Não é novidade que o mundo de trabalho está em profunda transformação e a ser impactado, em larga escala, pela tecnologia, pela automação e pela Inteligência Artificial. Muitos têm sido os anúncios de redução de força de trabalho de grandes empresas – como a Amazon – tendo em vista a substituição das pessoas pela robotização do trabalho. Muitas das funções e profissões que hoje existem poderão desaparecer em alguns e outras tantas surgirão.
Mas mesmo com o advento da tecnologia, que nasceu para facilitar a vida ao homem, os níveis de stress profissional continuam a ser uma realidade. O tema do bem-estar profissional nunca foi tão discutido como atualmente, pois os empregadores têm consciência de que o talento humano faz a diferença dentro das organizações. Assim, a ManpowerGroup, multinacional especializada em soluções de talento, realiza um estudo que analisa o sentimento global dos trabalhadores em todo o mundo. O Global Talent Barometer 2025 avaliou 12 indicadores-chave, distribuídos por 3 índices – Bem-Estar, Satisfação no Trabalho e Confiança – tendo por base uma pesquisa que envolveu mais de 13.770 trabalhadores em 19 países. O estudo revela que o Indice Global do Global Talent Barometer se situa nos 68%, o que representa um ponto percentual acima do índice de 2024.
A análise mostra também que o Índice Global de Bem-Estar se situa nos 67%, um valor que fica três pontos percentuais acima do registado no ano passado, havendo uma ligeira melhoria em todos os indicadores. Segundo esta edição, 82% dos profissionais sente que o seu trabalho é significativo e tem propósito, e quase três em cada quatro – 74% – acredita que existe alinhamento com a visão e valores da sua empresa. Porém, certo é que 49% dos profissionais afirmam sentir níveis de stress diários moderados ou elevados. E desta percentagem, apenas 69% consideram que são apoiados pela sua organização no que respeita ao equilíbrio entre a sua vida profissional e a sua vida pessoal.
São 89% os inquiridos que revelam confiança na sua experiência e competência para desempenharem a sua função, sendo este o indicador mais forte de todo o estudo.
Outra das conclusões retiradas deste research é que quase 40% dos profissionais inquiridos pensam em mudar de emprego. O Índice de Satisfação no Trabalho obteve uma pontuação global de 62%, ficando um ponto percentual abaixo do registado no estudo de 2024. Ou seja, são 39% aqueles pensam em mudar de emprego nos próximos seis meses, e 61% sentem mesmo confiança na sua capacidade de o fazer. E, apenas 65% dos profissionais sentem segurança no seu emprego atual para os próximos seis meses, valor que caiu dos 71%. Apenas 55% sentem satisfação com o seu emprego, sem intenção de mudar.
Quanto ao Índice de Confiança, este obteve uma pontuação global de 76%, situando-se dois pontos percentuais acima do verificado no ano passado. Ou seja, os trabalhadores sentem mais confiança: 62% sentem mais oportunidades de carreira, uma subida de 5 pontos percentuais e 77% mais oportunidades de desenvolvimento, mais 4 pontos percentuais. Porém 30% reclamam falta de oportunidades de evolução na empresa para a qual trabalham.
Ainda assim, são 89% os inquiridos que revelam confiança na sua experiência e competência para desempenharem a sua função, sendo este o indicador mais forte de todo o estudo. Os profissionais têm também confiança na sua capacidade de usar a tecnologia mais recente disponível no seu setor, com um valor de 78%.
Tecnologias de Informação com índice mais elevado
Analisando as tendências por sector de atividade, os trabalhadores de Tecnologias de Informação são os que apresentam uma pontuação mais elevada no Índice Global do Talent Barometer, atingindo os 72%. Segue-se o sector das Finanças e Imobiliário e da Indústria Pesada e Materiais, com 71% cada. Já a pontuação mais baixa coube ao sector de Bens e Serviços de Consumo, com apenas 65%.
No Bem-estar, as Tecnologias de Informação e da Indústria Pesada e Materiais são os que apresentam os valores mais elevados, ambos com 70%. No caso do primeiro, este valor é impulsionado, sobretudo, por sentimentos elevados no que toca ao alinhamento de valores e ao equilíbrio vida-trabalho. Já na Indústria Pesada e de Materiais é impulsionado pelos valores positivos no significado e propósito e também no equilíbrio vida-trabalho. O sector de Bens e Serviços de Consumo é o que apresenta o menor índice de Bem-Estar, com apenas 63%.
Já os profissionais dos setores de Serviços de Comunicação e da Energia e Utilities são os que apresentam os Índices de Satisfação no Trabalho mais baixos, ambos os setores com 59%.
Relativamente à Satisfação no Trabalho, os sectores de Saúde e Ciências da Vida e de Indústria Pesada e de Materiais apresentam os valores mais elevados, ambos com 64%, seguidos do setor de Finanças e Imobiliário, com 63%. Os profissionais de Saúde e Ciências da Vida apresentam-se como os mais fidelizados, com 57% a afirmarem não pretender procurar um novo emprego nos próximos seis meses. Este é também o setor onde os trabalhadores sentem maior segurança no seu emprego atual, atingindo os 70%. Já os profissionais dos setores de Serviços de Comunicação e da Energia e Utilities são os que apresentam os Índices de Satisfação no Trabalho mais baixos, ambos os setores com 59%. Tecnologias de Informação (84%), Energia e Utilities e Finanças e Imobiliário (ambos com 81%) apresentam os índices mais elevados de confiança no trabalho.
Os trabalhadores de primeira linha e Blue-Collar são os que apresentam o Índice de Bem-Estar mais baixo, com 61% e 62% respetivamente, em contraste com a Liderança Sénior, que regista os resultados mais otimistas, atingindo os 74%. No entanto, as lideranças sénior são as apresentam os maiores níveis de stress diários, com 54%.





