Tinha 25 anos quando fundou a EVZONE. De onde nasceu a sua veia empreendedora que resultou numa empresa que já vendeu mais de 700 veículos ao longo de quatro anos e, hoje, fatura mais de dois milhões de euros por ano?

Na verdade, nunca percebi bem de onde veio a minha veia empreendedora, mas acho que nasceu de uma combinação de curiosidade, paixão e resiliência, algo que sempre me acompanhou ao longo da vida, muito por conta dos valores familiares que me foram passados pelos meus pais e pelos meus avós. Acho que por ter vindo de um meio e família humilde, aprendi desde cedo a valorizar oportunidades, mesmo as que à primeira vista não parecessem promissoras. Olhando para trás, um dos exemplos marcantes dessa mentalidade, e talvez o primeiro surto de uma preposição natural para o negócio, foi aos 13 anos, quando encontrei perto de um caixote do lixo um saco de peluches perto de casa dos meus avós, juntamente com o meu irmão Diogo e o meu grande amigo de infância Lucas Silva. Os peluches estavam em bom estado, apenas um pouco sujos. Então, pedi à minha avó que os lavasse e uns dias depois fizemos a venda de todos aqueles peluches porta a porta, aos nossos vizinhos. Agora que olho para trás, reparo que estava ali um exemplo de negócio.

Ao longo da minha infância, experiências do género deram-me uma base sólida de confiança e uma predisposição natural para arriscar. Outro exemplo na minha adolescência, enquanto fazia a minha licenciatura em Gestão Desportiva, foi ter começado o meu primeiro negócio de revenda de suplementos desportivos, o que me permitiu explorar conceitos de gestão, marketing e vendas, enquanto conciliava essa pequena operação com o trabalho que tinha na altura e os estudos.

No entanto, nesta jornada de descoberta, o risco estava presente e, como em qualquer negócio, também falhei. Investi todas as minhas poupanças num negócio na área do desporto, onde enfrentei dificuldades e acabei por falir, naquele que foi o meu primeiro projeto e a primeira empresa que constituí, a GymnoAcademy. Um projeto que teve início em 2018 e que terminou em 2020 (pandemia). Decidi reavaliar as minhas paixões e percebi que o mercado automóvel, algo que sempre me fascinou, poderia ser uma oportunidade para dedicar a minha atenção. Aos 25 anos vendi o meu carro próprio para ficar com essa liquidez como capital inicial para o que viria a ser a EVZONE.

O que começou como um pequeno sonho, rapidamente foi ganhando dimensão, impulsionado pela paixão que me fazia trabalhar com toda a força, sem olhar para as horas e os dias da semana. Partiu do meu trabalho, mas também com muito apoio, tanto da minha família como de amigos mais próximos, que me iam ajudando no que ainda era uma pequena operação.

Hoje, com mais de 700 veículos vendidos e um volume de faturação que ultrapassa os dois milhões de euros anuais, olho para trás e vejo que o verdadeiro segredo do meu percurso foi gerir o medo de arriscar e estar rodeado das pessoas certas. Cada obstáculo foi uma lição e cada conquista uma prova de que, com paixão e perseverança, tudo é possível.

Qual foi a inspiração por detrás do negócio?

A ideia surge em 2020, numa altura controversa e que todos nós ainda guardamos bem presente na memória. Como em tantos projetos por este País e mundo fora, as restrições impostas na pandemia conduziram ao insucesso do projeto que tinha na área do desporto. Um Ginásio dedicado à Ginástica e Fitness – GymnoAcademy. Na prática fui “motivado” a reinventar o meu percurso de empreendedor. Como sempre tive paixão por carros e no projeto anterior tinha adquirido algumas competências na área da gestão, arrisquei no setor automóvel. O meu primeiro negócio foi vender o meu carro da altura que valia 14 mil euros. Lentamente, fui investindo em modelos rentáveis, a liquidez foi acumulando e permitindo novos investimentos, até ao ponto em que existe a necessidade de criar a EVZONE e desenvolver os serviços que atualmente são reconhecidos: mediação de venda automóvel, importação por encomenda e, sobretudo, o modelo de investimento automóvel.

Qual é a missão principal da Evzone e como tem evoluído desde a fundação da empresa?

A clara missão é acrescentar valor no mercado automóvel, através da prestação de um serviço de excelência, baseado nos três pilares já referidos anteriormente: mediação de venda, importação por encomenda e modelo de investimento. A constante análise do mercado, o conhecimento acumulado e a paixão permitem-nos a deteção e angariação de boas oportunidades e a escolha de veículos diferenciados e exclusivos, num mercado cada vez mais global e exigente.

Modelo permite um maior leque de opções

Em que consiste o serviço de mediação de venda da Evzone?

A mediação de venda automóvel, de forma genérica, é um serviço que se aproxima muito do que conhecemos no mercado imobiliário. A nossa equipa verifica os veículos, garantindo a conformidade para venda na EVZONE, produz os anúncios, dinamiza a divulgação e gere o processo de venda.

