No início, a sustentabilidade apareceu como um pilar “que tem de ser relevante na gestão de qualquer negócio”; hoje tornou-se um fator de decisão no momento da compra.
Produções fotográficas em praias do Sri Lanka ou da Tailândia, influenciadoras digitais como embaixadoras da marca, colaborações com nomes relevantes, como o designer de moda Gonçalo Peixoto: os biquínis e fatos de banho da Drope Clothing investem na imagem. As peças são sensuais, divertidas, inusitadas — mas a marca quer mais do que um look.
Em 2019, Maria Santos e António Monteiro quiseram criar uma marca de roupa de banho com atenção à sustentabilidade. Cinco anos depois, boa parte dos têxteis usados pela Drope é feita a partir de lixo marinho reciclado. Os tecidos de fornecedores europeus seguem para o Norte de Portugal, onde os biquínis são costurados. Por fim, vendem-se online, e seguem em caixas recicláveis e sem plástico.
Na empresa do Porto, Maria Santos, com formação em marketing, continua a arriscar o desenho das peças e António Monteiro, de gestão, é o responsável pelos números e pelo comercial. O casamento entre a aspiração a umas férias na Tailândia e o menor impacto ambiental está a ajudar esta marca a crescer — apesar de aumentar os custos, frisam. Em entrevista contam como querem influenciar outras empresas a seguir o caminho da sustentabilidade.
“Um dos pilares principais da Drope desde o início é a sustentabilidade ambiental”
Como é que a Drope Clothing define sustentabilidade?
Maria– É a criação de moda de maneira consciente e responsável, tentarmos ao máximo minimizar o nosso impacto ambiental. Um exemplo prático disso: a indústria têxtil tem muito desperdício e nós tentamos rentabilizar todas as sobras de tecidos de todas as campanhas. Sempre que acabamos uma produção, todos os restos de tecidos são convertidos em elásticos ou fitas de cabelo que oferecemos às nossas clientes, para tentar minimizar todos os desperdícios.
A ideia de vender sustentabilidade está na origem da marca? Como apareceu?
António– Um dos pilares principais da Drope desde o início é a sustentabilidade ambiental. Não é só uma preocupação nossa, é crescente em toda a gente, ainda mais com toda a informação que temos hoje. É uma questão que tem de ser relevante na gestão de qualquer negócio. Queremos, para além de fazermos produtos de qualidade e de criarmos uma ideia de lifestyle, inspirar e informar tanto as nossas clientes como outras empresas: fazer parte de um movimento entre empresas.
4 conselhos de Maria e António para uma vida mais sustentável:
→Procurar informação validada
→Não comprar por impulso
→Fazer escolhas conscientes e compras de qualidade
→Renovar ou recuperar a roupa que já temos
Como se prepararam para construir uma marca com preocupações sustentáveis?
M– Passámos muito tempo a investigar quais seriam os fornecedores, porque sempre quisemos ter parceiros que correspondessem aos valores da marca, que tivessem materiais sustentáveis e com a maior qualidade. Não é tão rentável em termos de negócio, os materiais acabam por ser um bocadinho mais caros, materiais para valorizar o nosso produto. Quisemos também informarmo-nos das políticas que deveríamos seguir em termos de produção e embalamento. As nossas embalagens de envio não têm nenhum plástico e são recicladas e recicláveis.
Quais têm sido os maiores desafios na execução de um negócio sustentável?
A- Tem muito a ver com o que a Maria mencionou: os custos inerentes a escolhas mais sustentáveis. Fazemos apostas grandes nas campanhas e em associar caras conhecidas à marca, mas depois ainda temos os custos associados a tecidos reciclados ou à produção em Portugal, onde as condições de trabalho são melhores para os trabalhadores. É do conhecimento de todos que em países menos desenvolvidos há condições precárias e de exploração que se traduzem num preço final mais baixo. Sem dúvida que os nossos custos obrigam a uma gestão mais minuciosa, porque queremos colocar o produto no mercado de forma acessível.
A indústria da moda tem diferentes impactos ambientais (emissões, poluição das águas e solo, criação de grandes aterros) em todo o mundo. Qual é a vossa preocupação primordial?
M – A nossa principal decisão foi ter a maior parte dos biquinis em tecido reciclado. A Healthy Seas, uma organização sem fins lucrativos, juntamente com mergulhadores voluntários, recolhe redes de pesca do fundo dos oceanos, reciclam o fio de nylon para tecelagem e nós utilizamos esse tecido. Além disto, temos uma grande preocupação em fazer um produto que seja versátil e que dure por muito tempo. Os materiais que utilizamos têm uma boa durabilidade e assim queremos reduzir o consumo excessivo das nossas clientes, que sabem que o que compram na Drope dura.
E têm esse feedback?
M- Sim, temos clientes que compraram no primeiro ano e que dizem que o biquini continua impecável. No início de todas as coleções, todos os materiais que utilizamos sofrem sempre diversos testes: deixamo-los em contacto com a água do mar, em fricção com pedra — além do feedback que já temos dos fornecedores, queremos garantir que aquilo que estamos a usar vai cumprir com o que as clientes esperam.
A- Ao longo do tempo vamos recebendo mais mensagens de clientes que se apercebem destas decisões sustentáveis. Claro que acaba por pesar na decisão de compra. É interessante ver que cada vez mais é um esforço valorizado.
A sustentabilidade traz mais público à Drope? A marca tem também um lado lifestyle muito forte. São aspetos que se complementam?
M- O lifestyle, sem dúvida, é a característica que define a Drope, mas sentimos cada vez mais que a sustentabilidade é valorizada. A sustentabilidade aliada ao lifestyle tem sido uma crescente mais-valia. Atribui um grande valor ao nosso produto, ajuda na decisão de compra — é o feedback que temos das nossas clientes.
“Sempre que acabamos uma produção, todos os restos de tecidos são convertidos em elásticos ou fitas de cabelo que oferecemos às nossas clientes(…)”
Produzem as vossas peças em Portugal. A indústria têxtil portuguesa está preparada para criar moda sustentável?
A – A nível social, é importante as condições de trabalho em que as pessoas estão. Além disto, à medida que vamos lidando com os nossos fornecedores, vemos uma preocupação maior — tanto em apresentarmos materiais sustentáveis como no embalamento desses materiais. O que nós conseguirmos mudar nas consciências de todos é bom e acho que a nível global há esse caminho para uma crescente sustentabilidade.
Quais os aspetos em que querem aumentar a sustentabilidade da Drope no futuro?
A- O importante é mesmo a mentalidade para uma melhoria contínua. Por exemplo, com os nossos parceiros responsáveis pelos envios, todos os anos abordamos a questão das frotas elétricas, vamos fazendo essa pressão para aumentarem o número de veículos elétricos nas frotas. Além disto, temos uma busca ativa de novas soluções e tecidos que obedeçam aos nossos princípios. É uma indústria a evoluir muito.
Este conteúdo patrocinado foi produzido com a colaboração da Drope.