O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, inicia hoje uma visita a Cabo Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação dos presos do Campo de Concentração do Tarrafal, símbolo da violência da ditadura colonial portuguesa.
O programa, divulgado pela Presidência cabo-verdiana, arranca às 17:00 (19:00 em Lisboa) com uma visita à Feira do Livro, na capital, Praia, na qual Marcelo Rebelo de Sousa será recebido pelo seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves.
Logo a seguir, os dois chefes de Estado visitam a exposição “50 Anos de Abril – Antes e Depois”, no Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde.
Marcelo Rebelo de Sousa termina o dia com uma receção à comunidade portuguesa.
O dia 01 de maio será passado por inteiro no antigo campo de concentração do Tarrafal, hoje Museu da Resistência, palco central das comemorações, em que participam ainda o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e um representante do Presidente de Angola, completando assim o leque de quatro países de origem dos presos políticos.
1 de maio de 2024 completa 50 anos da libertação dos últimos presos do Campo de Concentração de Tarrafal, na ilha de Santiago.
O programa inclui o descerramento de uma placa comemorativa, uma sessão especial com os chefes de Estado e uma conferência sobre o campo do Tarrafal pelo historiador Victor Barros.
À tarde, os presidentes realizam uma visita guiada ao campo e as comemorações do dia terminam com um concerto com Mário Lúcio (Cabo Verde), Teresa Salgueiro (Portugal), Paulo Flores (Angola) e Karyna Gomes (Guiné Bissau), com entrada livre.
O Campo de Concentração do Tarrafal foi estabelecido em 1936, visando aniquilar física e psicologicamente os opositores da ditadura Salazarista. Ficou conhecido como o “Campo da Morte Lenta”.
Um total de 36 pessoas foram mortas pela ditadura colonial portuguesa no campo de concentração do Tarrafal.
Tarrafal era conhecido por “Campo de Morte Lenta”.
Numa primeira fase – 1936 a 1954 – com o nome de Colónia Penal de Cabo Verde, o campo de concentração recebeu mais de 300 presos portugueses.
Das 36 vítimas mortais no Tarrafal, 32 perderam a vida nesta primeira fase do campo, entre 1936 e 1956. Eram portugueses que contestavam o regime fascista.
Numa segunda fase – 1962 a 1974 – já com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, o campo de concentração recebeu militantes das lutas de libertação das então colónias portuguesas – Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Nesta segunda fase morreram no Tarrafal quatro pessoas: dois angolanos e dois guineenses.
Entre os dois períodos, foram presos neste espaço mais de 600 pessoas: 340 portugueses, 206 angolanos, 100 guineenses e 20 cabo-verdianos.
O Governo de Cabo Verde assumiu que pretende candidatar o Campo de Concentração de Tarrafal a Património Mundial à UNESCO.
“Assumimos o compromisso, enquanto executivo, de fazer junto da UNESCO todas as diligências para que seja entregue, no ano 2025, o dossiê oficial [de candidatura]. Para isso, contamos com a cooperação e forte envolvimento da Câmara Municipal do Tarrafal, da forte parceria de Portugal, Angola e Guiné-Bissau e todos os atores que estiveram envolvidos nesta travessia histórica para tirarmos o peso negativo do Campo Concentração”, afirma o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente.
O programa do Presidente português para quinta-feira, dia 2 de maio, em Cabo Verde, está ainda em finalização, de acordo com a agência Lusa.
com Lusa