A consultora de recrutamento Robert Walters analisou as tendências de contratação e salários para o próximo ano, considerando que, com a retoma nesta fase de pós-confinamento ditado pela pandemia, observa-se o ressurgimento do mercado de contratação e o início de uma “guerra de talentos” nos próximos 12 a 24 meses.
Na sua análise “Pesquisa Salarial Digital 2022”, a Robert Walters projeta que as três principais tendências de recrutamento para 2022 serão protagonizadas por fintechs, startups, Data Centers e Tech Competency Centers.
A pesquisa destaca ainda o plano que o Plano de Recuperação e Resiliência dará ao crescimento em várias indústrias como a das energias renováveis, infraestruturas públicas, imobiliário e tecnologia.
A pesquisa aponta que a energia renovável é, neste momento, a indústria mais rápida em Portugal com investimentos multimilionários e leilões de sucesso. “Os projetos de hidrogénio também estão a começar a desenvolver-se”, refere a Robert Walters.
Num contexto de “guerra de talentos” em 2022, François-Pierre Puech country manager da Robert Walters em Portugal aconselha gerentes e diretores de negócios a olharem para a evolução do mercado de contratação, para a “massa cinzenta” e para aquilo que os profissionais procuram em termos de projetos desafiantes.
Evolução do mercado de contratação
‘’O mercado de contratação está a evoluir rapidamente e alguns já falam de uma guerra por talento. Os profissionais têm vantagem e procuram um projeto desafiante, sustentável e apelativo. Um processo de recrutamento bem-sucedido tem de ser baseado em projetos e ter passos construtivos e legitimais, oferecendo insights sobre a empresa, a sua estratégia e o impacto do seu futuro papel. O pacote salarial, incluindo benefícios e salários ‘emocionais’, são fundamentais e o gerente de contratações deve estar atento às expectativas dos seus candidatos para construir uma oferta bem sucedida”, declara François-Pierre Puech.
Importância de reter talento
A consultora destaca-se, igualmente, a importância que os empregadores terão de dar à retenção dos seus quadros, “um desafio em 2022”, uma vez que os profissionais irão continuar à procura de novas oportunidades em empresas que “sejam capazes de ouvir os seus colaboradores, de aprender também com ele, e também de inovar em termos de regalias como flexibilidade e conciliação”.
Depois de um 2021 pautado pela estabilidade ao nível das compensações e benefícios entregues aos colaboradores das empresas, “em 2022, os profissionais que movimentam projetos deverão beneficiar de um aumento médio de 8% a 12% no seu salário fixo, mantendo benefícios semelhantes, como seguro de saúde, seguro de vida, carro da empresa e despesas de viagem”, indica o estudo.
Algumas empresas geralmente adiam alguns dos seus principais benefícios – como plano de pensões ou benefícios flexíveis – após um período de qualificação de 12 meses. O salário variável também está a ter uma importância mais forte dentro do pacote global, uma vez que as empresas procuram recompensar as realizações pessoais e de desempenho da equipa”, destaque a pesquisa.
Modelo híbrido precisa de ser melhorado
De acordo com a Robert Walters, que entrevistou 2.000 profissionais para identificar os sintomas de disfunção no trabalho híbrido, 40% dos entrevistados disseram que o modelo precisa de ser melhorado e 42% afirmou que se demitirão se o teletrabalho for removido completamente.
O estudo dá conta de que os profissionais entendem que o modelo de trabalho híbrido, construído à pressa, tem permitido jornadas de trabalho mais intensas, em que é necessário participar em reuniões presenciais e virtuais.
De acordo com o relatório, este novo modelo de trabalho híbrido pouco pesquisado e testado resultou em trabalhadores a sentirem-se sobrecarregados (54%) e exaustos (39%).
A maioria dos profissionais (85%) agora espera mais flexibilidade para trabalhar em casa como uma oferta padrão dos empregadores nesta fase pós-confinamento, enquanto 78% disseram que não aceitarão um novo emprego até que isso seja acordado com o possível empregador.
Regresso ao local de trabalho mais importante para jovens
Regressar presencialmente ao local de trabalho foi destacado como algo muito importante para os jovens, com 75% dos trabalhadores de 18 a 26 anos a afirmar que o seu local de trabalho é também a sua principal fonte de conexão social, indica o relatório.
“O regresso ao local de trabalho deve ser gradual; tanto os empregadores como os empregados devem usar este ano para testar uma variedade de estilos de trabalho, desde o trabalho híbrido até a possível remoção dos horários ‘9-5’ a favor das horas baseadas na carga de cada projeto”, finaliza François-Pierre Puech.