A época 2023/24 começa na madrugada desta quarta-feira para a NBA, com os Denver Nuggets e os Los Angeles Lakers a inaugurar a temporada (00h30 em Portugal), seguidos dos Golden State Warriors frente aos Phoenix Suns (3h). Esta é a 78.ª época da melhor liga de basquetebol do mundo e a 22.ª em que a própria liga confronta os 30 general managers dos clubes com 50 questões que servem de antevisão para a temporada.
O verão ficou marcado pelas transferências de Damian Lillard, dos Portland Trail Blazers para os Milwaukee Bucks, e Jrue Holiday, também de Portland para os Boston Celtics, além do anúncio do final da carreira de Andre Iguodala, quatro vezes campeão da NBA ao serviço dos Warriors. O que aconteceu antes do primeiro jogo da época teve uma clara influência nos votos dos general managers, que colocaram os Celtics, equipa onde joga o português Neemias Queta, como um dos favoritos ao título. Lillard e Holiday receberam 60% dos votos para aquisições fora de época que causariam o maior impacto.
Ainda assim, a aposta nos Celtics não é unânime. Os Nuggets receberam também 33% dos votos, depois de terem vencido o campeonato na época passada. A fechar o pódio estão os Bucks (23%), que tinham recebido a maioria dos votos na antevisão de 2022/23.
Sobre o tema MVP não houve tantas dúvidas. Nikola Jokic (Nuggets) recebeu 43% dos votos, Giannis Antetokounmpo (Bucks) teve 20% dos votos e Jayson Tatum (Celtics) foi escolhido por 13% dos general managers.
Victor Wembanyama foi o nome que mais surgiu no que toca às questões sobre os rookies deste ano. 50% consideram que o francês será o rookie do ano desta temporada a 90% escolheu-o como aquele que será o melhor jogador daqui a cinco anos. Wembanyama e os seus 2,23 metros já davam muito que falar mesmo antes da chegada do jogador à NBA, o que coloca as expetativas de todos em níveis máximos.
Entre os outros nomes do lote de internacionais, Jokic é quem se destaca na escolha do melhor jogador com outra nacionalidade que não a norte-americana. 80% escolheram o sérvio. Luka Doncic, natural da Eslovénia, ficou em segundo (10%), Antetokounmpo, da Grécia, fechou o pódio (7%) e o camaronês Joel Embiid surge na quarta posição (3%).
Campeonato + Torneio
O In-Season Tournament é uma das grandes novidades deste ano nos Estados Unidos. Para quem está habituado a seguir as épocas de futebol europeias, assim como outras modalidades, nada disto é novidade, uma vez que já estão habituados a ver os clubes disputar diversas competições ao longo do ano. Funciona assim: Começa com a fase de grupos, onde as 30 equipas da NBA estão divididas em seis grupos. Aqui cada equipa vai defrontar os rivais uma vez, o que dá um total de quatro jogos para cada equipa, entre os dias 3 e 28 de novembro. Terminada esta fase, os clubes que terminarem em primeiro lugar de cada grupo e o melhor segundo classificado de cada conferência avançam para uma segunda fase. A cada jogo, quem vence avança e quem perde fica fora. Isto até à final four em Las Vegas, marcada para dezembro.
Grupos:
Este
A: 76ers, Cavaliers, Hawks, Pacers, Pistons
B: Bucks, Knicks, Heat, Wizards, Hornets
C: Celtics, Magic, Bulls, Nets, Raptors
Oeste
A: Grizzlies, Suns, Blazers, Lakers, Jazz
B: Nuggets, Pelicans, Mavs, Clippers, Rockets
C: Warriors, Timberwolves, Thunder, Kings, Spurs
Chegada de Neemias a Boston
Para os portugueses houve ainda outra mudança esta época. Se em 2021 todos juraram lealdade aos Sacramento Kings, este ano deu-se a retirada de Sacramento e a chegada, em peso, a Boston. Trocaram o roxo pelo verde e ninguém olhou para trás. Ou não estivéssemos a falar do novo clube de Neemias Queta, o primeiro e único português a jogar na NBA.
