Quantos milhões vai render a vinda da F1 para Portimão?

O regresso do Grande Prémio de Portugal ao calendário mundial da Fórmula 1 de 2027 e 2028 está a ser festejado pelo turismo pelo relevante impacto económico que terá. As corridas de F1 são vistas em centenas de países e atraem milhões de espectadores — um nível de exposição que poucas campanhas de marketing pagariam…
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O regresso da Fórmula 1 a Portugal é uma aposta com retorno económico assinalável, capaz de mobilizar turismo, investimento e visibilidade global num único fim de semana. O Governo já fez as contas e adianta os milhões que podem estar em causa.
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O regresso do Grande Prémio de Portugal ao calendário mundial da Fórmula 1 de 2027 e 2028 está a ser festejado pelo turismo pelo relevante impacto económico que terá.

As corridas de F1 são vistas em centenas de países e atraem milhões de espectadores — um nível de exposição que poucas campanhas de marketing pagariam para obter.

Em Portugal, a última edição do GP em Portimão (durante a pandemia) gerou intensa cobertura mediática, com estudos da época a estimarem dezenas de milhões de euros em retorno publicitário direto apenas numa janela de três dias.

Assim, o anúncio feito hoje, fruto de um acordo entre a Fórmula One Management, o Governo português e promotores locais, marca a vinda do “circo” ao Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, depois de uma ausência de seis anos e é visto como uma peça relevante para a projeção internacional e dinamização económica do país.

GP de Portugal em 2021. Foto: FIA/Getty Images

As autoridades turísticas e governamentais celebraram a confirmação como um “reconhecimento crescente” de Portugal como destino de eventos de classe mundial. Segundo o Governo, a corrida está alinhada com objetivos de desenvolvimento do setor turístico e com a promoção internacional do país, sobretudo do Algarve.

Um estudo sobre corridas motorizadas no Algarve sugere que o impacto económico direto de eventos automobilísticos pode ultrapassar €100 milhões, quando se combinam gastos de turistas, receitas fiscais, emprego e efeitos multiplicadores.

140 milhões de euros por ano

O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, pormenoriza, avançando que o regresso da F1 terá um “impacto económico não inferior a 140 milhões de euros”, em cada um dos anos, já que “em cada um dos anos são esperados cerca de 200 mil visitantes: 150 mil espectadores, dos quais mais de metade internacionais, e o envolvimento de mais de 50 mil profissionais”.

O custo estimado para o Estado português será “inferior ao valor da receita esperada de impostos sobre a atividade económica” associada à realização da prova, indica o Governo.

Imagem do Grande Prémio de Portugal 2020, que se disputou de 23 a 25 de 2020 no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão. Foto: Paulo Maria / DPPI

Para efeitos de comparação, o Rali de Portugal – outro evento internacional de grande escala – gerou €164,7 milhões em impacto económico em 2023, com mais de metade do efeito vindo de visitantes estrangeiros. No ano a seguir, em 2024, o WRC Vodafone Rally de Portugal teve um impacto económico estimado de 183,3 milhões de euros, mais 18,6 milhões (11,29%) em relação a 2023.

Para efeitos de comparação, o Rali de Portugal – outro evento internacional de grande escala – gerou €183 milhões em impacto económico em 2024.

Embora a Fórmula 1 tenha custos elevados de organização, os analistas defendem que os retornos em turismo, ocupação hoteleira e receitas fiscais podem compensar esses investimentos, especialmente quando a corrida fortalece uma marca turística reconhecida globalmente.

Um dos efeitos mais imediatos do regresso da F1 será a estimulação de fluxos turísticos fora da época alta tradicional. Hotéis, restaurantes, transportes e serviços associados beneficiam de forma desproporcional durante o fim de semana da corrida – e muitas vezes nos dias que o antecedem e seguem. Líderes hoteleiros no Algarve já destacaram que um evento como a F1 pode impulsionar a ocupação em períodos tipicamente mais lentos.

Lando Norris, campeão de F1 de 2025. Foto: McLaren F1

O Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, assinala que “o regresso da Formula 1 a Portugal em 2027 e 2028 confirma o reconhecimento crescente do país como destino de referência para eventos de nível mundial e está plenamente alinhado com a estratégia do Governo para o setor do turismo e para a economia nacional. Garantir a realização de um Grande Prémio de F1 representa um passo estratégico para a região e para o país, reforça a nossa projeção internacional e consolida o nosso posicionamento enquanto destino turístico. Estamos preparados para receber este evento, mostrando o melhor da hospitalidade portuguesa e da nossa capacidade empreendedora.”

Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal, destaca que “a Formula 1 volta a colocar Portugal no centro das atenções globais, reforçando a imagem do país como um destino vibrante, moderno e capaz de acolher eventos de escala mundial. Para além da projeção mediática incomparável, este evento impulsiona o setor, dinamiza as regiões envolvidas e contribui para consolidar o posicionamento de Portugal entre os destinos mais atrativos e competitivos da Europa. Será um momento estratégico, que evidenciará a qualidade da nossa hospitalidade, a diversidade da nossa oferta e a capacidade do turismo português de gerar impacto positivo no território e na economia.”

O Presidente do Turismo do Algarve, André Gomes, afirma que “O regresso da Formula 1 a Portimão é uma excelente notícia para o Algarve e para Portugal. Confirma a visão estratégica que temos defendido para o Autódromo Internacional do Algarve e para o reforço da projeção internacional do destino. O Turismo do Algarve está totalmente empenhado em assegurar o sucesso destas edições, garantindo que Portugal volta a receber a Formula 1 com a excelência, a segurança e a hospitalidade que o mundo reconheceu e elogiou em 2020 e 2021.”

A presença de milhares de visitantes estrangeiros também significa mais receitas em setores como restauração, retalho e experiências locais. O efeito multiplicador traduz-se em lançamento de emprego temporário, aumento de faturação em PME e maior coleta de impostos diretos e indiretos, reforçando o argumento de que o investimento inicial pode ser amortizado.

Em suma, para Portugal, a Fórmula 1 é mais do que um evento desportivo de elite — é uma plataforma global de visão estratégica. Em mercados de luxo, tecnologia e turismo, Portugal tem buscado aumentar a sua competitividade internacional através de iniciativas que reforcem perceções de qualidade, exclusividade e experiência — o mesmo conjunto de atributos que torna a Fórmula 1 tão atraente globalmente.

Tal como a recente discussão sobre Portugal nos mercados de luxo ressalta a importância de posicionar o país como um destino de excelência e inovação, a F1 oferece um palco incomparável para esse posicionamento, com impactos económicos e de marca que vão além dos números de bilhetes vendidos e ocupação hoteleira.

com Lusa

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