Um ano após ter adotado um conceito a que chamou de Blue Friday, em que, numa fase inicial, quinzenalmente, às sextas-feiras, dava a tarde livre aos seus colaboradores e posteriormente passou a alargar esse período de folga ao dia inteiro de sexta-feira, a portuguesa Precise avalia a decisão como muito positiva.
A reestruturação feita levou a que a Precise tenha dividido a sua equipa em dois “turnos”, de modo a que cada turno tenha direito a uma semana de quatro dias de trabalho, de duas em duas semanas.
No final do ano, os colaboradores beneficiam de mais 12 dias de férias do que seria o normal.
“A decisão de adotarmos a Blue Friday levou a uma otimização dos processos internos, ao aumento da produtividade e uma comunicação mais eficiente entre as equipas”, diz Nuno Neves, CEO e Partner da Precise, empresa TIC, com serviços de recrutamento e parceiro de outsourcing de profissionais de saúde para hospitais e outras instituições de saúde.
“Mas o que considerámos como o maior sucesso desta medida foi a taxa nula de absentismo e de turnover por parte dos colaboradores internos.”
Apesar de ser uma iniciativa estratégica ainda pouco aplicada e até consensual no nosso país, devido ao argumento da produtividade e qualidade de serviço e às eventuais perdas da entidade patronal, Nuno Neves refere que os indicadores dizem o contrário: “Apesar do que se possa pensar, não existiu qualquer quebra de qualidade na capacidade de resposta dada aos clientes. Registámos sim uma maior motivação dos colaboradores. As pessoas organizam melhor o seu tempo para que tudo fique funcional, adotaram mecanismos de trabalho mais eficientes e a própria comunicação entre as várias equipas foi melhorada e essencial neste processo.”
A estratégia foi pensada no final de 2021 e inspirada nas políticas de recursos humanos dos clientes de TI internacionais.
O CEO da Precise admite que existiram alguns desafios iniciais, mas que todos eles foram rapidamente ultrapassados por todos: “Como trabalhamos com a área da Saúde, temos de assegurar uma resposta imediata sempre que um hospital ou qualquer outra entidade necessita de recursos, portanto foi necessário ajustar as equipas. Uma das principais estratégias adotadas tem vindo a ser a aposta na comunicação, bem como a divisão da equipa em parelhas, para que esta situação fique salvaguardada. Mas tudo foi feito de uma forma rápida e natural. Especialmente na área de saúde, a gestão de risco é fundamental.”
Nuno Neves defende ainda que esta parte do dia extra ajudou na questão da saúde mental e bem-estar dos colaboradores. “A área de saúde consegue ser muito desgastante, porque existe uma sensação de caos diário que pode levar ao burnout. A tarde de sexta-feira livre permitiu um alívio do stress vivido nos outros dias.”
Esta estratégia, reforça o CEO da Precise, tornou-se “num grande benefício em termos de contratação interna, onde os colaboradores se tornam nos próprios referenciadores da empresa”.