O esqueleto mais completo já encontrado do dinossauro deinonychus (ou Deinonico), mais conhecido como o “velociraptor” na saga cinematográfica “Jurassic Park” e um dos mais raros de todos os fósseis de dinossauros, estará à venda no próximo mês num leilão histórico.
“Hector”, em homenagem a um dos guerreiros troianos na Ilíada, é um esqueleto composto por cerca de 126 ossos fósseis com cerca de 108 milhões a 115 milhões de anos, tendo sido escavado em Wolf Creek Canyon em Montana em 2014, de acordo com a Christie’s.
A Christie’s disse que será a primeira vez que um fóssil de Deinonico aparece em leilão e espera que o esqueleto seja vendido por entre US$ 4 milhões a US$ 6 milhões (3,8M€ a 5,7M€).
Fósseis completos de deinonicos estão entre os mais raros de todos os restos de dinossauros, e “Hector” é o único espécime completo em mãos particulares, enquanto apenas dois outros conjuntos estão alojados em coleções de museus, de acordo com a Christie’s.
O esqueleto será exposto no showroom da Christie’s em Nova Iorque antes de ser leiloado em 12 de maio, marcando a única exibição pública do espécime depois de fazer parte de uma exposição em Copenhaga, Dinamarca, que decorreu de 2020 a 2021.
Há apenas três esqueletos completos de deinonicos no mundo – dois estão em museus; o terceiro é este “Hector” que está em mãos particulares.
Velociraptores no cinema? Talvez não…
Os dinossauros deinonychus apresentados em “Jurassic Park” (o primeiro filme é de 1993, realizado por Steven Spielberg) foram chamados de velociraptors nos filmes, que na verdade é o nome de uma espécie completamente diferente.
Ou seja, o que aparece no filme são Deinonychus e não velociraptores. Os velociraptores eram menos agressivos e provavelmente do tamanho de perus, de acordo com a Christie’s.
Os Deinonychus podem genericamente ser vistos como uma versão duas vezes maior do Velociraptor. Um Velociraptor seria, sensivelmente, do tamanho de um cão pequeno, enquanto um Deinonychus seria mais do tamanho de um pónei.
Os raptors de “Jurassic Park” eram baseados no maior e mais agressivo Deinonychus – o esqueleto que vai ser leiloado.
Qual o motivo pelo qual os Deinonychus são chamados de Velociraptores no “Parque Jurássico”? Michael Crichton, que escreveu os livros nos quais a franquia de cinema (que resultou em seis filmes, o último dos quais a ser lançado em 2022) baseia-se na obra do paleoartista Gregory S. Paul que agrupou os fósseis de Deinonychus sob o nome de Velociraptor.
Os paleontólogos não concordaram com essa aglutinação — o Velociraptor foi mantido distinto do Deinonychus —, mas o livro de Gregory S. Paul foi um êxito e uma das pessoas que leu o livro foi o escritor Michael Crichton. Crichton afirmou que foi atraído pela natureza dramática do nome Velociraptor.
Procura tem crescido
A procura por fósseis de dinossauros entre colecionadores particulares tem crescido nos últimos anos. Um esqueleto de Tiranossauro Rex foi vendido por US$ 31,8 milhões (30,1M€) em 2020, o que bateu o recorde de ossos de dinossauro mais caros vendidos em leilão. Um apontamento: a Christie’s estimava que este esqueleto pudesse atingir 8 milhões de dólares – afinal quase chegou a 32 milhões de dólares!
O esqueleto, apelidado de “Stan”, será alojado num novo museu em Abu Dhabi, segundo a National Geographic.
Colecionadores de celebridades como Nicolas Cage e Leonardo DiCaprio teriam comprado ossos pré-históricos. No entanto, o tratamento de esqueletos de dinossauros é controverso.
Alguns especialistas na área dizem que os fósseis apreendidos por colecionadores particulares impedem que os ossos sejam vistos pelo público e estudados por pesquisadores, e surgiram preocupações sobre o mercado de dinossauros que alimenta o tráfico e o roubo de espécimes para vendê-los.
Cage concordou em devolver o crânio de 276.000 dólares (262 mil euros) de um Tyrannosaurus bataar pelo qual ele teria derrotado DiCaprio numa guerra de lances em leilão, isto depois de ter sido revelado que esse crânio tinha sido roubado anteriormente.