Os ultra-ricos estão por toda parte. Os 2.640 bilionários do ranking da Forbes de 2023 das pessoas mais ricas do mundo pertencem a 77 países ou territórios em todo o mundo, o que compara com os 75 países do ano passado.
As duas novas nações que se juntaram neste ranking são Panamá e Arménia, cada uma com um bilionário: Stanley Motta, um investidor do Panamá cuja carteira de empresas latino-americanas inclui o banco do Panamá Banco General, junta-se à lista, assim como Ruben Vardanyan, banqueiro de investimentos e político arménio que fez fortuna na Rússia durante a década de 1990 (e que no ano passado renunciou à cidadania russa). Ele regressa ao ranking depois de ter saído da lista em 2022.
EUA
Os EUA novamente reinam como o lar do maior número de cidadãos bilionários, com 735 – o mesmo número do ano passado. Apesar de quase 50 americanos, incluindo Kanye West e Sam Bankman-Fried, terem caído e outras dezenas terem morrido, mais de 60 cidadãos americanos juntaram-se às fileiras dos bilionários pela primeira vez este ano, incluindo LeBron James e Tiger Woods.
Os EUA não são, todavia, a casa da pessoa mais rica do mundo – o magnata dos bens de luxo Bernard Arnault, um cidadão da França, ultrapassou Elon Musk no título – mas a América ainda reivindica 17 das 25 pessoas mais ricas do mundo.
Ao todo, os bilionários americanos valem um total de US$ 4,5 triliões, abaixo dos US$ 4,7 triliões do ano passado, fruto dos mercados terem recuado e de startups e “unicórnios” de biliões de dólares terem tropeçado, bem como do aumento das taxas de juros que assombraram os investidores.
China
A China possui o segundo maior número de bilionários, com 495 (sem incluir os cidadãos de Hong Kong e Macau) que somam US$ 1,67 trilião. Eles também tiveram um ano “complicado” no geral – em 2022, havia 539 bilionários chineses no valor de US $ 1,96 trilião.
As políticas de COVID-Zero da China e a difícil transição para uma economia pós-pandémica reduziram o crescimento económico e atingiram os preços das ações.
Uma crise no setor imobiliário da China, impulsionada por uma abundância de imóveis após décadas de desenvolvimento ininterrupto, também pesou nas perspetivas económicas da China. O mesmo aconteceu com a recente repressão do Partido Comunista às grandes plataformas de tecnologia.
Índia
A Índia, que tem o terceiro maior número de bilionários, com 169, teve um ano “intermédio”. O país ganhou três membros para a lista, mas os bilionários indianos como um grupo – no valor de US$ 675 biliões – são US$ 75 biliões mais pobres do que em 2022.
A maior razão para essa queda pode ser atribuída a uma das maiores quebras de riqueza da história: Gautam Adani, presidente do conglomerado Adani Group, caiu de US$ 90 biliões em património líquido no ano passado para US$ 47,2 biliões no ranking da Forbes em 2023, depois de acusações de fraude e manipulação do mercado de ações afundarem as ações das suas dez empresas listadas no Adani Group, ainda que o empresário tenha negado as acusações. A queda de quase US$ 43 biliões de Adani representa mais da metade de todo o declínio da riqueza indiana desde o ano passado.
Alemanha
A Alemanha, por sua vez, voltou a ter o quarto maior número de bilionários, com 126, em face dos 134 do ano passado. Entre os que saíram do ranking estão Joachim Ante, co-fundador da empresa de jogos Unity Software, e os três Knauf herdeiros da gigante de materiais de construção Knauf Gips KG. A pessoa mais rica da Alemanha é Dieter Schwarz (património líquido estimado: US$ 42,9 biliões), proprietário do gigante dos supermercados Schwarz Group, que gera vendas anuais de mais de US$ 140 biliões.
Rússia
Apesar da guerra e das sanções ocidentais, os bilionários russos superaram o resto dos mais ricos do mundo este ano, já que os mais ricos do país recuperaram as perdas sofridas após a invasão da Ucrânia. A Rússia conta com 105 bilionários este ano, com um património líquido combinado de US$ 474 biliões, contra 83 no valor combinado de US$ 320 biliões no ano passado.
Os oligarcas russos recuperaram parte das suas fortunas no último ano, enquanto os magnatas americanos perderam US$ 200 biliões.
A que se deve isso? Por um lado, os oligarcas russos recuperaram a sua riqueza perdida. Dos 105 bilionários russos contados pela Forbes, 25 deles regressaram (em 2021, havia 117 bilionários russos, valendo um total de US$ 584 biliões). Isso porque no ano passado, quando a Forbes finalizou a sua lista de 2022, o mercado russo estava congelado. Um ano depois, as sanções ocidentais atingiram duramente a economia da Rússia, mas uma alta global nos preços das commodities – impulsionada em grande parte pela invasão e subsequentes sanções ocidentais – reforçou as receitas de algumas empresas russas. O maior beneficiário foi a pessoa mais rica da Rússia, o magnata Andrey Melnichenko, com uma fortuna estimada em US$ 25,2 biliões – acima dos US$ 11,1 biliões do ano passado – graças à sua gigante de fertilizantes EuroChem e aos crescentes preços dos fertilizantes como resultado da guerra.