Em 2021, o estado do poder feminino em todo o mundo surge um pouco diferente do que era há apenas um ou dois anos. As mulheres ganharam terreno no chamado c-suite, os executivos e gestores com maiores responsabilidades nas empresas responsabilidade: entre as mulheres na 18ª lista anual da Forbes das 100 mulheres mais poderosas do mundo estão 40 CEO, o maior desde 2015, que administram um recorde de 3,3 triliões de dólares (2,9 biliões de euros) em receitas.
Contudo, o que elas ganharam na sala de reuniões, perderam noutros cargos. Por exemplo, há menos duas mulheres chefes de Estado do que há um ano. E nesse aspeto, nada ilustra melhor a dinâmica desta lista do que a mudança no topo. Pela terceira vez em 18 anos que a Forbes elabora esta classificação, a chanceler alemã Angela Merkel não é a número 1.
Um novo número 1
Com a saída de Merkel da liderança da Alemanha, há um novo rosto a ocupar o número um das mulheres mais poderosas do planeta: trata-se da filantropa bilionária MacKenzie Scott. Ela é a terceira mulher mais rica do mundo, mas é o seu acesso alargado a esse dinheiro – e a sua determinação em doá-lo de uma forma significativa e revolucionária – que a coloca acima das demais “rivais”.
Logo atrás, na segunda posição está a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que sobe uma posição agora que tomou posse, trocando de lugar com Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu que agora é a terceira da lista.


Mais do que dinheiro e posição de poder
Todas estas mulheres incorporam a ideia-chave por trás da compilação deste ranking: não basta ter dinheiro ou uma posição de poder para estar no “top”. É determinante que essas individualidades estejam a fazer algo com a sua fortuna, a sua voz ou a sua plataforma pública.
Veja-se o caso de Rosalind Brewer, ex-chefe de operações da Starbucks que assumiu o comando da Walgreens em março e é atualmente a única mulher negra a dirigir uma empresa S&P 500. Campeã de longa data da diversidade no local de trabalho, Brewer subiu 15 posições para o nº 17.
Outro exemplo é o da cofundadora e imunologista da BioNTech Özlem Türeci, que é uma das 20 estreantes este ano. Ela surge na 48ª posição da lista não apenas porque foi cofundadora de uma empresa de biotecnologia, mas também por causa do seu papel na liderança do desenvolvimento da empresa da vacina de mRNA Covid, em parceria com a gigante farmacêutica global Pfizer.
Também a fazer a sua estreia na lista, na posição 94ª, é a nova presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan: ela tem sido fundamental na implementação dos protocolos da COVID-19 no seu país.
Depois, há a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, cuja franca adesão à liberdade e à democracia em face do aumento da pressão da China fê-la saltar 28 posições até ao 9º lugar.
Quem perdeu protagonismo
Algumas mulheres nesta lista viram o seu poder diminuir no ano passado. Isso é particularmente verdadeiro para algumas mulheres na China, onde a repressão do presidente Xi Jinping ao setor de tecnologia e às atividades de negócios significou menos autonomia e, por sua vez, posições inferiores para Dong Mingzhu, da Gree Electric (caiu 11 pontos para nº 58) e a CEO da Yum China, Joey Wat (caiu 39 posições para a 73ª).
Mesmo a Rainha Isabel I não está imune a uma reavaliação: classificada no posto 70, a monarca caiu 24 posições como resultado da redução das suas aparições públicas e do crescimento da miríade de crises de reputação que atingiu a Coroa britânica este ano (incluindo, mas não se limitando a alegações da Duquesa Meghan Markle de tratamento racista).
Embora as pessoas na 18ª lista anual da Forbes das 100 mulheres mais poderosas do mundo venham de 30 países e territórios e trabalhem nas áreas de finanças, tecnologia, política, filantropia, entretenimento e muito mais, elas estão unidas por um sentimento de dever.
Sentido de dever merece destaque
Frances Haugen, a ex-funcionária do Facebook que se tornou denunciante e número 100 na lista deste ano, não se propôs apenas a divulgar resmas de dados sobre o seu ex-empregador, mas disse que não poderia ficar parada e assistir enquanto a empresa colocava os lucros acima das pessoas.
