De acordo com as projeções apresentadas no Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo prevê que Portugal cresça 4,8% em 2021 e 5,5% em 2022, atingindo já no início de 2022 o nível de PIB que tinha no período pré-pandémico.
Explica o Governo que esta evolução para o próximo ano “decorre, em larga medida, da aceleração significativa do investimento face a 2021 (mais 2,9 pp), bem como das exportações (mais 1,2 pp), que se espera que registem um crescimento superior ao das importações”.
O Executivo estima ainda que, já a partir de 2022, o país retome o trajeto de convergência real com a média europeia que se verificou entre 2016-2019.
A taxa de desemprego em 2022 deverá descer para 6,5%, atingindo o valor mais baixo desde 2003.
Ainda em matéria de previsões, o Orçamento de Estado para 2022 considera um défice orçamental de 3,2% do PIB e partindo de um défice estimado de 4,3% em 2021. Ou seja, os responsáveis do governo estão a apontar para uma melhoria de 1,2 p.p. do PIB face a 2021.
Investimento empurrado pelo PRR
Para 2022, é ainda estimado um crescimento de 8,1% no investimento (formação Bruta de Capital Fixo – FBCF) devido ao “forte contributo do investimento público, refletindo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assim como do investimento privado, fruto da melhoria das espectativas relacionadas com a recuperação económica global e o fim das restrições sanitárias”.
Crescimento Zona Euro estimula exportações
O crescimento antecipado para a área do euro para o próximo ano irá refletir-se no crescimento da procura externa, o que irá estimular as exportações de bens e serviços em 2022, prevendo o Executivo uma aceleração do crescimento das exportações em Portugal para 10,3% face ao que se estima que verifique em 2021 (9,1%). “Este aumento pressupõe uma recuperação do setor do turismo, um dos setores mais penalizados pelas restrições impostas pela pandemia”, elucida.
As importações deverão crescer 8,2%, em linha com a evolução da procura global. Ao nível do mercado de trabalho, as estimativas são de que o emprego cresça 1,8% em 2021 e 0,8% em 2022, o que – a acontecer – fará com que a taxa de desemprego diminua para 6,8% em 2021 e para 6,5% em 2022, o que será um valor ligeiramente inferior ao verificado no período pré-pandémico (2019).
Dívida pública de 122,8% do PIB
Em termos de finanças públicas, a equipa das Finanças liderado pelo Ministro João Leão indica que o legado de dívida pública deixado pela crise pandémica foi de cerca de 40 mil milhões de euros (20% do PIB).
“Entre 2015 e 2019, Portugal foi o segundo país europeu que mais diminui a dívida pública em percentagem do PIB. Com a recuperação económica, esse trajeto deverá ser rapidamente retomado, com o rácio da dívida pública a diminuir mais de 12 p.p. em 2022 face a 2020”, é dito no relatório do Orçamento de Estado para 2022.
Feitas as contas, em 2022, prevê-se uma redução do rácio da dívida pública em 4,1 pp para 122,8% do PIB.
O Governo declara ainda que, “ao longo de 2021, a credibilidade externa foi novamente comprovada, com uma emissão histórica com taxa de juro negativa, a subida de rating por parte da agência Moody’s e a primeira emissão a 30 anos desde 2015” que permitiu “poupar 3000 milhões de euros em juros face a 2015”, segundo o Governo.