Depois de uma primeira edição que juntou 13 parceiros e 20 empreendedores de 10 países e deu origem ao desenvolvimento de várias soluções com impacto para a reciclagem e a economia circular, o programa Re-Source voltou, tendo já resultados para apresentar.
Esta 2ª edição, o Re-Source, promovido pela Sociedade Ponto Verde e gerido pela consultora de inovação colaborativa Beta-i, reuniu 14 parceiros e 130 empreendedores de 45 países, incluindo Portugal.
Durante quatro meses, 13 startups de 9 nacionalidades participaram no bootcamp de inovação na área da reciclagem, de forma a passarem da ideia à criação das soluções piloto.
Entre as várias questões que este ecossistema inovador foi desafiado a resolver estiveram a necessidade de aumentar a participação do consumidor na reciclagem e potenciar a circularidade de embalagens de vidro e alumínio, com a aplicação dos princípios da economia circular.
A iniciativa permitiu, até ao momento, a criação de quatro projetos-piloto que irão passar agora à fase de aplicação em contexto real, focados em aumentar as taxas de reciclagem em Portugal e em dar origem a novas soluções para categorias específicas de resíduos.
4 projetos testados ou em implementação
O projeto “Composição de Fluxos Seletivos – Tecnologias para Economia Circular” envolve a startup Lixo e tem a parceria da Amarsul (sistema municipal de tratamento de resíduos da península de Setúbal). Consiste na instalação de uma câmara com software integrado que permite monitorizar o conteúdo dos contentores do lixo quando estes são despejados na viatura da recolha. A solução tem como objetivo otimizar a captação e processamento dos fluxos de resíduos, bem como identificar e rastrear a origem de possíveis contaminações.
O piloto “MUSAMI Valoriza” envolve a Musami (empresa de gestão e de tratamento de resíduos da ilha de São Miguel, nos Açores) e também a start-up Lixo. O propósito do projeto é integrar Inteligência Artificial na gestão de resíduos, através de um sistema de reconhecimento visual. Os dados recolhidos vão aumentar o potencial de reciclagem no Centro de Triagem, melhorando a tomada de decisão e estabelecendo medidas em tempo real, para evitar a contaminação por resíduos que podem atrapalhar ou inviabilizar o reaproveitamento dos materiais no local.
“Recycle APP by Delta e Valorsul” é o projeto criado pela startup Togenesis e pelas duas empresas parceiras, a Delta e a Valorsul, empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos produzidos em 19 Municípios da Grande Lisboa e da Região Oeste. Consiste num piloto de recolha de resíduos para os estabelecimentos do canal Horeca (hotelaria, restauração e cafetaria). Baseada num sistema de incentivos para estes locais, a APP mobile criada tem como objetivo mobilizar e formar os seus proprietários para a reciclagem de papel e cartão, plástico, alumínio e vidro, sendo a interface de comunicação e interação entre estes e o serviço de recolha.
Por seu lado, o projeto “Unlocking the power of seaweed to replace single use plastic” foi criado pela startup norueguesa B’zeos, em parceria com a Colep Packaging, e visa a substituição de embalagens feitas de plástico à base de combustíveis fósseis por uma solução orgânica de utilização única, com base em algas marinhas. Numa primeira fase, será identificado o potencial do material nos produtos da Colep Packaging, sendo depois testado a uma escala industrial.
“Para responder ao desafio que o processo da reciclagem ainda representa para os consumidores e empresas, o Re-Source surge como uma alavanca para a inovação na área”, salienta Diogo Teixeira, CEO da Beta-i.
Para Diogo Teixeira, Co-Founder e CEO da Beta-i, “apesar de estudos recentes posicionarem Portugal como o 7º país da União Europeia que mais embalagens per capita produz, verifica-se também que o tratamento destes materiais não acompanha a sua produção, ao ocuparmos o 10º lugar no panorama europeu no que respeita a reciclagem, abaixo da média da UE”.
“De edição para edição, continuamos a acreditar que tirar partido de todo o ecossistema, unindo empresas e empreendedores, é a chave para dar resposta a este desafio. É o segundo ano que potenciamos a criação de soluções disruptivas que possibilitem uma melhor gestão dos resíduos e uma nova vida aos materiais que são deitados fora”, acrescenta Diogo Teixeira.
Já Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, refere que a iniciativa Re-Source permite “criar um ecossistema global que é transposto para a nossa realidade, ao juntarmos empreendedores e inovadores de diferentes geografias, com parceiros da Sociedade Ponto Verde, estrategicamente posicionados ao longo da cadeia de valor.
“Desta segunda edição saíram projetos que vão ao encontro do que procuramos: promover o aumento da circularidade de embalagens e o nível de serviço que é prestado, e sejam aceleradores da transição digital do setor”, diz Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde.
Aos projetos-pilotos, foi ainda atribuído por parte da Sociedade Ponto Verde um cofinanciamento de 75% do seu investimento total, de modo a alancar e promover a sua execução.