





