Neemias assinou um contrato two-way com os Boston Celtics, que o coloca novamente entre a NBA e a G League, nesta ao serviço dos Maine Celtics. A mudança de clube parece ter sido a melhor decisão para a carreira do jogador.
“Não lhe é exigido fazer coisas diferentes daquilo que são as suas mais valias”, explica Ricardo Brito Reis, comentador da Sport TV e fundador da newsletter ‘Borracha Laranja’. “Em Sacramento era-lhe pedido que tentasse ao máximo replicar aquilo que o [Domantas] Sabonis fazia na equipa titular e por isso é que eles têm tido insucesso com todos os postes suplentes. Obrigá-los a sair da sua zona de conforto e quase anular aquilo que são as coisas que fazem bem, acaba por criar um sentimento de frustração porque nenhum deles consegue render ao nível que eles pretendem. Em Boston o que acontece, e essa é talvez a grande diferença em relação a Sacramento, é que o que é pedido ao Neemias é que ele faça apenas aquilo que já faz muito bem, que é a proteção de cesto, os bloqueios no ataque, a ameaça de alley-oop. Essas coisas muito especificas do jogo são coisas em que o Neemias já é de um nível alto, muito alto e algumas delas até de nível elite na NBA. Pedirem-lhe isso é pedirem-lhe para ele estar muito confortável e não ter de inventar, digamos assim”.
Já num novo ambiente, o português não desiludiu e apresentou-se na melhor forma nos jogos da pré-temporada. De tal maneira que já muitos defendem que o seu contrato seja revisto, colocando o português a tempo inteiro na NBA. Mas é preciso controlar o entusiasmo. Em primeiro lugar porque este contrato já permite que Neemias esteja presente em 50 jogos da fase regular, em segundo porque é vantajoso para a equipa manter alguns contratos standard em aberto, pensando nas mudanças que podem vir a acontecer ao longo do ano, e em terceiro por causa das rotações na equipa.
“No que diz respeito à fase regular, quero acreditar que os Celtics vão jogar apenas com um poste, o Porziņģis, e o Al Horford vai sair do banco”, diz Ricardo. “Embora os Celtics tenham dito que o Luke Kornet era o dono e senhor do lugar de terceiro poste na rotação, a verdade é que pode haver aqui alguns matchups no início da época em que podem dar-lhe uma oportunidade. Se isso acontecer, e ele continuar a ter bons desempenhos na fase regular, pode até acabar por garantir uma oportunidade de se manter com a equipa principal. Mas acredito que o objetivo deles, pelo menos quando o contrataram, era de o desenvolverem em Maine”.
Tudo isto coloca o português numa boa posição. É que se a expetativa do clube era uma e Neemias já a superou apenas na pré-temporada, agora os desafios dependem mais de si próprio. “É conquistar a confiança, fazê-los acreditar que o bom desempenho na pré-temporada não foi apenas fugaz, que é algo que pode ter continuidade. Nas várias entrevistas que ele tem dado, ele tem falado sempre de uma coisa: consistência. Para que a confiança nele possa crescer e eles possam apostar cada vez mais nele sem medo”, continua.
E a expetativa para a temporada dos Boston Celtics?
“Que sejam sérios candidatos ao título. Já estiveram muito perto. Vão conviver com essa pressão de serem um dos mais sérios candidatos ao título, um dos mais sérios candidatos a chegar à final da conferência Este, a par dos Bucks. Acho que cada uma das equipas sentirá que não chegar às finais da NBA resulta numa época fracassada. Para os Celtics será certamente. E por isso o objetivo será ser campeão da NBA, sabendo que do outro lado há Denver Nuggets, há Lakers, Warriors. Esta equipa tem de apontar ao título da NBA como o único objetivo e acho que eles estão prontos”, conclui.
