A Impresa confirmou hoje que estão em curso negociações com o grupo MFE, para venda de até 33% do capital, mas ainda não há acordo vinculativo, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
“Na sequência dos comunicados publicados nos dias 27 e 28 de setembro de 2025, a Impresa confirma estarem ainda em curso negociações com o grupo MFE, embora não exista, nesta data, qualquer acordo vinculativo entre as partes”, lê-se no comunicado.
O grupo que detém a SIC e o Expresso sinalizou que “apesar de os termos finais do acordo estarem ainda em discussão, esclarece-se que o objeto das negociações se limita, neste momento, à subscrição de uma participação minoritária, não superior a 33% do capital social, por entidade do grupo MFE, através de aumento de capital na Impresa”.
O grupo MFE-MediaForEurope (MFE) é uma empresa multinacional pan-europeia de multimédia com morada fiscal em Itália e Espanha, detida pela família Berlusconi.
A história da MFE começa em Itália, no final da década de 1970, com uma televisão por cabo local chamada Telemilano, criada por um particular nos arredores de Milão.
Em 1980, foi transformada no Canale 5 e passou para as mãos de Berlusconi, começando a transmitir em toda a Itália. Até então, a RAI, a emissora pública com três canais, detinha o monopólio da televisão nacional.
Para competir em pé de igualdade com a televisão pública, a nova emissora de televisão comercial privada também criou um hub de três canais: ao Canale 5 juntou-se primeiro a Italia 1 (adquirida à editora Rusconi em 1982) e depois a Retequattro (adquirida ao grupo editorial Arnoldo Mondadori em 1984). Este novo hub televisivo foi chamado RTI – Reti Televisive Italiane e era apoiado por uma empresa exclusiva de vendas de publicidade chamada Publitalia’80, bem como por duas outras empresas: a Videotime, responsável por toda a parte tecnológica e de produção, e a Elettronica Industriale, que garantia a transmissão do sinal televisivo através da gestão da rede de transmissão.
As participações acionistas da RTI, Publitalia, Videotime e Elettronica Industriale foram fundidas numa nova empresa: a Mediaset, que foi listada na Bolsa de Valores de Milão em 1996.
O grupo italiano MFE tem como acionista maioritário a Fininvest, detida pela família do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, e assume como desafio ser o principal operador de TV e media da Europa.
O grupo iniciou a sua expansão internacional na década de 1990, entrando no mercado espanhol e adquirindo uma participação maioritária na Telecinco. A mudança decisiva ocorreu em 2010: a Telecinco fundiu-se com a Cuatro para formar a Mediaset España Comunicación, controlada pela Mediaset. A partir desse momento, a Espanha tornou-se a segunda área estratégica do grupo, depois de Itália, e foi consolidada nas demonstrações financeiras.
A MFE-MediaForEurope em 2024 gerou lucros consolidados de 2,9 mil milhões de euros.
Em 2025, a MFE-MediaForEurope deu um passo decisivo na sua estratégia europeia ao fazer uma oferta pública voluntária de aquisição de mais de 75% da ProSiebenSat.1 Media SE, o principal grupo televisivo alemão com sede em Unterföhring (Munique).
Agora, seguem-se conversações com o Grupo português Impresa. Além da SIC e do Expresso, o grupo Impresa detém SIC Radical, SIC Mulher, SIC Caras, K SIC, SIC Novelas, SIC Internacional, SIC Esperança, Blitz e a plataforma ‘streaming’ Opto, entre outras marcas.
com Lusa
