O setor do turismo tem dado mostras de resiliência e recuperação face à hecatombe que o período da pandemia da Covid-19 trouxe. Ainda não apresenta os números pré-pandemia, mas perante os indicadores de diferentes itens provam que paira no ar uma tendência de crescimento. Esta é uma das conclusões dos dados referentes a 2023 divulgados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), durante a conferência de imprensa online com os jornalistas.
Para o ano que ainda agora começou a associação que representa a indústria hoteleira antecipa que a estratégia será marcada pela prudência, mas com a perspetiva de que também poderá ser positivo, tal como, 2023.
Com base no inquérito “Balanço 2023/Perspetivas 2024”, que contou com a resposta de 476 estabelecimentos, a taxa de ocupação nos equipamentos hoteleiros subiu sete pontos percentuais face a 2022 para 68%. No entanto, a vice-presidente da AHP, Cristina Siza Vieira, destacou que há que contar com o facto de a taxa de ocupação nos Açores de 64% ter ficado “bastante aquém da taxa registada em 2022”, com uma descida de cinco pontos percentuais.
A taxa de ocupação na hotelaria subiu para 68% em 2023, mais sete pontos percentuais do que em 2022, e o preço médio por quarto aumentou para 141 euros, segundo dados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Pela positiva, a Madeira registou uma subida na taxa de ocupação considerada por Cristina Siza Vieira de “muito expressiva” ao atingir os 81%.
As regiões Centro (58%), Norte (60%) e Lisboa (75%) cresceram no indicador da ocupação hoteleira, enquanto o Algarve (61%) manteve o valor anterior, sendo que, ainda não atingiu os níveis pré-pandemia, de 2019.
Um indicador que ajudou na tesouraria foi a subida do preço médio por quarto, no qual, todas as regiões turísticas registaram subidas, sendo que a média nacional situou-se nos 141 euros. A estadia média dos hóspedes fixou-se nas três noites.
Na análise aos principais mercados que procuram as unidades hoteleiras nacionais, o destaque vai para Portugal (76%), Reino Unido (50%) e Estados Unidos da América (41%), já que figuram no top três das respostas dos inquiridos pela AHP.
O inquérito avaliou ainda o desempenho nas épocas festivas do Natal e Passagem de Ano. De acordo com a AHP a taxa de ocupação no Natal subiu um ponto percentual para 51% e no ‘Reveillon’ subiu de 61% para 70%. O preço médio por quarto no Natal subiu para 124 euros e no fim de ano para 173 euros. Nestes dois períodos festivos destacaram-se os mercados português, Estados Unidos e Reino Unido como sendo os que mais procuraram a indústria hoteleira nacional.
Na componente das perspetivas, a maioria dos inquiridos considera que o ano de 2024 será igual ou melhor do que 2023 nas vertentes de taxa de ocupação e de receitas. No entanto, admitem a existência de alguns desafios, em que, a instabilidade geopolítica, o aumento das taxas de juro e a redução do número de voos estão no topo das preocupações.
Sobre a falta de capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, que está no quarto lugar das preocupações dos inquiridos para o corrente ano, o presidente da AHP, Bernardo Trindade, lamentou o facto de “só em 2023, o Aeroporto de Lisboa recusou o equivalente a 1.300.000 lugares de avião, por incapacidade de resposta da infraestrutura”.
Bernardo Trindade aproveitou ainda para sublinhar que “os resultados de 2023 são excecionais” e realçou que “com um olhar confiante, com prudência, 2024 poderá ser positivo” ainda que não considere que se atinja os níveis de crescimento de 2023.
O inquérito, que foi realizado entre 2 e 21 de Janeiro a 476 estabelecimentos hoteleiros