Aga Khan IV, o líder espiritual dos ismaelitas nizaris, levou os seus milhões para Portugal, onde agora vive sem pagar impostos, apesar de o seu império gastar mais de 500 milhões de dólares por ano. A Fundação Aga Khan Portugal, a 24.ª maior daquele país, é só um dos activos do seu presidente vitalício, que por acção de Isabel II, Rainha inglesa, se tornou ele mesmo num quase monarca. E não é por menos, porque o imã sempre foi próximo da realeza europeia e é apresentado nas cerimónias oficiais como “Sua Alteza”, um título que lhe foi atribuído após se tornar líder dos ismaelitas aos 20 anos.
Em 1957, Karim Al-Hussaini sucedeu ao seu avô, Aga Khan III, tornando-se no 49.º imã da comunidade ismaelita nizari, que, estima-se, abrange 15 milhões de fiéis, incluindo cerca de 7 mil residentes em Portugal, país a que este milionário de 82 anos de idade se aproximou progressivamente e que é o terceiro local europeu com mais crentes, a seguir à Grã-Bretanha e a França. Os ismaelitas nizaris acreditam que Aga Khan IV é um descendente directo do profeta Maomé. Aga Khan IV é um multimilionário e um filantropo. No final de 2017, a fundação portuguesa tinha um património de 37,2 milhões de dólares. “Os aumentos dos fundos próprios [da Fundação Aga Khan Portugal] representam o compromisso da instituição em Portugal e o reforço e a consolidação do investimento nos programas de desenvolvimento”, explica Karim Merali, director-executivo da fundação.
A comunidade ismaelita é “considerada como ocidentalizada, rica, constituída por engenheiros, médicos, economistas e gestores, comerciantes e financeiros, actores com histórias de sucesso”, resumem Nicole Khouri e Joana Pereira Leite, num documento de trabalho mencionado neste artigo sobre Aga Khan, publicado na edição de Maio já à venda.