As redes sociais revelam porque não agimos mais contra as alterações climáticas: o ceticismo dos consumidores devido ao greewashing impede-nos de tomarmos medidas concretas no sentido de reverter a situação. As conclusões são do estudo realizado pela Capgemini, pela Dassault Systèmes e pela Bloom, intitulado de “Social Intelligence for Climate Action”, que analisa as razões pelas quais, apesar de existirem cada vez mais sinais óbvios das alterações climáticas, não estão a ser tomadas medidas reais para isso.
Segundo o estudo agora publicado, e que decorreu entre fevereiro e outubro de 2022, o principal obstáculo decorre do ceticismo dos consumidores provocado pelo greenwashing. Verificou-se ainda um aumento de ansiedade relacionada com as questões ambientais e climáticas e da frustração pela ausência de informação fidedigna para orientar a ação climática.
Os consumidores acham que os efeitos das ações individuais já não são suficientes, tendo em conta a dimensão da urgência climática.
O objetivo do estudo conjunto foi compreender melhor quais são os obstáculos ao desenvolvimento da ação climática e como podem as pessoas superá-los. A Bloom, plataforma de Inteligência Artificial que analisa redes sociais, analisou as conversas nas redes no mundo inteiro relativamente a este tema. Foram mais de 330 milhões de pessoas a expressarem-se sobre o assunto, sendo que o debate está focado na melhor forma de lidar com o problema. A empresa analisou o conteúdo publicado em inglês no Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e TikTok.
O estudo concluiu que os principais obstáculos ao desenvolvimento de ação climática são os seguintes, pela ordem de importância:
1 – Otimismo irrealista: ou seja, otimismo oportunista das empresas e das instituições sobre os seus progressos em matéria de preservação do ambiente. Ou seja, o impacto real deste progresso é muitas vezes difícil e medir, mas há, contudo, um otimismo na comunicação do mesmo. Este fenómeno é designado de greenwashing e cria dissonâncias, gera desconfiança e desencoraja a ação. Os consumidores, sobretudo os mais jovens, estão particularmente atentos a esta questão. Este otimismo irrealista também se estende àqueles que defendem que a tecnologia é a solução mágica para tudo.
2 – Falta de informação fidedigna acerca das soluções: os cidadãos são, muitas vezes confrontados com informações contraditórias ou desinformação que provoca desconfiança e um sentimento de impotência. O estudo verificou um aumento do número de publicações e dos níveis de engagement com fortes emoções negativas.
3 – Medo do impacto social negativo: a justiça social está no centro da discussão, num ano marcado pela inflação e aumento do custo de vida. Ou seja, é necessário fazer um determinado estilo de vida para limitar as mudanças climáticas. Os cidadãos estão preocupados com o facto de as populações mais vulneráveis possam ser as primeiras vítimas.
4 – Delegar a autoridade: ou seja, considerar que a ação climática é da responsabilidade dos outros e não de si próprio. O estudo demostra que as empresas são as entidades capazes de agirem mais eficazmente, face às ações individuais. Os consumidores acham que os efeitos das ações individuais já não são suficientes, tendo em conta a dimensão da urgência climática. As empresas sim, têm capacidade para gerar impacto.
5 – Desespero face às alterações climáticas: as pessoas sentem-se impotentes perante o impacto das alterações climáticas e por isso, desencorajadas de tomar qualquer atitude.