Os mais bem pagos de 2023
LeBron James | Los Angeles Lakers | 112,8 milhões de euros
Além de ser o basquetebolista mais bem pago do mundo, LeBron James é também o primeiro jogador da NBA no ativo a tornar-se bilionário. O norte-americano chegou à liga em 2003, depois de ser escolhido pelos Cleveland Cavaliers. Mas o que está na base da sua fortuna não é apenas o trabalho dentro das quatro linhas, a estrela dos Los Angeles Lakers está por trás da empresa de nutrição desportiva Ladder e da SpringHill Company, que desenvolve e produz conteúdos televisivos e outros conteúdos de entretenimento. Também tem uma participação no Fenway Sports Group, proprietário dos Boston Red Sox, Liverpool FC e Pittsburgh Penguins, e investiu recentemente numa equipa da Major League Pickleball. James foi um dos primeiros a apoiar a tequila Lobos 1707 e, no último ano, investiu na Canyon Bicycles, na empresa de lacticínios Neutral Foods e na marca de vestuário desportivo Mitchell & Ness. A sua LeBron James Family Foundation abriu a sua primeira escola primária em 2018 e comprometeu-se a gastar mais de 40 milhões de dólares para enviar jovens para a universidade.
Stephen Curry | Golden State Warriors | 94,8 milhões de euros
O duas vezes MVP (jogador mais valioso) assinou o primeiro contrato no valor de 200 milhões de dólares da NBA em 2017. Em 2021, assinou uma extensão de contrato de quatro anos e 215 milhões de euros. Em 2017, Curry formou uma nova empresa, SC30, que gere os seus investimentos, parcerias com marcas e empreendimentos filantrópicos. Em novembro de 2020, a Under Armour anunciou o lançamento da Curry Brand e em março de 2023 assinou uma extensão de longo prazo com a empresa de vestuário, que se prolongará até à sua reforma do basquetebol. A empresa de produção de Curry, Unanimous Media, assinou um acordo de desenvolvimento com a Comcast NBCUniversal em setembro de 2021. Em novembro de 2020, mudou-se para podcasting com um acordo com a Audible.
Kevin Durant | Phoenix Suns | 84,1 milhões de euros
Durant foi transferido dos Brooklyn Nets para os Phoenix Suns em fevereiro, mas os seus negócios não se limitam à quadra. Através da sua empresa de investimentos, a 35V, adquiriu participações na Premier Lacrosse League, na marca de nutrição Happy Viking, na League One Volleyball, na rede de ligas desportivas femininas Athletes Unlimited, numa equipa da Major League Pickleball, na marca Mitchell & Ness da Fanatics, na empresa de criadores digitais Goldenset Collective, na empresa de software desportivo ScorePlay e na TMRW Sports de Tiger Woods. Tem também um império mediático em crescimento na Boardroom e um dos mais valiosos contratos de ténis da NBA com a Nike, que foi recentemente atualizado para um contrato vitalício. Michael Jordan e LeBron James são os únicos outros dois jogadores da NBA que receberam contratos vitalícios da marca.
Giannis Antetokounmpo | Milwaukee Bucks | 82,7 milhões de euros |
Russell Westbrook | Los Angeles Clippers | 77,5 milhões de euros |
Klay Thompson | Golden State Warriors | 57,5 milhões de euros |
Damian Lillard | Milwaukee Bucks | 55,3 milhões de euros |
James Harden | Philadelphia 76ers | 52 milhões de euros |
Paul George | Los Angeles Clippers | 48,6 milhões de euros |
Kawhi Leonard | Los Angeles Clippers | 47,7 milhões de euros |
Bradley Beal | Phoenix Suns | 47 milhões de euros |
Anthony Davis | Los Angeles Lakers | 45,3 milhões de euros |
Jimmy Butler | Miami Heat | 45,1 milhões de euros |
John Wall | – | 45,1 milhões de euros |
Luka Doncic | Dallas Mavericks | 44,6 milhões de euros |