A presença de Lionel Messi e da seleção argentina em Luanda, no próximo dia 14 de novembro, é apresentada como um momento histórico para Angola. A partida, inserida nas celebrações do cinquentenário da Independência, será disputada no Estádio 11 de Novembro e marca o reencontro entre os “Palancas Negras” e a atual campeã mundial — quase vinte anos depois do primeiro duelo entre as duas seleções. Mas o entusiasmo desportivo rapidamente deu lugar ao debate político e financeiro: quanto custará realmente este espetáculo e quem está a pagar a conta?
Segundo a Sport News Africa, o acordo para trazer a Argentina a Luanda terá custado cerca de 12 milhões de euros, enquanto a DW aponta para um valor próximo de 5,2 milhões de euros. O empresário e político Bento Kangamba afirmou publicamente ser um dos três empresários angolanos “orientados” pelo Presidente João Lourenço para financiar a deslocação da equipa argentina, uma declaração que incendiou o debate público. Organizações da sociedade civil, como a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e a Associação Mãos Livres, contestam a versão apresentada e exigem transparência sobre a origem dos fundos. “A Procuradoria-Geral da República deveria investigar a origem deste dinheiro”, defendeu Salvador Freire, da Mãos Livres, citado pela DW.
Para muitos angolanos, a questão não é apenas o valor absoluto do investimento, mas o momento em que ele ocorre. Angola atravessa uma grave crise económica e social, com inflação elevada e dificuldades de acesso a bens essenciais. Neste contexto, a promessa de uma festa nacional com Lionel Messi em campo divide opiniões: há quem veja um “golpe de mestre” na promoção internacional do país e quem considere o evento uma distração cara, em pleno aperto financeiro.
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Ainda assim, espera-se casa cheia no Estádio 11 de Novembro e uma celebração sem precedentes, com o jogo a representar uma oportunidade para Angola se afirmar no mapa desportivo global, reforçando a sua imagem como anfitriã de grandes eventos.
O último encontro entre as duas seleções remonta a 2006, no Stadio Arechi, em Itália, num jogo de preparação para o Mundial da Alemanha. A Argentina venceu por 2–0, com golos de Maxi Rodríguez (17 minutos) e Juan Pablo Sorín (39 minutos).
Lionel Messi estava no banco e entrou em jogo aos 63 minutos, alinhando nessa partida como jovem promessa. Desta vez, Messi regressa como ícone planetário a uma Angola que tenta mostrar que também pode jogar no palco dos grandes.