A cantora Taylor Swift (nº 78) não fez os seus primeiros álbuns com a intenção de regravá-los uma década depois, todavia, foi o que ela teve que fazer para manter os seus direitos de propriedade e provar a outros artistas o valor do seu trabalho.
“A nossa experiência não pode ser ditada pelo que podemos fazer ou temos permissão para fazer”, afirma a cineasta Ava Duvernay (nº 80 da lista e a primeira realizadora negra a ter um filme seu nomeado para o Oscar de Melhor Filme, o que aconteceu em 2015, com a película “Selma”).). Se houver uma frase que resuma esta lista, esta é uma possível. Mostra que estas mulheres estão a reescrever as regras de negócios, do mundo das finanças e da política.
O seu trabalho é necessário agora mais do que nunca. São mulheres de fibra que vão para lá das convenções, tornando-se inspiradoras para toda uma geração.
Esta é a lista Forbes das 100 mulheres mais poderosas do mundo:
Posição no Ranking | Nome | Idade | País/Território | Categoria |
#1 | MacKenzie Scott | 51 | EUA | Filantropia |
#2 | Kamala Harris | 57 | EUA | Política |
#3 | Christine Lagarde | 65 | França | Política |
#4 | Mary Barra | 59 | EUA | Negócios |
#5 | Melinda French Gates | 57 | EUA | Filantropia |
#6 | Abigail Johnson | 59 | EUA | Finanças |
#7 | Ana Patricia Botín | 61 | Espanha | Finanças |
#8 | Ursula von der Leyen | 63 | Alemanha | Política |
#9 | Tsai Ing-wen | 65 | Taiwan | Política |
#10 | Julie Sweet | 54 | EUA | Negócios |
#11 | Karen Lynch | 58 | EUA | Negócios |
#12 | Carol Tomé | 64 | EUA | Negócios |
#13 | Emma Walmsley | 52 | Reino Unido | Negócios |
#14 | Jane Fraser | 54 | EUA | Finanças |
#15 | Nancy Pelosi | 81 | EUA | Política |
#16 | Gail Boudreaux | 61 | EUA | Negócios |
#17 | Rosalind Brewer | 58 | EUA | Negócios |
#18 | Susan Wojcicki | 53 | EUA | Tecnologia |
#19 | Safra Catz | 59 | EUA | Tecnologia |
#20 | Ruth Porat | 64 | EUA | Tecnologia |
#21 | Martina Merz | 58 | Alemanha | Negócios |
#22 | Kristalina Georgieva | 68 | Bulgária | Política |
#23 | Oprah Winfrey | 67 | EUA | Media e Entretenimento |
#24 | Shemara Wikramanayake | 59 | Austrália | Negócios |
#25 | Judith McKenna | 55 | Reino Unido | Negócios |
#26 | Amanda Blanc | 54 | Reino Unido | Negócios |
#27 | Nicke Widyawati | 53 | Indonésia | Negócios |
#28 | Amy Hood | 49 | EUA | Tecnologia |
#29 | Catherine MacGregor | – | França | Negócios |
#30 | Phebe Novakovic | 63 | EUA | Negócios |
#31 | Shari Redstone | 67 | EUA | Media e Entretenimento |
#32 | Laurene Powell Jobs | 58 | EUA | Filantropia |
#33 | Ho Ching | 68 | Singapura | Finanças |
#34 | Jacinda Ardern | 41 | Nova Zelândia | Política |
#35 | Jessica Uhl | 53 | EUA | Negócios |
#36 | Sheryl Sandberg | 52 | EUA | Tecnologia |
#37 | Nirmala Sitharaman | 62 | Índia | Política |
#38 | Gwynne Shotwell | 58 | EUA | Tecnologia |
#39 | Janet Yellen | 75 | EUA | – |
#40 | Kathy Warden | – | EUA | Negócios |
#41 | Adena Friedman | 52 | EUA | Finanças |
#42 | Marianne Lake, Jennifer Piepszak | – | EUA | Finanças |
