Reconstrução da saúde tem de colocar na linha da frente farmácias, indústria e ONG

Na conferência “Forbes Healthcare Summit 2025 – Rebuilding us”, que decorreu esta terça-feira, em Lisboa, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, defendeu que “as farmácias devem fazer parte da estrutura de saúde das zonas onde estão inseridas”. No painel “Saúde com sentido: equidade, inovação, reconstrução”, que contou também com Marta Andrade, CEO do…
ebenhack/AP
No painel “Saúde com sentido: equidade, inovação, reconstrução”, do Forbes Healthcare Summit 2025, Ema Paulino (Associação Nacional de Farmácias), Marta Andrade (Grupo ADA) e Luíza Teixeira de Freitas (Operação Nariz Vermelho) destacaram o contributo essencial de farmácias, indústria e ONG para o SNS.
Forbes Events Healthcare Summit 2025

Na conferência “Forbes Healthcare Summit 2025 – Rebuilding us”, que decorreu esta terça-feira, em Lisboa, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, defendeu que “as farmácias devem fazer parte da estrutura de saúde das zonas onde estão inseridas”. No painel “Saúde com sentido: equidade, inovação, reconstrução”, que contou também com Marta Andrade, CEO do Grupo ADA e Under 30 Portugal, e Luíza Teixeira de Freitas, presidente da Operação Nariz Vermelho, ficou claro que o futuro do sistema de saúde português exige proximidade, inovação e maior humanização dos cuidados.

Ema Paulino sublinhou o papel das farmácias comunitárias como recurso estratégico ainda pouco explorado. “Existe um potencial não aproveitado das farmácias comunitárias para o acompanhamento das pessoas”, afirmou, lembrando o contributo decisivo na vacinação da população e defendendo um “salto qualitativo e concetual” que integre as farmácias nas políticas de saúde pública.

Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias. Foto: Victor Machado

Para a líder da ANF, a confiança que os utentes depositam nestes espaços, assente na relação de proximidade e no conhecimento técnico, deve ser aproveitada para reforçar a prevenção e melhorar a resposta do SNS. A sua “receita” para o SNS passa ainda por repensar o modelo de financiamento: “Deveriam valorizar-se indicadores como o sucesso das intervenções e remunerar as pessoas pelo nível de cuidado mais eficiente. A minha receita para a melhoria do SNS seria revisitar o nosso sistema de financiamento de saúde” para que “o critério de financiamento esteja associado, não à produção, mas ao resultado e ao resultado visto pelas próprias pessoas a quem é prestado o serviço”.

“As farmácias devem fazer parte da estrutura de saúde das zonas onde estão inseridas”, defende Ema Paulino.

Por seu lado, Marta Andrade trouxe para o debate a perspetiva da indústria, defendendo que, apesar de também contribuir para o funcionamento da máquina que é o serviço de saúde, nem sempre é devidamente valorizada, designadamente pelo SNS: “É necessária uma abordagem que integre também a indústria”, afirmou. Para a CEO do Grupo ADA, a proximidade entre indústria e profissionais de saúde é essencial para evitar fragilidades e criar soluções ajustadas às necessidades do sistema. Ao falar da sua experiência, destacou ainda que “a indústria não tem de ser cinzenta. Pode ser sonhos, sentimento e proximidade”, reforçando que inovação e cuidado devem andar lado a lado.

Marta Andrade, CEO do Grupo ADA e Under 30 Portugal. Foto: Victor Machado

Já Luíza Teixeira de Freitas destacou a importância de olhar para a saúde de forma ampla, para além da ausência da doença, lembrando o papel das ONG e dos voluntários, que atuam “nas fendas” do sistema. “É preciso mudar a forma como a sociedade vê a morte. Para isso também são precisos apoios às muitas ONG que existem na área da saúde” e, em concreto, dos cuidados paliativos, afirmou, fazendo a apologia de maior apoio público e privado às associações que complementam a oferta do SNS. Sendo a responsável pela Operação Nariz Vermelho – Associação de Apoio à Criança, ONG que tem como missão levar alegria a crianças hospitalizadas através da arte do palhaço e especialista em cuidados paliativos, a sua proposta para melhorar o sistema foi, porventura, inesperada, mas clara: “A minha receita para o SNS passava por prescrever alegria”, indicou, ao mesmo tempo que informava a assistência que a Faculdade de Medicina de Lisboa e a Operação Nariz Vermelho criaram este ano uma cadeira opcional sobre “a arte do doutor palhaço”, tendo já esgotado as 20 vagas disponíveis: “O meu desejo é que daqui para a frente mais médicos possam frequentar estas aulas optativas” como parte do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), e nas quais os estudantes são convidados a inspirar-se na prática dos Doutores Palhaços para desenvolver empatia e uma humanização dos cuidados de saúde.

Luíza Teixeira de Freitas, presidente da Operação Nariz Vermelho. Foto: Victor Machado

O encontro organizado pela Forbes, e que aconteceu na sede da Associação Nacional de Farmácias, mostrou que a reconstrução do SNS exige várias respostas e implica diferentes intervenientes: das farmácias que aproximam cuidados da comunidade, à indústria que garante inovação e resiliência, passando pela humanização dos serviços através das ONG. A convergência de perspetivas apontou para um caminho comum, onde equidade, inovação e proximidade terão de ser os pilares centrais de um Sistema Nacional de Saúde que, por coincidência em relação à data de realização deste evento, assinalou 46 anos da sua criação esta segunda-feira.

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