A realização dos Jogos Olímpicos é sempre muito cobiçada. Os países candidatam-se à sua organização com a esperança que este evento mundial traga os seus frutos e ajude o país anfitrião a registar um impacto positivo na sua economia. Segundo um estudo divulgado pelo Centro de Direito e Economia Desportiva, sediado em Paris, o impacto económico esperado em França, com a organização dos jogos deste ano, ascende a mais 11 mil milhões de euros, dos quais 4,5 mil milhões a serem gerados pelo próprio evento, e os restantes de turismo e imobiliário. Esta estimativa abrange um período longo, de 17 anos, que vai desde a fase do planeamento do evento até 2034. A economia francesa deverá crescer 1,1% em 2024 com o impulso do evento.
Contudo, segundo a análise da plataforma de investimento online XTB, o impacto do maior evento desportivo do mundo no mercado bolsista francês poderá não ser assim tão grande. A fintech analisou a evolução dos mercados dos países anfitriões do evento ao longo dos últimos anos, tendo para isso em conta os 12 meses que se seguiram à realização de cada edição. Porém, ao analisar as últimas 10 edições, a tendência não é clara, apesar de, na maioria dos casos, o resultado ser positivo.
O melhor desempenho bolsista foi após a edição de Atlanta
A XTB revela que o melhor desempenho bolsista foi registado em 1996, após os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, já que nos 12 meses seguintes o índice de ações norte-americano S&P500 registou uma subida de 31%. Seguem-se a edição de Seul, em 1988, em que o índice sul-coreano KOSPI subiu 28% ao fim de um ano, tal como aumentou o Athex Composite após os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. O IBEX 35 registou u crescimento de 24% após a realização do evento em Barcelona, em 1992, e a Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo, registou um crescimento de 16% após a edição de 2016. Crescimentos mais moderados foram sentidos após a edição de Los Angeles, em 1984, com apenas 12% e Londres, em 2012, com crescimento de 11%.
A XTB ressalva que, embora três edições tenham demonstrado fracos desempenhos bolsistas, é necessário contextualizar a sua realização, uma vez que estas ocorreram em períodos de distorção de preços a nível mundial.
Apesar destas boas performances, a análise da plataforma online mostra que o bom desempenho económico não está assegurado em todas as edições, como foi o caso da de Sydney, realizada em 2000, que foi seguida de um período de doze meses com baixa performance, tendo o índice S&PASX200 desvalorizado 7%, o valor mais baixo de uma bolsa após a realização dos jogos.
Também Pequim – edição que aconteceu em 2008 -, ficou no vermelho, com uma queda de 3% no índice Hang Seng. Por outro lado, o Japão evitou os resultados negativos, em 2021, em plena pandemia, mas apenas cresceu 1% no índice Nikkei 225.
A XTB ressalva que, embora estas três edições tenham demonstrado fracos desempenhos bolsistas, é necessário contextualizar, uma vez que estas ocorreram em períodos de distorção de preços a nível mundial, como foi o caso da crise financeira mundial em 2008. O caso da edição de Sydney, em 2000, ocorreu mesmo na fase da bolha das dot.com, e a edição de Tóquio coincidiu com as restrições impostas pela pandemia de Covid 19.
Assim, a plataforma conclui que embora a realização dos Jogos Olímpicos sejam um bom presságio para o mercado bolsista do país anfitrião, a realização de um grande evento desportivo não é suficiente para garantir desempenhos económicos positivos.