O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses (ACILC), entidade que reúne 200 associados todos empresários, afirmou que o setor das residências assistidas para idosos deve ser uma das novas apostas do investimento chinês em Portugal.
Numa entrevista à agência Lusa, Choi Man Hin, que foi também o braço-direito para o mercado português do empresário luso-chinês e magnata do jogo Stanley Ho, defendeu que Portugal “é, sem dúvida, um país bom para turistas” e pode ser um bom destino “para criar um negócio de quintas com uma grande área para viverem os mais velhos”.
O dirigente da comunidade chinesa, que foi presidente do conselho de administração da Estoril Sol, empresa proprietária do casino de Lisboa e gestora do casino do Estoril, entre outros, lembrou que Portugal “tem calma, paz” e isso pode ser aproveitado para atrair reformados.
“Isto é positivo para os imigrantes e para o investimento” chinês, reforça Choi Man Hin.
A entrevista dada à agência Lusa é dada a poucos dias da visita oficial a Portugal do chefe do executivo de Macau, Ho Iat Seng.
De resto, durante a visita do chefe do executivo de Macau a Portugal, que começa esta terça-feira, a ACILC e outras entidades vão juntar num hotel de Lisboa, pessoas com interesses comuns, para investirem na construção de residências seniores, ou escolas internacionais, por exemplo, para que haja novas oportunidades de negócios.
Investidores chineses vão virar-se também para a compra de prédios antigos para renovação e posterior venda.
Outro setor em que Choi Man Hin vê a comunidade chinesa a continuar a investir no futuro, tal como já acontece agora, é “no negócio do imobiliário, comprando prédios antigos para renovar e vender depois”. É um negócio “imobiliário diferente” para compensar o fim dos vistos gold e que deixa uma mais-valia para Portugal, defendeu Choi Hin, salientando que Portugal já “tem muitas empresas [chinesas] neste setor” a trabalhar.
“Portugal é uma plataforma para extensão de investimento daqui para outros países e até para a África”, acrescenta.
Para o antigo responsável da Estoril Sol, a comunidade chinesa em Portugal neste momento está mais integrada na sociedade portuguesa, dispondo de melhores condições de vida do que no passado.
“Em especial as segundas e terceiras gerações já acabaram os seus estudos, desde o secundário até à universidade, em Portugal”, indica. Além disso, já há muitos advogados e pessoas da comunidade ligadas aos governos das câmaras, porque também se ligaram a partidos, acrescentou.
O presidente da ACILC acredita que a comunidade chinesa em Portugal, que atualmente já é a 10.ª no ranking das maiores no país vai continuar a crescer.
O obstáculo, para a comunidade chinesa em Portugal é a língua, mas “toda a gente tenta aprender português para melhorar a sua maneira de viver aqui e de se integrar na sociedade”, com negócios privados.
“Eu penso que o Governo central [chinês] também promove este tipo de tendência para as empresas [controlados pelo Estado] saírem do país para procurarem oportunidades de negócio fora. Muitas delas anteriormente eram do Estado, mas agora algumas também já têm muitos particulares”.
Relativamente à visita de Ho Iat Seng, o dirigente associativo vê-a como sendo “muito importante e muito construtiva” para as relações sino-portuguesas.
Visita a Portugal de 18 a 22 de abril
O chefe do executivo de Macau visita Portugal de 18 a 22 de abril, estando previstos encontros com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Primeiro-Ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
A acompanhar Ho Iat Seng estará uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, designadamente das áreas alimentar e farmacêutica.
A visita inclui também um encontro com os bolseiros de Macau em Portugal, um jantar com o embaixador da República Popular da China e uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Em Lisboa, a comitiva de empresários visita o Grupo Sovena, a Hovione, grupo que tem uma unidade fabril em Macau, a Fundação Champalimaud, a Luz Saúde, a Quinta da Marmeleira, projeto do empresário de Macau, Wu Zhiwei, e a Delta Cafés.
A delegação de empresários desloca-se ainda ao Porto, onde visitará várias empresas, com o objectivo de reforçar a cooperação económica e comercial entre Portugal e Macau. Estão previstas visitas à Corticeira Amorim e à empresa farmacêutica de inovação Bial.
Terminada a visita a Portugal, o chefe do executivo de macau seguirá para o Luxemburgo e Bruxelas. Acompanham Ho Iat Seng, os secretários para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, e Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.
* com agência Lusa