#43 | Sheikh Hasina Wajed | 74 | Bangladesh | Política |
#44 | Gina Rinehart | 67 | Austrália | Negócios |
#45 | Thasunda Brown Duckett | – | EUA | Finanças |
#46 | Vicki Hollub | 61 | EUA | Negócios |
#47 | Mary Callahan Erdoes | 54 | EUA | Finanças |
#48 | Ozlem Tureci | – | Alemanha | Negócios |
#49 | Lisa Su | 52 | EUA | Negócios |
#50 | Dana Walden | 57 | EUA | Media e Entretenimento |
#51 | Tricia Griffith | 57 | EUA | Negócios |
#52 | Roshni Nadar Malhotra | 40 | Índia | Tecnologia |
#53 | Cathie Wood | 66 | EUA | Finanças |
#54 | Jennifer Salke | – | EUA | Media e Entretenimento |
#55 | Tokiko Shimizu | 56 | Japão | – |
#56 | Donna Langley | 53 | Reino Unido | Media e Entretenimento |
#57 | Hana Al Rostamani | – | – | Finanças |
#58 | Dong Mingzhu | 67 | China | Negócios |
#59 | Yuriko Koike | 69 | Japão | Política |
#60 | Elvira Nabiullina | 58 | Rússia | Política |
#61 | Suzanne Scott | – | EUA | Media e Entretenimento |
#62 | Lynn Good | – | EUA | Negócios |
#63 | Ann Sarnoff | – | EUA | Media e Entretenimento |
#64 | Judy Faulkner | 78 | EUA | Negócios |
#65 | Melanie Kreis | 50 | Alemanha | Negócios |
#66 | Sri Mulyani Indrawati | 59 | Indonésia | Política |
#67 | Paula Santilli | – | México | Negócios |
#68 | Rihanna | 33 | Barbados | Media e Entretenimento |
#69 | Laura Cha | – | Hong Kong | Finanças |
#70 | Queen Elizabeth II | 95 | Reino Unido | Política |
#71 | Mette Frederiksen | 44 | Dinamarca | Política |
#72 | Kiran Mazumdar-Shaw | 68 | Índia | Negócios |
#73 | Joey Wat | 50 | China | Negócios |
#74 | Reese Witherspoon | 45 | EUA | Media e Entretenimento |
#75 | Wang Feng Ying | – | China | Negócios |
#76 | Beyoncé Knowles | 40 | EUA | Media e Entretenimento |
#77 | Güler Sabanci | 66 | Turquia | Negócios |
#78 | Taylor Swift | 31 | EUA | Media e Entretenimento |
#79 | Zhou Qunfei | – | Hong Kong | Tecnologia |
#80 | Ava DuVernay | 49 | EUA | Media e Entretenimento |
#81 | Solina Chau | 59 | Hong Kong | Filantropia |
#82 | Magdalena Andersson | – | Suécia | Política |
#83 | Sanna Marin | 36 | Finlândia | Política |
#84 | Mary Meeker | 62 | EUA | Tecnologia |
#85 | Serena Williams | 40 | EUA | Media e Entretenimento |
#86 | Zuzana Caputova | 48 | Eslováquia | Política |
#87 | Dominique Senequier | 68 | França | Finanças |
#88 | Falguni Nayar | 58 | Índia | Negócios |
#89 | Lee Boo-jin | 51 | Coreia do Sul | Negócios |
#90 | Anne Wojcicki | 48 | EUA | Tecnologia |
#91 | Ngozi Okonjo-Iweala | 67 | Nigéria | Política |
#92 | Raja Easa Al Gurg | – | Emirados Árabes Unidos | Negócios |
#93 | Julia Gillard | 60 | Austrália | – |
#94 | Samia Suluhu Hassan | – | Tanzânia | Política |
#95 | Kirsten Green | 50 | EUA | Tecnologia |
#96 | Renuka Jagtiani | – | Emirados Árabes Unidos | Negócios |
#97 | Chrystia Freeland | – | Canadá | Política |
#98 | Mo Abudu | – | Nigéria | Media e Entretenimento |
#99 | Christiana Figueres | – | Costa Rica | Política |
#100 | Frances Haugen | – | EUA | Tecnologia |