Exatamente como funciona o serviço de importação por encomenda da Evzone? Quais são as principais vantagens para os clientes?

O objetivo é o serviço ser simples, célere e transparente. Em conjunto com os nossos consultores, o cliente escolhe o veículo que deseja e nós tratamos do resto. As vantagens são essencialmente duas: com um leque de opções muito maior é possível encontrar veículos “à medida de cada cliente” e, como não poderia deixar de ser, a preços muito competitivos.

Como é que a Evzone consegue oferecer preços mais competitivos em comparação com o mercado nacional de automóveis?

Esta missão é a mais complexa, até porque culturalmente, para o cliente final, o valor de aquisição é uma conquista, o que nos exige mais capacidade de trabalho para garantir qualidade, excelente serviço e PVP. De qualquer forma, o conhecimento abrangente, a rede de contatos já estabelecidos, os protocolos com marcas e stands em vários países da Europa – destacando Alemanha, Países Baixos, Bélgica, França e Itália – permitem-nos ter acesso a um leque de oferta muito maior e a preços competitivos.

Podemos dizer que a Evzone introduziu um modelo de investimento inovador no mercado automóvel? Pode explicar-nos como é que esse modelo funciona e como difere do paradigma tradicional de compra de carros?

Sem dúvida que o modelo de investimento automóvel da EVZONE é pioneiro. A ideia surge de uma forma muito orgânica em 2020. Quando comecei no mercado automóvel, as vendas começaram a fluir, as pessoas mais próximas de mim, tanto familiares como amigos mais próximos, tiveram a perceção que o projeto da EVZONE começava a ter sucesso. Daí a começarem a investir foi um processo natural. Como a minha liquidez era limitada, fui começando a passar oportunidades de investimento aos interessados. Com os resultados positivos e a melhor estratégia de marketing, o “boca a boca”, o crescimento foi rápido e passou a ser necessário ter um espaço físico e uma equipa. Hoje, o modelo de investimento continua a crescer e já representa uma parte fundamental do negócio da EVZONE.

Como em todos os processos da EVZONE, também o modelo de investimento se gere de acordo com eficiência, celeridade e transparência. O investidor define o valor disponível para investir e nós procuramos, quer no mercado nacional quer internacional, boas oportunidades de negócio. A mais-valia para a EVZONE vem da comissão do processo de venda.

Como é que o conceito de “comprar um carro circular” se traduz em ganhos potenciais para os clientes? Pode dar-nos um exemplo concreto?

A ideia surge em comunhão com o modelo de investimento e a nossa missão é mudar o paradigma de circular com um carro e perder valor com natural depreciação do mesmo ao longo do tempo seja pelo ano ou quilómetros. E, neste caso, a EVZONE surge com este modelo que permite apresentar propostas de veículos a preço de retalho a clientes particulares ou empresas para que estes possam fazer uso ou não do mesmo e garantir a sua rentabilidade no momento da venda a consumidor final.

Um futuro promissor

Quais são os planos futuros para a EVZONE? Como é que vê a empresa a evoluir nos próximos anos?

A EVZONE já mudou de instalações três vezes devido ao crescimento exponencial que a empresa tem tido nos últimos quatro anos. Tem sido um desafio encontrar o espaço ideal, mas para o ano de 2025 temos a intenção de iniciar a construção de uma infraestrutura que nos permita uma gestão autossuficiente, ou seja, uma instalação que junte todos os serviços necessários para aumentar a capacidade de resposta da empresa e, por consequente, o aumento do volume de negócio.

Que desafios específicos no mercado português de automóveis tem enfrentado e como os tem conseguido ultrapassá-los?

 O mercado automóvel português apresenta vários desafios e acredito que a capacidade de os compreender e de nos adaptarmos tem sido essencial para o crescimento da EVZONE.

Um dos maiores desafios é a carga fiscal elevada, que torna os automóveis importados significativamente mais caros em Portugal devido ao ISV (Imposto Sobre Veículos) e IVA. Para ultrapassar isso, desenvolvemos uma estratégia focada em identificar veículos que representem boas oportunidades financeiras, equilibrando o custo inicial e o valor de mercado pós-legalização. Além disso, garantimos uma gestão minuciosa dos processos legais e administrativos, simplificando a experiência para o cliente.

Outro desafio importante é a cultura de consumo conservadora. Muitos consumidores portugueses preferem comprar veículos em concessionários tradicionais devido à perceção de maior segurança. Para enfrentar essa barreira, trabalhamos arduamente na construção e valorização da marca, apoiada por um histórico sólido de mais de 700 veículos vendidos, avaliações de clientes satisfeitos e parcerias estratégicas com fabricantes e fornecedores.

Por fim, destaco as oscilações do mercado internacional, especialmente relacionadas com a pandemia e com a crise logística global. A nossa resposta foi diversificar as origens dos veículos e fortalecer as relações com fornecedores em diferentes países, garantindo estabilidade na oferta e na qualidade.

Esses desafios têm exigido criatividade, flexibilidade e, acima de tudo, um compromisso inabalável com a satisfação dos nossos clientes.