No sul da Suíça, distrito de Maloja e cantão de Grisões, encontra-se uma comuna com o nome Bregaglia. Talvez não tenha pensado nela para as suas férias de inverno, mas se estiver com vontade de se afastar dos mercados de Natal das grandes cidades, das avenidas comerciais movimentadas ou de um qualquer destino que o leva a uma outra estação do ano, talvez a deva considerar.
A viagem da Forbes até à região montanhosa que inspirou artistas como Giacometti e Segantini começou em Zurique e contou com diversos comboios e autocarros. Mas a própria viagem já conta como passeio turístico, o que faz todas as horas valerem a pena.
Ter o aeroporto de Zurique como local de chegada e partida é, aliás, o que faz com que possa manter coisas como os mercados de Natal e as avenidas comerciais no roteiro. Mas só depois de uma viagem às montanhas. Geladas, mesmo quando o sol brilha.
Ida e volta
Entre Zurique e Soglio, o primeiro destino desta viagem, é possível passar por duas das linhas ferroviárias mais icónicas da Suíça e Património Cultural Mundial da UNESCO: Albula e Bernina. Com o percurso da UNESCO a contar com 196 pontes, 55 túneis e 20 cidades.
A primeira, entre Thusis e St. Moritz, foi criada como um caminho de ferro de montanha para locomotivas a vapor. As estruturas em pedra são o que melhor a caracteriza. A linha de Bernina, entre St. Moritz e Tirano, é famosa pelo Bernina Express, o comboio panorâmico responsável pela viagem ferroviária transalpina mais alta e que anda num dos caminhos-de-ferro de aderência mais íngremes do mundo.
As vistas arrebatadoras fazem diminuir as horas de viagem necessárias para chegar ao vale de Bregaglia.


Pelas ruas de Soglio
Soglio foi o local escolhido como base desta viagem, um dos locais onde é possível provar vários pratos com o produto estrela da região: A castanha. Os restaurantes dos hotéis Stüa Granda, La Soglina e Palazzo Salis são alguns dos disponíveis.

A pequena região tem uma igreja que se destaca entre todos os edifícios, algumas lojas mais pequenas e várias casas construídas muito perto uma das outras. O objetivo é simples: deixar espaço livre para os campos agrícolas ou para os animais.
Ao longo das ruas de Soglio é ainda possível ver uma exposição de fotografias. O autor é Agostino Fasciati, que apesar de ter ficado imortalizado na região, não teve uma relação fácil com a sua comunidade. Começou por dar aulas em Soglio, mas as suas ideias fizeram com que fosse mandado embora. Acabou por regressar, e ficou por 10 anos, mas as suas fortes convicções levaram a uma nova divisão na vila e por isso foi novamente mandado embora. Nesta altura, ninguém imaginava que era um bom fotógrafo, mas depois da sua morte o seu trabalho foi descoberto.

De Maloja até Itália
Uma vez em Soglio, é possível optar por seguir na direção até à fronteira com Itália ou optar por subir até Maloja.
Pelo primeiro percurso, conhecemos uma das maiores floretas de castanheiros do mundo. Com um local como guia, consegue aprender muito sobre o ciclo de vida deste fruto e a árvore que lhe dá origem. Entre outras coisas, que crescem de determinado tamanho mediante a altitude, que as árvores necessitam de espaço para se manterem livres e por isso os terenos têm de ser trabalhados todos os anos pelos próprios habitantes da região, ou que, de forma a não prejudicarem a árvore, usam cordas para as cortar em vez de uma escada em metal. Ao mesmo tempo, nestas terras vivem diversos animais selvagens, como os lobos, e encontram-se várias surpresas da própria natureza, como uma cascata. Tudo isto ao longo do caminho até ao “lado italiano do vale”.
Do outro lado a história repete-se, como prova o famoso bolo de castanha que se pode provar num café/galeria na aldeia de Stampa, mas há ainda outras opções de roteiro: uma viagem de teleférico, a visita ao Palazzo Castelmur ou o famoso Passo de Maloja.


No topo da montanha

A barragem foi construída nos anos 50. Além de fornecer eletricidade a Zurique, foi uma das grandes responsáveis pelo emprego na região, que até então via os seus habitantes subir até St. Moritz para conseguirem emprego. Aliás, esta é uma zona onde, hoje em dia, há muito emprego disponível, principalmente na área da construção.
Para chegar ao topo da montanha onde está a barragem é necessário apanhar um dos muitos teleféricos construídos no país. E se só a viagem até ao topo, onde ficamos a 2165 metros de altitude, já vale a pena, lá em cima encontra-se uma das vistas mais bonitas da região.

Ainda que tão impactante no verão quanto no inverno, não se pode negar que o cobertor branco dá a este lugar uma magia extra.

Com direito a tudo
Se não escolheu o Bernina Express na ida, este é o momento. No regresso a Zurique tem, então, a oportunidade de umas férias de inverno um pouco mais tradicionais. Os mercados de Natal estão na cidade, a Bahnhofstrasse, uma das avenidas mais caras e exclusivas do mundo, está pronta para qualquer que seja a compra, e os monumentos ou ruas pitorescas da cidade também merecem a visita.







