Apesar da desaceleração da atividade económica nacional, em 2022 o mercado imobiliário do Porto registou volumes de procura positivos, com o primeiro trimestre de 2023 a evidenciar resiliência em diversos setores, de acordo com a última edição do “Porto Market Update”, publicado pela Cushman & Wakefield.
Andreia Almeida, Associate e diretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield, refere que “durante o período temporal analisado foram atingidos alguns máximos históricos, demonstrando a maior atratividade da região, inclusive entre empresas internacionais. Este maior dinamismo continua a ser parcialmente condicionado pela escassez de oferta de produto de qualidade adequado aos atuais critérios da procura, a qual deverá ser gradualmente colmatada, à medida que novos projetos entram no mercado.”
Procura de espaços de escritórios de qualidade
Após uma quebra em 2020, devido à pandemia, a procura no Grande Porto tem recuperado gradualmente, tendo em 2022 sido transacionados 58.500 m², um aumento de 3% face ao ano anterior, dá conta a Cushman & Wakefield. O primeiro trimestre de 2023 evidencia um acelerar desta tendência, com um crescimento homólogo de 22%.
Baseado no portfólio desta consultora, entre os maiores negócios desde o ano passado contam-se diversos pré-arrendamentos, nomeadamente no Porto Business Plaza – pela SaltPay (4.740 m²) e pela Natixis (3.200 m²) – e a ocupação pelo coworking Spaces (grupo IWG) no Joana D’Arc (4.500 m²).
A procura de espaços de qualidade continua a suportar o aumento da oferta projetada para os próximos três anos, atualmente nos 131.200 m², aponta a Cushman & Wakefield.
Apesar das rendas prime no CBD Boavista (Zona 1) se manterem estáveis nos €18/m²/mês desde 2018, na maioria das restantes zonas verificou-se um incremento, incluindo entre as rendas médias, face à escassez de oferta de qualidade e maior procura latente.
Retalho sobretudo na Baixa
Ao nível do retalho, a Baixa portuense concentrou 23% da nova oferta nos últimos 15 meses, zona que tem registado algumas obras de reabilitação relevantes, como o renovado Mercado do Bolhão e o projeto Bonjardim. Por seu lado, o setor de restauração continuou a dominar, representando cerca de metade do número de transações.
Em 2022, as rendas prime no comércio de rua registaram um aumento dos valores praticados na Baixa, por influência de um aumento da procura e escassez de oferta, salienta estes analistas.
Nas restantes zonas, assim como no formato de centros comerciais, os valores mantiveram-se estáveis, tendência que se manteve de forma transversal durante o primeiro trimestre de 2023.
Residencial: preço médio pedido sobe
Segundo os dados do SIR / Confidencial Imobiliário, ao longo dos últimos 12 meses, verificou-se um abrandamento dos valores de venda de apartamentos no concelho do Porto, para o qual terá contribuído o aumento da inflação e das taxas de juro, e consequente agravamento do poder de compra das famílias. Em termos homólogos, os indicadores de oferta registaram por um lado um ligeiro incremento de 3% no preço médio pedido, e por outro uma quebra na mesma ordem no volume de imóveis para venda. Relativamente à procura, o número de fogos vendidos refletiu uma quebra acentuada de 18%, com os valores transacionais a estabilizarem nos €2.870/m².
No mercado de arrendamento, a escassez de oferta disponível no mercado acentuou-se no último ano, com uma quebra do número de fogos em oferta de 36%, e consequente aumento dos valores médios pedidos para os €14/m²/mês. Neste contexto, o número de apartamentos arrendados nos últimos 12 meses reduziu igualmente (-20%), com a renda média contratada no concelho do Porto a aumentar na mesma ordem de valores, para os €13,3/m².